“O anticristo será um convicto espiritualista, um admirador
filantrópico, um pacifista aplicado e primoroso, um vegetariano
observador, um defensor dos animais determinado e ativo”.
Esse é o trecho de uma notícia que foi veiculada na mídia já há algum
tempo e que foi dita pelo cardeal Giacomo Biffi ao papa Bento 16. É
impossível não relembrar um trecho da obra de mesmo nome de Friederich
Nietzsche, quando ele propõe que, tal como mudamos Deus, nós mudamos as
palavras do Cristo e passamos a matar em seu nome e com seu
consentimento.
Anticristo, como o próprio nome diz, é aquele que é contra o Cristo,
que faz tudo contra o que Cristo pregou e ensinou. Cristo pregou o amor,
a benevolência, o perdão. Hoje em dia não nos damos conta de quantas
coisas contra Ele nós fazemos. Um exemplo simples e que quase ninguém se
dá conta é o Natal, a festa do nascimento do Cristo.
Não vamos nos ater muito ao fato do Nazareno ter nascido num local
destinado a animais e nos presépios sempre se apresentarem deitados ao
seu lado um burrinho e uma vaquinha, não vamos lembrar que entrou em
Jerusalém sentado sobre o lombo de outro dócil jumentinho, mas vamos
mergulhar em nossos atos “anticrísticos”.
O Natal é a maior prova de que vamos contra tudo aquilo que o homem
de Nazaré ensinou. Mais de 80 milhões de animais são mortos para que se
comemore o nascimento de um homem que era apenas amor e que nasceu
rodeado de animais, o mesmo homem que teve coragem de dizer que Deus
proibia o “sacrifício” de animais no Templo. O Templo, como sabemos,
tinha um grandioso lucro com a venda de animais para sacrifício, vendiam
cada animal a um preço diferente conforme seu tamanho, usavam o couro, o
sangue as tripas e esse Homem se interpôs contra tudo isso afirmando
que Deus não exigia nenhum tipo de sacrifício. Dizer tal coisa hoje
implica em ouvirmos que tal ato prejudicaria economicamente milhares de
famílias que sobrevivem da exploração animal, prova de que não nos
importamos mesmo com os animais; Jesus ao contrário não se importou com
isso ao proibir o abate de animais no Templo, mesmo sabendo que disso
dependiam, igualmente como hoje, centenas de famílias; haviam aqueles
que criavam os animais para o abate, vendiam e sustentavam suas
famílias, haviam aqueles que construíam as mesas de sacrifício, os que
vendiam a pele e o sangue, os que vendiam as rações para alimentar os
animais, os que limpavam o templo, nada mudou, a não ser a visão que
colocamos de que a morte de animais é necessária hoje e não o era
naquela época. Jesus sabia de tudo isso, mesmo assim não se importou em
proibir os sacrifícios, as famílias que viviam da morte desses seres
inocentes com certeza buscariam recursos melhores para sobreviver.
E matamos milhares de animais hoje para comemorar o dia do nascimento desse mesmo Homem.
Vamos propor uma reflexão e um desafio ao amigo leitor:
O amigo consegue colocar uma faca na mão de Jesus e vê-lo matando um
animal ? Aquela imagem de docilidade que conhecemos combina com mãos
manchadas de sangue, com a frieza do assassinato, com a dureza de um
coração ao olhar nos olhos de um animal e mesmo assim arrancar-lhe a
vida por achar isso uma coisa natural ou porque nos disseram, há muitos
anos atrás, que a carne nutre a carne ? O amigo consegue fazer essa
ligação entre dor e morte dos animais com o que o Cristo pregou e com o
modo como viveu?
É só isso que queremos pedir, uma reflexão sobre quem é o Cristo e
quem é o anticristo. Talvez esse anticristo já esteja entre nós há
tantos séculos que já nos acostumamos a chamá-lo apenas de “cristo”, e
talvez, sem compreendermos bem, um novo Anticristo esteja surgindo, mas
para nos livrar desse “cristo” de morte e de dor o qual desejamos, e que
irá finalmente nos trazer um Cristo de amor e de paz, aquele que
deveria ter permanecido entre nós desde o princípio. Porque o verdadeiro
Cristo foi tudo isso:
“(…) um convicto espiritualista, um admirador filantrópico, um
pacifista aplicado e primoroso, um vegetariano observador (segundo
muitos escritos ele conviveu com os essênios), um defensor dos animais
determinado e ativo”, e que precisa regressar para resgatar do “cristo”
criado pelos homens, todas as indicações de amor que Ele, o verdadeiro
Cristo nos legou.
Simone Nardi
Fonte original do artigo : ANDA
Simone Nardi – criadora deste blog e do antigo Consciência Humana, colunista do site Espírita da Feal (Fundação Espírita
André Luiz) ; é fundadora do Grupo de Discussão Espírita Clara Luz
que
discute a alma dos animais e o respeito a eles.Graduada em Filosofia e
Pós-graduada em Filosofia Contemporânea e História pela UMESP.
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