quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Fome

Imagem: Mãe e filho -fome


"Quando o homem aprender a respeitar até o menor ser da criação, seja animal ou vegetal, ninguém precisará ensiná-lo a amar seu semelhante." - Albert Schwweitzer
 


Hoje em dia, uma das maiores responsáveis pelas mortes no Planeta se chama: FOME.

Fome no dicionário significa: em lat. fame. grande apetite; urgência de alimento, subalimentação, falta do necessário, penúria, miséria, situação de míngua ou escassez de víveres.

Estamos no século 21 e a fome ainda avança soberana, sem que os seres humanos se preocupem efetivamente em detê-la. Quando surgiu a discussão sobre os alimentos transgênicos, o lado interessado dizia que essa nova forma de alimento seria a responsável por erradicar a fome no mundo (alguns hoje ainda dizem isso, mas vendem o excesso de alimento a quem pagar mais).

Em um debate, há muitos anos atrás logo no início do tema, na Rede Cultura, um senhor que defendia os transgênicos como meio de exterminar a fome no Mundo foi questionado se, ao ter em suas colheitas um excesso de alimentos se ele os daria de boa vontade aos pobres. O senhor calou-se num sorriso tímido e o que vemos hoje é a expansão dos produtos transgênicos como soja (que em sua grande maioria serve para alimentação animal) e milho (que nos Estados Unidos é usado para obtenção de combustível), e ao lado da expansão astronômica dos transgênicos vemos também a expansão astronômica da fome.

Ou seja, não são os transgênicos que irão erradicar a fome do planeta, são os homens de boa vontade, e esses são bem poucos.

Sabemos que muitas são as origens da fome mundial, muitas delas naturais como o clima: seca, inundações, pragas de insetos, doenças das plantas, etc

Enquanto também sabemos que muitas são de atos exclusivamente humanos: o alto preço dos alimentos, as guerras, a instabilidade econômica e política de alguns países, etc. Cronicamente, o que mais causa a fome hoje em dia é: a pobreza e o crescimento desordenado das populações.

Só a fome mata anualmente mais de 20 milhões de pessoas, em sua maioria crianças.(Fontes da FAO)

Mas, como será realmente sentir fome? Como será que é ter aquela sensação de vazio no estômago quando estamos saciados pelo nosso bifinho diário, também um dos responsáveis pelas mudanças climáticas e pela fome do mundo, já que a maioria da soja cultivada lhe serve de alimentação.

Embora a sensação de "fome" seja um alerta importante para que possamos sobreviver, a glicose diminui no sangue, existem pessoas que só por esse fato já se sentem mal com tonturas e dores de cabeça terríveis. O estômago se contrai como a dizer; "Hei estou vazio".

Mas e quando não há alimento para preencher aquele "vazio" ao qual o estômago se refere? A energia do organismo começa a se esgotar trazendo graves conseqüências ao corpo: desnutrição, perda de peso, morte.

Imaginemo-nos sem o alimento diário e sem recursos para obtermos a nossa porção diária?

Difícil não?

E ainda recordo as palavras de um espírita que dizia:

"Melhor o médium comer seu bife, do que se atormentar sem ele"

E Gandhi mais sábio dizia:

"Detesto exceções e privilégios.O que não pode ser de todos, não o quero para mim."

Sabemos hoje que um dos meios de combater as mudanças climáticas (uma das origens da fome), é a diminuição da ingestão de carne. Não nos importamos e preferimos comer nosso bifinho, como se o assunto da fome e da degradação ambiental realmente não estivesse contido ali. Já riscando a parte na qual podemos crer ou não que os animais são nossos irmãos e que sentem dor - nosso orgulho ainda não nos permite olharmos os animais de um modo mais misericordioso. Então vamos nos concentrar nos 800 milhões de pessoas que passam fome, inclusive crianças, e vamos frisar bem: "crianças".

Mas nós temos o bife, nós somos todos os dias um dos motivos pelas quais elas passam fome, nós contribuímos com isso toda vez que vamos ao açougue, não sou eu quem afirma isso, essas são as recomendações da FAO e do Banco Mundial. O que faremos agora? Vamos ouvir o espírita que diz que é melhor o bife do que o tormento ou será que seremos tão altruístas como Gandhi e dizer que se eles não tem o mínimo, podemos viver sem o máximo?

Não importa mais se nas obras de Kardec está escrito algo que proíba ou não a alimentação de origem animal. Ele, KARDEC nos indicou o caminho, nos incentivou a pensarmos e caminharmos com a razão e a ciência; não podemos mais nos ater numa única questão quando estamos vendo o Mundo desabar sobre nós, quando nos mostram as soluções para um mundo melhor, mais humanitário. Não! É hora de nos levantarmos de nossa posição confortável e fazermos ao menos o mínimo, já que o máximo ainda estamos longe de alcançar.

Talvez não tenhamos poder para saciar tantas bocas, talvez não possamos evitar a maioria das mortes, mas podemos pensar como Gandhi. Se não nos importamos com os animais, ao menos que nos importemos com as crianças. Se elas sobrevivem à fome, sem a soja e o milho que são dirigidos a ração animal e não a elas, talvez eu possa, como uma gota no oceano ou como o beija-flor que tenta apagar o incêndio na floresta, estar fazendo a minha parte, pequena, mas sei que não estarei inerte diante de tanta dor.


Simone Nardi

Fonte: Feal 

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2 comentários:

  1. Esse tormento por um pedaço de carne seria uma doença como a compulsão pelo consumo de álcool ou cigarro??? Não vejo como uma pessoa pode "morrer" por não comer uma coisa específica, seja o que for. Neste caso, fico com Ghandi.

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  2. Olá Yara. Eu acredito que seja sim uma compulsão, há muitos particulares entre os vícios do cigarro/álcool e a alimentação a base de animais. Em todos os casos o viciado se nega a aceitar que é um vicio e que tal vicio pode vir a lhe causar algum mal.Conheci muitas pessoas que alegaram que , ao ficar sem comer carne enfraqueceram, empalideceram e tiveram dores pelo corpo, sintomas típicos de viciados em álcool e fumo. Toadas as pessoas que comem carne, voc~e poderá notar, negam violentamente a senciência animal.
    estou contigo, nesse caso, Gandhi é a solução.

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