sexta-feira, 28 de março de 2014

Atitudes em favor dos Animais – Filosofia Vegana


Patinhos

A falta ou deturpação de informação sobre certos assuntos causa a formação de “estereótipos” que muitas vezes não condizem com a realidade. Vemos isso ocorrendo em varias situações, onde pessoas são restritas a grupos, mesmo quando essas pessoas levam uma vida tão normal quanto qualquer um. Muitas vezes essas pessoas são vistas como diferentes, esquisitas, ou estranhas só por que optam em seguir suas convicções.
O caso dos veganos se enquadra nesse estereotipo. O vegano é uma pessoa normal, que procura conhecer a “verdade” sobre como as coisas são produzidas e toma atitudes coerentes com sua escolha moral.

A diferença do vegano é que ele sai da comodidade da ignorância, diferente do consumidor comum, ele procura se informar de como as “mercadorias” são produzidas para tomar atitudes condizentes com o que é ético. Se uma pessoa sabe como os animais sofrem para virar alimento ou para que se produza “cosméticos” e mesmo assim os continua utilizando, sem se esconder na praticidade da ignorância, essa pessoa, assim como o vegano, de posse do conhecimento verdadeiro, faz a escolha que está de acordo com seus princípios éticos e morais ou com a falta deles. Leia o depoimento de um médico do Vietnã à reportagem do Jornal Folha de São Paulo:
“Eu sei que soa esquisito que eu coma aqui, já que eu tenho cachorros e nem me passaria pela cabeça comê-los”, diz Duc Cuong, um médico de 29 anos, enquanto dá uma mordida num bocado de vísceras caninas que acaba de enrolar numa folha de manjericão. “Carne de cachorro é gostosa e faz bem.”…,…Curiosa sobre como essa filosofia seria vista no Vietnã, pergunto a Duc Cuong, o médico que encontrei no restaurante de Hanói, se faria diferença para ele saber que, no prato dele, podia estar o cãozinho de estimação de alguém. “Não”, diz ele. “Não sendo meu cachorro, não estou nem aí.”- Reportagem da Folha de SP- 13 de outubro de 2013.
Percebemos que ele sabe muito bem o que está fazendo, tem conhecimento de onde vem a carne que quer consumir e mesmo convivendo com animais, da espécie que morreu para que seus petiscos fossem feito, assume a sua atitude incoerente e amoral em publico.  Nesse caso vemos o conhecimento, desatrelado à moral.

No caso dos veganos temos que considerar duas características principais, a primeira o inconformismo em relação à ignorância e segundo o uso da moral e ética para guiar suas ações em acordo com esse conhecimento.

Boi antes do abate
Assim o Veganismo se torna uma filosofia de vida, motivada por convicções éticas e morais, com base nos direitos animais, que procura evitar exploração ou abuso dos mesmos, através do boicote a atividades e produtos considerados especicistas.

Na prática o Veganismo busca o fim do uso de animais pelo homem para alimentação, apropriação, trabalho, caça, vivissecção, confinamento e todos os outros usos que envolvam exploração da vida animal pelo homem.  Veganos boicotam qualquer produto de origem animal (alimentar ou não), além de produtos que tenham sido testados em animais ou que incluam qualquer forma possível de exploração animal nos seus ingredientes ou processos de manufatura. Ou seja, não utilizam produtos de beleza, de higiene pessoal, de limpeza, remédios, etc. que não estejam isentos de crueldade animal.

Veganismo não é apenas uma dieta. É um conjunto de práticas focadas nos Direitos Animais que, por consequência, adota uma alimentação estritamente vegetariana. Entende-se que os animais têm o direito de não serem usados como propriedade, e que o veganismo é a base ética para levar a sério esse direito, pelo mínimo de respeito a eles.

Roupas em peles, couro, lã, seda, camurça ou outros materiais de origem animal.
Exemplo: adornos de pérolas, plumas, penas, ossos, pelos, marfim, etc) são evitados, pois implicam em morte ou exploração dos animais que lhes deram origem. Sendo assim, um vegano se veste de tecidos de origem vegetal como algodão e linho, ou sintéticos como o poliéster, mantendo o cuidado de não exagerar com consumismos que também, mesmo que indiretamente, geram degradação do ambiente onde vivem os animais.

Veganos excluem da sua dieta carnes e embutidos, vísceras, músculos, gelatina, peles, cartilagens, laticínios, ovos, mel e derivados, frutos do mar  e quaisquer alimentos de origem animal.

Consomem basicamente cereais, frutas, legumes, vegetais, hortaliças, algas,  cogumelos e qualquer produto, industrializado ou não, desde que não contenha nenhum ingrediente de origem animal.

De acordo com o Guia de Nutrição para Americanos de 2010, um relatório emitido pelo Departamento de Agricultura Americano e o Departamento de Saúde e Serviços Humanos Americano, uma dieta vegetariana é associada com baixos níveis de obesidade e risco reduzido de doenças cardiovasculares. A Associação Dietética Americana (The American Dietetic Association) e os Nutricionistas do Canadá (Dietitians of Canada) confirmaram em 2003 que uma dieta vegana planejada, é nutricionalmente adequada para todos os estágios de vida, incluindo gravidez e amamentação, e provê benefícios de saúde no tratamento e prevenção de certas doenças.

Filhote de primata, cobaia
Os Veganos ainda evitam o uso de medicamentos, cosméticos e produtos de higiene e limpeza que tenham sido testados em animais. Em relação aos medicamentos testados em animais eles optam quando possível pela fitoterapia, homeopatia ou qualquer tratamento alternativo. O vegano defende o surgimento de alternativas para experiências laboratoriais, como testes in vitro, cultura de tecidos e modelos computacionais.

Também são boicotados circos com animais, rodeios, vaquejadas, touradas e jardins zoológicos, pois implicam em escravidão, posse, deslocamento do animal de seu habitat natural, privação de seus costumes e comunidades, adestramento forçoso e sofrimento. Não caçam, não promovem nenhum tipo de pesca, e boicotam qualquer “desporto” que envolva animais não-humanos.

O número de adeptos tem crescido de forma gradual, com o auxílio de documentários que denunciam o especicismo e ensinam direitos animais. Ou seja quanto mais pessoas tem descoberto como os animais são explorados pelos humanos, mais pessoas tem se negado a participar desse desrespeito.

Você que nos lê está convidado a conhecer mais sobre essa filosofia de vida, e sobre a exploração dos animais. E mais que isso, você pode participar ativamente sem precisar modificar drasticamente sua maneira de viver.

Você não precisa se tornar um radical, basta você tomar atitudes veganas em seu dia a dia, se você tem dificuldade em mudar sua alimentação, boicote as empresas que fazem testes em animais, procure cosméticos, produtos de limpeza, roupas e acessórios que não são resultados da exploração desses seres.

O maior poder que você tem é o seu “dinheiro de consumidor” que sustenta as empresas e governos, através de suas compras e pagamentos de impostos. Você através de sua escolha de onde empregar esse poder monetário, obriga as indústrias a modificarem sua estrutura, buscando opções a exploração dos animais.

Essas ações que parecem pequenas tem o poder de modificar o mundo e salvar a vida de muitos animais!



Ricardo Capuano, autor e colaborador do Blog
Médico Veterinário formado pela USP, Voluntário na “Casa da Criança Bentinho, Lar Espírita para Crianças Excepcionais”. 






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