sábado, 8 de março de 2014

A Carne Precisa da Carne?

Imagem: Bezerro


Espiritismo


Essa deve ser a principal dúvida da grande maioria dos espíritas diante desse novo momento da humanidade, onde se fala tanto em vegetarianismo, onde se luta pelos Direitos Animais, onde o esforço pelo reconhecimento deles já se faz tão presente.

Alguns defendem que o ser humano é carnívoro e que deixar de comer carne é violentar a natureza humana. Mas, com certeza, não pela natureza Divina, pois se Deus criou a todos e se Deus é bondade e se somos nós luzes de sua imensa Luz, como poderemos praticar qualquer ato que contrarie Sua Natureza ?

Algumas pessoas alegam que não conseguem deixar de se alimentar da carne mesmo reconhecendo que os animais sofrem e, literalmente, empurram essa mudança para as próximas gerações como se não fôssemos fazer parte dela um dia.

Ninguém quer fazer com que as pessoas violentem[1] seus corpos, mas mostrar que a carne não necessita da carne para que o corpo sobreviva.O problema é que, ao dizer “eu ainda necessito da carne” ou “eu não consigo deixar de comer carne”, nosso campo mental já prepara o caminho para que o corpo produza hormônios baseados na ideia dessa “necessidade”, o que acaba por dominar aqueles que assim pensam, fazendo com que não consigam mesmo se abster da carne. Tudo isso não é pela necessidade do corpo, mas apenas pela necessidade mental, pelo pensamento errôneo e pelo medo da mudança alimentar.

Imagem: Coma mais vegetais
Não se trata aqui de fazer uma censura aqueles que fazem uso da alimentação carnívora, mas sim de tentar mostrar que é possível, modificando nosso campo mental, fazer a alteração em nosso modo alimentar sem sofrer grandes transtornos. O primeiro passo é aceitarmos que os animais sofrem para que nos alimentemos deles e que essa alimentação é deletéria para nosso organismo. O segundo passo é tomarmos uma atitude a respeito do que descobrimos sobre esse tipo de alimentação, e que contraria a ideia que tínhamos de que fazia bem e de que era necessária. Mudando nossa mentalidade, fica bem mais fácil começarmos a abandonar o hábito de ingerir carne, hábito esse tão difícil de ser modificado quanto o hábito do álcool, do cigarro, da fofoca, entre tantos outros, mas hábitos que exigem mudanças e pelos quais nos esforçamos na luta por nossa reforma íntima.

Como se livrar da alimentação carnívora se nossos espíritos e nossos corpos já estão condicionados a esse tipo de alimentação? A resposta é simples e envolve até mesmo as pessoas que acreditam que não poderão jamais deixar de ingerir carne: Submetendo-se a novos condicionamentos, sem agressão ou sofrimento, mas a questão é: Será que as pessoas não conseguem ou será que não querem? A maioria diz que não consegue exatamente por não querer mudar, por não ter qualquer preocupação com os animais, embora digam que eles são nossos irmãos. Quem deixou de se alimentar de carne não é melhor em termos de vontade e auto-domínio do que aqueles que ainda comem animais, ele simplesmente escolheu controlar sua mente e seu organismo de forma a recondicioná-lo. A vontade tem que estar dentro do coração. Muitos conseguem abandonar o vício do cigarro, da bebida, com a carne não é diferente, basta querer.

Primeiro abster-se da carne de porco, então da carne vermelha, das aves, dos peixes, cada um leva o tempo necessário para se recondicionar, hoje encontramos milhares de sites e revistas que falam sobre vegetarianismo, passam receitas e meios de conseguir vencer esse automatismo biológico no qual nos escondemos. Qual o receio então?

Imagem:Transporte de suínos
Porque, por mais incrível que pareça, muitos consideram esses nossos irmãos, apenas como animais, apenas como objetos a serem utilizados pelos seres humanos. É essa mentalidade que precisa ser alterada, é preciso que passemos a vê-los realmente como irmãos, seres dignos de nossa piedade e de nossa caridade e acima de tudo respeito, é preciso que nossa reforma íntima se estenda até eles, porque ser bom não é fazer apenas o que é bom “para mim”, mas é fazer o que é bom também ao nosso irmão. 

Os animais são ou não nossos irmãos? 



Nota:


[1] Muitos compreendem por violência o ato de” parar de comer carne”, no entanto, ingerir carne é um ato imensamente mais violento do que recondicionar-se, a fim de excluir a carne da alimentação. 






Simone Nardi 


 

Para ler mais:


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