sexta-feira, 23 de maio de 2014

Eu e a dor do Outro

Mãe e filhote de orangotango , foram espancados e amarrados, pois devido a invasão humana de seu habita, passam fome e entram nas plantações para obter comida.O ser (h)umano invasor os espanca para evitar o "prejuízo" nas plantações


A tecnologia nos proporciona coisas inimagináveis: o contato com pessoas distantes, a rapidez dessa comunicação, as notícias que nos chegam em tempo real, ou seja, a tecnologia deveria aproximar as pessoas, mas, será que é isso mesmo que ela tem feito?

Nós temos mais acesso as notícias, as imagens ,aos fatos do dia a dia, mas nós também temos acesso a um lado (h)umano que não conhecíamos e que deveria ser muito estudado.

A visão dele (h-umano) diante da dor do outro.

Nós nos abstraímos tanto da dor alheia que não conseguimos mais senti-la como algo a ser evitado, mas apenas como algo a ser visto,aceito e talvez se possível filmado, e que pode ou não, causar algum sentimento em algumas pessoas.

Nos revoltamos com cenas de espancamentos, com cenas de assalto. Nos recusamos a ver cenas de abatedouros ou de criações de animais em confinamento. Mas não fazemos absolutamente nada para mudar as coisas.

A dor do outro permanece em nós como sendo apenas " a dor do outro".

Enquanto o outro sofre nós filmamos para depois postarmos nas redes sociais para que "alguém" faça alguma coisa, para que alguém mais, além do meu Eu, saiba que tal fato existiu.

Cão abandonado
A dor do outro nos parece algo inevitável, a qual algumas vezes pode nos revoltar mas que, em pouco tempo, cai no esquecimento até que mais um sofrimento nos seja mostrado, e assim por diante, causando em nós uma inssenssibilizaçao atordoante que  nos inibe de qualquer ato para evitar que o Outro permaneça em sofrimento.

Para Levinas, filósofo, qualquer um de nós tem inteira responsabilidade pelo outro, sobretudo pelo seu sofrimento, pela sua dor . Para este autor, somente o fato do Outro me olhar, já me torna responsável por ele.O Outro para Levinas, é todo aquele que sofre e necessita de meu auxílio, em sua concepção, todos somos culpados por essa dor.

" [...] a culpabilidade não é um sentimento neurótico, mas a obsessão do sujeito que escuta com solicitude o apelo do outro." (Timm, et.Ética e dialogos)

Ouvir o "grito silencioso" da dor do outro é uma emergência ética.Se posicionar diante desse fato é abrir caminho para tornar-se realmente humano.

A manifestação do outro diante de mim é capaz de trazer com ela o sentido da dor que se exprime naquele ser a quem , eticamente, não posso me furtar em auxiliar. Ao vê-lo, ao tomar seu lugar (alteridade), ao auxiliá-lo, redimo em mim a humanidade esquecida, quase perdida . Abdico de meu solipcismo, de meu antropocentrismo em direção ao outro. Ao vê-lo, finalmente vejo a mim, não importa se ele é humano ou animal, vejo apenas aquele que sofre e que merece a minha humanidade.

Elefante acorrentado
Só assim me posiciono diante do mundo ao qual pertenço, só assim enxergo que também sou o Outro de algum outro Eu.




Simone Nardi







Fonte:

Éticas em Diálogo;Levinas e o pensamento contemporâneo; Ricardo Timm






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