Tecnicamente falando, empatia é a capacidade
de se colocar no lugar do outro e, em imaginando o que ele está sentindo em
determinada situação, emocionar-se com tais sentimentos, de forma negativa ou
positiva, graças a essa projeção de consciência.
Podemos nos ver refletidos no
bonitão da TV que pega um monte de gatinhas com um estalar de dedos, ou no
intelectual talentoso, que comove multidões com a profundidade de suas obras.
Podemos ainda, à guisa de exemplo, imaginarmo-nos na pele do bombeiro destemido
que, com suas ações heroicas, salva vidas diariamente. Ou mesmo nos projetarmos
naquele atacante habilidoso – embora eles estejam cada vez mais raros -, cujos
dribles, gols e jogadas incríveis levam ao delírio os torcedores. No entanto,
tais exercícios de imaginação não constituem, essencialmente, processos
empáticos, na exata conotação do termo, não obstante os primeiros possam ser
entendidos, de certa sorte, como fenômenos psicológicos semelhantes aos
segundos, haja vista terem em comum a exigibilidade da faculdade imaginativa
para se processarem.
Quando sonhamos ser o galã da TV ou o craque
famoso, descansando folgadamente na paradisíaca Ilha de Caras, cercados de
mimos e mordomias por todos os lados, estamos, obviamente, fazendo um exercício
de imaginação que pode satisfazer ou frustrar nosso ego de maneira momentânea mais
ou menos demorada, dependendo do ângulo pelo qual o processo seja interpretado
por nossa psique. (Que atire a primeira pedra quem nunca sonhou ser o Brad Pitt
ou o Bono, do U2.) Contudo, tais projeções, tanto num quanto noutro caso,
representam a exteriorização pura e simples de nosso egoísmo, tendo em vista
que, por meio delas, transportamo-nos para o lugar do outro apenas visando à
satisfação de desejos particulares, que não implicam necessariamente o bem
coletivo ou de outro indivíduo, além de nós mesmos. Daí sua diferenciação da
empatia.
A empatia é o componente psíquico de nossa
personalidade que abala nossa zona de conforto e nos faz sentirmos a dor do
próximo, imaginando-a em nós mesmos. A princípio, pode não parecer, mas a
maioria esmagadora dos seres humanos a possui, latente, dentro de si. Exceção
feita aos psicopatas, que são incapazes de sentir emoções desse tipo, apesar de
conseguirem enxergá-las nos outros e simulá-las maquiavelicamente em seu dia a
dia, segundo seus interesses mesquinhos, no teatro existencial.
Tais propriedades singulares metamorfoseiam
a empatia num elemento de suma importância para a higidez dos relacionamentos
humanos, por constituir ela o móvel primário das ações mais nobilitantes
realizadas pelos indivíduos dentro do organismo social. A solidariedade, a
caridade e o amor ao próximo se tornariam mera letra morta no livro da vida não
fosse esse dom sublime das criaturas de se enxergarem umas nas outras,
absorvendo a aflição alheia como se fosse a sua.
AMPLIAÇÃO DE HORIZONTES
Animal aprisionado |
Via de consequência, faz-se imperativo que
deixemos de enxergá-los como meros objetos, sujeitos a nosso bel-prazer,
inclusive aos caprichos de nossa gula, e passemos a vê-los como nossos irmãos
menores, necessitados de proteção e amparo. Precisamos ampliar nossa capacidade
empática, a fim de que ela passe a englobar, mais do que o universo restrito
dos homens, os infinitos reinos da natureza, em suas expressões multifárias. Faz-se
necessário que passemos a vislumbrar em cada criatura que nos cerca um
indivíduo detentor dos mesmos direitos à vida, ao respeito e à dignidade que
nós. Somente quando isso acontecer estaremos realmente exercitando, em sua
plenitude, nossa empatia.
É óbvio que, como há diferentes níveis de
consciência e entendimento, essa dilatação conceitual ocorrerá aos poucos,
conforme a capacidade assimilativa de cada um. O que não se pode fazer é deixar
de buscar essa mudança íntima, mesmo que no nível mais mínimo, dia a dia.
Agora, se você teve a paciência de chegar
até aqui, recoste-se na sua cadeira, ajeite seu notebook e resista mais um
pouco, porque já está no finalzinho e eu vou lhe revelar um segredo que, no fim
das contas, não é tão secreto assim: pessoas sem imaginação dificilmente
desenvolvem a empatia. Pode acreditar: a capacidade imaginativa é um pressuposto
básico para a ocorrência do fenômeno empático. Afinal, se você não consegue se
imaginar no lugar do outro, consequentemente, não conseguirá sentir compaixão
pelo seu sofrimento, já que as sinapses de seu cérebro não serão ativadas
convenientemente, devido à ausência do tipo de estímulo adequado.
Homem dando água a um coala, após incendio |
Jones Mendonça , colaborador do Blog
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