terça-feira, 9 de setembro de 2014

O homem de branco

Cão usado em experimentação



Ao término de uma das aulas práticas notei aquele homem de branco; seus olhos desprovidos de qualquer sentimento de piedade; ele olhava o corpo estendido numa das mesas, imóvel, gelado. Não havia qualquer sinal de que se importasse com ele.

Talvez porque se achasse superior aquele corpo pequeno, nada harmônico, sem raça como o que, provavelmente, ele tinha em casa. É, o animal estava muito abatido, mas era a fome, porque ele encontrara pelo caminho apenas pessoas como aquele homem de branco que o olhava. Sim, o animal era mesmo um dos mais desfavorecidos na Terra, pois, assim como era aquele homem que o olhava, ele só conhecera o lado mais vil e desumano daqueles seres que se achavam superiores, só encontrara pessoas como aquele homem de branco, sem amor, sem sentimento e sem compaixão pelos seres por eles, considerados inferiores, se houvesse um dia cruzado com alguém que não se achasse superior, talvez seu corpo não estivesse agora, diante daquele frio e orgulhoso homem de branco.

Se tivera dono não era importante, o importante era que muitos homens diante dele tiveram a chance de se tornarem grandes, realmente grandes, fazendo brotar em seus corações o sentimento que eleva a humanidade; o Amor.Nenhum dos homens que encontrara fora capaz de amar. Todos possuíam corações duros, orgulhos, perdidos, todos iguais.

Se ele não tivera amigos não era importante, importante é que ele dera a muitos, inclusive ao homem de branco que o fitava, a chance de aprender a Ser Amigo e eles todos, inclusive o homem de branco, mostrara-se incapaz de tornar-se amigo.

Ele dera chance aos homens, inclusive ao homem de branco,de ser fiel, leal, afetivo, mas ele se negara veementemente a ser tudo o que era bem e se engalfinhara no mal que existia nele.

A morte não provocava o fim de uma existência, ao contrário, ela mostrava que a existência humana sequer era digna da morte, pois que não acreditavam em nada a não ser neles mesmos. 

Macaco usado em experimentaçao
Que orgulho tolo e infantil nos olhos do homem de branco.

Nada sabia da vida pregressa do homem de branco, mas ali, diante dele, descobri em pouco minutos o que ele era. Era um ser humano incapaz de amar, de se relacionar, de tornar-se amigo e ter compaixão; como é triste saber que desperdiça a chance de tornar-se bom que todos os dias esses amigos lhes trazem e ele continua adormecido no orgulho de sua mente débil e obsoleta.

Certamente nada que fizera em sua vida fora relevante, já que voltava às costas diariamente para o bem e para a compaixão. Com certeza quando morresse, estaria tão só quanto aquele corpo frio que agora fitava, pois ainda tolo, acreditava que a morte traria a vida. 

Tenho pena dele, mais do que sentiu de mim ao me abrir sem qualquer piedade, ao me eutanasiar quando tudo o que eu lhe pedia era o seu progresso sentimental e não o meu, tenho pena dele por mostrar que nada aprendeu da vida a não ser matar e matar e matar. 

Tenho pena dele por achar que foi piedoso ao matar um ser que desejava ardentemente viver. Deixando-me só ao abandono e acreditando-se ainda um deus, falso, corruptível, cheio de rancor.

Peço a Deus que se apiede dele, mais do que ele se apieda daqueles a quem tira a vida inutilmente, pois não busca por outras soluções, está tão calcado em si mesmo que não consegue reconhecer o avanço da ciência.
Filhotes de simios

Peço a Deus que não o deixe morrer como ele me matou, peço a Deus que o embale e lhe estenda a mão como ele se negou a fazer por mim e por outros companheiros que partiram em suas mãos, pois apesar dele me achar irracional, eu ainda acredito em Deus e sei amar , respeitar e pedir por pessoas como ele e a quem me oferece abrigo.

E hoje, apesar de ser ignorado como ser vivo, por pessoas como ele, estou em paz, ao contrário dele, que jamais na vida saberá reconhecer a paz e o amor.

Carta de um dos muitos cães para um dos muitos homens que ainda não descobriram que a ciência deveria humanizar os homens e não desumanizá-los.



01/11/2006

Simone Nardi











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