Antes de falar sobre
educação, vou contar uma pequena história que ocorreu comigo e com a minha
família há alguns anos atrás.Eu a escrevi em forma de conto, pois é mais fácil
ler sem que a revolta e as lágrimas cheguem a nossos olhos:
“ Foram os minutos
mais longos da minha vida. Aos poucos a dor foi sumindo, acho que era porque
estava tão forte que eu não conseguia mais senti-la. As vozes ao meu redor
pareciam vir de um túnel, pois ecoavam longe, fracas e tais como eu, doloridas.Alguns cantavam
algo que falava sobre um tal de Jesus, para que Ele lhes enviasse uma luz, que
lhes mudasse o coração.Outros me olhavam e diziam coisas que eu não
compreendia: que dó, minha nossa, quanto sangue, deve estar morto.
Não eu não estava morto.Estava vivo e queria viver.Senti que
alguém me tirava do chão e me envolvia num cobertor, diziam que eu era filho de
Deus. Me senti tão bem naquela hora.O aconchego daqueles braços, a preocupação
naquelas vozes, o carinho daquelas mãos sobre mim.Tentei agradecer, mas
sentia-me fraco demais. Cedi a dor.Quando dei por mim, um outro homem de olhar
preocupado me examinava, dizia que nada mais poderia ser feito.Senti aquele
mesmo toque carinhoso de antes e uma voz tão doce me dizia:
Não tenha medo, tudo
vai ficar bem, tudo vai ficar bem.
Quando acordei eu já me sentia bem. Meu corpinho não doía
mais.Tinha outros amiguinhos ao meu lado e de onde eu estava, podia ver bem
abaixo de mim, as pessoas que cercavam um outro filhote, todo ensangüentado e
ferido.Foi quando percebi que aquele filhote na verdade era eu mesmo.Aquelas
pessoas deveriam ser os anjos de que eu sempre ouvi falar. Os anjos que nos
ajudam nos momentos de dificuldade.Sim, hoje olhando para eles, tenho certeza
de que eram anjos . Eram eles que tinham me recolhidos da via pública apôs eu
ter sido atropelado. Tinham me levado para o médico, mas meu estado era tão
grave que ele nada pudera fazer.É eu tinha morrido, mas incrivelmente me sentia
vivo, vivo e agradecido por eles terem um coração bondoso, tão bondoso a ponto
de se importarem com um filhote que eles nem sequer conheciam.
Eles não haviam apenas passado por mim e virado o rosto.
Não, eles haviam tido compaixão e consciência de que eu, mesmo um filhote
ainda, era filho de Deus assim como eles e como todos os anjos que nos ajudam.
Esse é o meu agradecimento à vocês, nossos anjos da guarda, que dia a dia lutam
pelo nosso bem estar, uma luta árdua e muitas vezes ingrata, mas saibam, que
para nós vocês são especiais e que já habitam nossos corações.
Desse filhote que
morreu, mas vive ao lado de Deus!”
Filhote, srd, abandonado(Foto SN) |
Por que não levantamos mais cedo?
Por que não olhamos antes na direção onde ele estava caído?
Muitas pessoas, no
ensaio da igreja, cantaram uma música para que Jesus lhes tocasse o coração. Lembro-me
de ter acordado por volta das seis e meia com elas cantando. E foram essas
mesmas pessoas que passaram pelo filhote e voltaram-lhe as costas.Talvez Jesus
as tenha tocado e elas não tenham percebido. Talvez esse fosse o toque de suas
mãos, mas eles a ignoraram.
Por culpa delas? Por
culpa dos pais que não as ensinaram a respeitar os animais?
Qual ser humano,
religioso, bom e caridoso consegue passar por um filhote de 4 meses estendido
na rua, ensanguentado, lutando para viver e mesmo assim, consegue virar-lhe as
costas , seguir para sua Igreja e orar para Deus?
Não um ser humano
normal.
Não aquele que
compreende o significado da palavra Respeito.
Precisamos
urgentemente começar a educar hoje, para que as consciências de amanhã não
fiquem jogadas na sarjeta
Simone Nardi
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