quarta-feira, 20 de agosto de 2014

DIREITOS ANIMAIS - Questão de Consciência!


Nina, SRD




Em tudo há um "porque". E há também um "por que" desse artigo.

Como todo mundo, acredito que eu tenha tido uma infância normal.Tive cães, porquinhos da índia, tartaruguinhas e até mesmo um ganso que eu achava que era um pato e o chamava de Jeremias.

Amava os meus animais."Amava-os" e apesar disso assisti meu pai matar um a um meus porquinhos da índia.Vi Jeremias, o patinho, lutar, mas mesmo assim ter o pescoço decepado por uma faca. Depois ainda vi o cadáver dele sobre a mesa, temperado e assado. 

Tive nojo.Tive vontade de vomitar, não chorei por nenhum deles, embora tenha pedido para que não os matassem, afinal eram meus. Não fiz nada.

Absolutamente nada.

E por quê?

Samuel, srd
Porque os adultos insistiam em dizer que os animais eram feitos para servirem de alimento para as pessoas, era para isso que eles serviam, embora nunca tivéssemos comido qualquer um de nossos cães.

Lembro também que assisti minha avó destroncar o pescoço e matar um galo para o almoço. Revejo a cena como se fosse hoje, eu devia ter uns cinco anos mais ou menos: ela me estendeu o galo ainda vivo e tentou me ensinar a matá-lo. Eu o peguei, puxei um pouco o pescoço dele e quando vi que estava vivo e olhando para mim larguei-o nas mãos na minha avó. Ela depenou-o, ainda consigo sentir o cheiro das penas sendo queimadas.

Jamais vou esquecer o olhar dele.O medo.O desespero diante da morte.

Eu cresci e embora essas imagens jamais tenham saído de minha mente ainda me considerava uma pessoa "normal" que ia com os amigos a churrascarias, comia frango, peixe normalmente, isso sem me lembrar de tudo pelo que aqueles animais haviam passado para estar em meu prato.Sem me lembrar que eles, tal como Jeremias e os porquinhos da índia, haviam sofrido o mesmo pavor diante da morte. 

Eu não me esquecia deles porque eram meus, mas comia os outros que não havia conhecido.

Por quê?

Foi exatamente essa a pergunta que iniciou um efeito dominó em minha consciência.
Porquinhos.

Coelhos.

Pássaros.

Cães.

Porcos.

Bois.

Príncipe, srd
Todos eram animais.Todos eram igualmente seres senscientes. Todos queriam viver e sofriam, tinham medo, podiam dar e receber carinho.Todos tinham seu instinto de sobrevivência assim como nós, humanos. Mesmo assim eu comia alguns deles.

Alguns!

Eu não comi meus porquinhos da índia.Não, eles eram meus.

Eu não comi meu pato-ganso Jeremias.Não, ele também era meu.

Eu não comi o galo que minha avó matou. Afinal de contas, eu o conheci instantes antes de ser morto.

Eu jamais comerei meus cães.

Eu jamais os comeria porque os conheci. Porque eram meus amigos e porque alguns até morreram em meus braços.

Pank
Não se maltrata um amigo, mas isso também não me dá o direito de permitir a morte daqueles que não conheci. Acaso eles seriam diferentes dos meus?

Não, de modo algum. O fato de não conhecer esses animais não os torna imune à dor e ao sofrimento pelo qual irão passar.

Foi assim que isso aconteceu...

Quando descobri que como dizem:

A ignorância é uma benção”

Deixei de ser ignorante.

Quando descobri que independente do que meus pais diziam, eu podia tirar o véu que me encobria os olhos a toda dor e sofrimento animal.

Deixei de ser cega.

Quando descobri que eu podia, mais do que tudo, mostrar a verdade para as pessoas.

Tornei-me realmente uma pessoa normal.

O que não é normal é fechar os olhos à dor animal. O que não é normal é fingir que eles não são vidas como nossos cães. O que não é normal é permitir que outros matem - porque não temos coragem de fazer isso- para que nos fartemos de seus cadáveres intoxicantes.

Isso não é ser normal.

Animais são vidas.

E vidas não devem ser tiradas.

Quando abrimos nossos olhos realmente passamos a ver a verdade do mundo.

Não existe abate humanitário. 

Os rodeios torturam os animais.

A farra do boi mutila e mata os animais.

Os circos tiram a dignidade dos animais.

Somente os cegos não se permitem enxergar isso.

Bono, srd
Chega de virarmos o rosto para essas imagens cruéis, para podermos sentar a nossa mesa e nos fartarmos de carne.

Chega de alegarmos que não conseguimos assistir as imagens de animais sendo maltratados, quando fazemos parte da Indústria que os maltrata e queremos continuar ignorantes a ela, porque assim é mais fácil continuarmos com nossa vidinha simples e sem ética .Porque assim é mais fácil irmos aos rodeios, assistir esse ou aquele artista, ignorando o que é feito com bois e cavalos numa arena de rodeio, pois do contrário não iríamos até lá prestigiar aquelas figuras que também, de forma indireta como a gente, permitem a pratica dos maus tratos.

Devemos mudar.

O que os olhos vem o coração sente.

E quando o coração sente, uma mudança moral e ética se faz necessária.Nós já não conseguimos mais conviver com isso, não conseguimos mais mentir para nós mesmos.

Mas, muitas pessoas não querem mudar.Querem apenas ficar estiradas em seus sofás comendo aquela coxa de frango que não era de um animal vivo. Talvez de um animal vivo sim, mas que foi abatido “Humanitariamente”. Que ela, na realidade, não “quer“ fazer ideia de onde veio, porque não tem “coragem” de assistir a um vídeo de abate, mesmo de um abate  “humanitário”, que mostra a realidade de como os frangos são abatidos.

As imagens enojam;o cadáver nas suas mãos não. Estranho isso.

Algumas pessoas querem permanecer cegas, porque sendo cegas, as dores alheias não às atingirão.

Mudanças exigem Trabalho.

Trabalho dá Trabalho.

Quando essas pessoas resolverem tirar o véu que as cega farão parte, assim como tantas outras, da luta pelos Direitos Animais. Descobrirão que não se rouba um amigo só porque ele é um amigo, mas que do mesmo modo não se rouba aquele vizinho lá do final da rua, aquele que nem sequer vemos ou cumprimentamos, não porque ele é nosso amigo, mas pelo fato de que é errado roubar.

Pedrinho, SRD
Nós não matamos nossos amigos, não porque são nossos amigos, mas porque é errado matar ou permitir que se tire uma vida, mesmo quando não a conhecemos.

Nós não matamos nossos amigos, mas também não matamos aqueles que não conhecemos.
Nós não comemos nossos cães, nem nossos pato-gansos ou nossos porquinhos da índia, mas também não comemos aquele frango ou aquele boi que, embora não tenhamos chegado a conhecer, era um indivíduo único e insubstituível.

Eu cansei de não fazer nada, espero que você, após ler isso, também se canse e comece a se mexer.




Simone Nardi

 

Sobre as fotos

São todos nossos amigos que nos encontraram nas ruas e vieram morar conosco trazendo mais luz, energia e alegria ao nosso lar.

 






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