Em tudo há um
"porque". E há também um "por que" desse artigo.
Como todo mundo, acredito que eu tenha tido uma infância normal.Tive
cães, porquinhos da índia, tartaruguinhas e até mesmo um ganso que eu achava
que era um pato e o chamava de Jeremias.
Amava os meus animais."Amava-os" e apesar disso assisti meu pai matar um a um
meus porquinhos da índia.Vi Jeremias, o patinho, lutar, mas mesmo assim ter o pescoço
decepado por uma faca. Depois ainda vi o cadáver dele sobre a mesa, temperado e
assado.
Tive nojo.Tive vontade de vomitar, não chorei por nenhum deles, embora
tenha pedido para que não os matassem, afinal eram meus. Não fiz nada.
Absolutamente nada.
E por quê?
Samuel, srd |
Lembro também que assisti minha avó destroncar o pescoço e matar um galo
para o almoço. Revejo a cena como se fosse hoje, eu devia ter uns cinco anos
mais ou menos: ela me estendeu o galo ainda vivo e tentou me ensinar a matá-lo.
Eu o peguei, puxei um pouco o pescoço dele e quando vi que estava vivo e
olhando para mim larguei-o nas mãos na minha avó. Ela depenou-o, ainda consigo
sentir o cheiro das penas sendo queimadas.
Jamais vou esquecer o olhar dele.O medo.O desespero diante da morte.
Eu cresci e embora essas imagens jamais tenham saído de minha mente
ainda me considerava uma pessoa "normal" que ia com os amigos a churrascarias,
comia frango, peixe normalmente, isso sem me lembrar de tudo pelo que aqueles
animais haviam passado para estar em meu prato.Sem me lembrar que eles, tal
como Jeremias e os porquinhos da índia, haviam sofrido o mesmo pavor diante da
morte.
Eu não me esquecia deles porque eram meus, mas comia os outros que não
havia conhecido.
Por quê?
Foi exatamente essa a pergunta que iniciou um efeito dominó em minha
consciência.
Porquinhos.
Coelhos.
Pássaros.
Cães.
Porcos.
Bois.
Príncipe, srd |
Alguns!
Eu não comi meus porquinhos da índia.Não, eles eram meus.
Eu não comi meu pato-ganso Jeremias.Não, ele também era meu.
Eu não comi o galo que minha avó matou. Afinal de contas, eu o conheci
instantes antes de ser morto.
Eu jamais comerei meus cães.
Eu jamais os comeria porque os conheci. Porque eram meus amigos e porque
alguns até morreram em meus braços.
Pank |
Não, de modo algum. O fato de não conhecer esses animais não os torna
imune à dor e ao sofrimento pelo qual irão passar.
Foi assim que isso aconteceu...
Quando descobri que como dizem:
“A ignorância é uma benção”
Deixei de ser ignorante.
Quando descobri que independente do que meus pais diziam, eu podia tirar
o véu que me encobria os olhos a toda dor e sofrimento animal.
Deixei de ser cega.
Quando descobri que eu podia, mais do que tudo, mostrar a verdade para
as pessoas.
Tornei-me realmente uma pessoa normal.
O que não é normal é fechar os olhos à dor animal. O que não é normal é
fingir que eles não são vidas como nossos cães. O que não é normal é permitir
que outros matem - porque não temos coragem de fazer isso- para que nos fartemos
de seus cadáveres intoxicantes.
Isso não é ser normal.
Animais são vidas.
E vidas não devem ser tiradas.
Quando abrimos nossos olhos realmente passamos a ver a verdade do mundo.
Não existe abate humanitário.
Os rodeios torturam os animais.
A farra do boi mutila e mata os animais.
Os circos tiram a dignidade dos animais.
Somente os cegos não se permitem enxergar isso.
Bono, srd |
Chega de alegarmos que não conseguimos assistir as imagens de animais sendo
maltratados, quando fazemos parte da Indústria que os maltrata e queremos
continuar ignorantes a ela, porque assim é mais fácil continuarmos com nossa
vidinha simples e sem ética .Porque assim é mais fácil irmos aos rodeios,
assistir esse ou aquele artista, ignorando o que é feito com bois e cavalos
numa arena de rodeio, pois do contrário não iríamos até lá prestigiar aquelas
figuras que também, de forma indireta como a gente, permitem a pratica dos maus
tratos.
Devemos mudar.
O que os olhos vem o coração sente.
E quando o coração sente, uma mudança moral e ética se faz
necessária.Nós já não conseguimos mais conviver com isso, não conseguimos mais
mentir para nós mesmos.
Mas, muitas pessoas não querem mudar.Querem apenas ficar estiradas em
seus sofás comendo aquela coxa de frango que não era de um animal vivo. Talvez
de um animal vivo sim, mas que foi abatido “Humanitariamente”. Que ela, na
realidade, não “quer“ fazer ideia de onde veio, porque não tem “coragem” de
assistir a um vídeo de abate, mesmo de um abate “humanitário”, que mostra a realidade de como os frangos são
abatidos.
As imagens enojam;o cadáver nas suas mãos não. Estranho isso.
Algumas pessoas querem permanecer cegas, porque sendo cegas, as dores
alheias não às atingirão.
Mudanças exigem Trabalho.
Trabalho dá Trabalho.
Quando essas pessoas resolverem tirar o véu que as cega farão parte,
assim como tantas outras, da luta pelos Direitos Animais. Descobrirão que não
se rouba um amigo só porque ele é um amigo, mas que do mesmo modo não se rouba
aquele vizinho lá do final da rua, aquele que nem sequer vemos ou
cumprimentamos, não porque ele é nosso amigo, mas pelo fato de que é errado
roubar.
Pedrinho, SRD |
Nós não matamos nossos amigos, mas também não matamos aqueles que não
conhecemos.
Nós não comemos nossos cães, nem nossos pato-gansos ou nossos porquinhos
da índia, mas também não comemos aquele frango ou aquele boi que, embora não
tenhamos chegado a conhecer, era um indivíduo único e insubstituível.
Simone Nardi
Sobre as fotos
São todos nossos amigos que nos encontraram nas ruas e vieram morar conosco trazendo mais luz, energia e alegria ao nosso lar.
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