Entrevista exclusiva |
Blog IACH) A exemplo de muitos, você defende que os animais são muito mais do que meros seres sem raciocínio, mas, sim, criaturas dotadas de predicados parecidos com os dos ditos "humanos", como, por exemplo, a espiritualidade. O que comprovaria a espiritualidade animal? Eles têm realmente uma "alma"?
Fernanda)Sim, os animais são dotados de uma alma, já que são espíritos assim como nós, em diferentes estágios de evolução, que, como nós, foram criados simples e ignorantes, para evoluírem. Nós somos como irmãos mais velhos, devendo, assim, ajudá-los na caminhada rumo à evolução, assim como esperamos que os espíritos evoluídos nos auxiliem também. A ciência também vem comprovando o sentimento dos animais. Sentem, dor, medo, e, sim, amam, respeitam e são solidários, como podemos constatar em vários depoimentos e pesquisas científicas. Todas ao alcance de todos, em uma simples busca na web. Recomendo o link de um estudo no qual foram demonstrados vários desses sentimentos entre os animais:
Blog IACH) Há correntes no meio espírita que defendem a existência de uma diferenciação entre o espírito dos homens e o dos animais. Em seu parecer, isso existe realmente ou ambos são o mesmo espírito em etapas diferentes de evolução?
Fernanda)Acho que minha resposta a esta pergunta ficou bem clara na minha primeira resposta. Mas reforço que em meu entendimento, não há diferença entre nós e os animais, somos todos espíritos em evolução, em graus diferentes, e o mais justo seria que os que estão um pouco à frente se solidarizem com os que vêm logo atrás, assim como irmãos que deveriam se ajudar.
Blog IACH) Com sua larga experiência na área, como você enxerga a questão do trabalho animal? Temos o direito de utilizar os seres que nos estão abaixo na escala evolutiva a nosso bel-prazer? É mesmo possível a utilização deles com respeito e dignidade?
Fernanda)Não devemos utilizar dos animais como se fossem meros objetos. Não concordo com o uso de cães no trabalho de segurança patrimonial, por exemplo, já que para este fim existem profissionais qualificados. Acredito que os animais podem nos auxiliar, desde que não sejam prejudicados, colocando em risco suas vidas, sua individualidade e suas necessidades básicas. Como no caso dos animais que auxiliam em tratamentos de saúde. Nesse caso, tanto os humanos quanto os animais crescem juntos, amando-se e respeitando-se mutuamente.
Blog IACH) A ciência vem, paulatinamente, desvendando muitos mistérios em relação à inteligência dos animais e descobrindo que ela vai muito além do que antes supúnhamos, possibilitando a eles apresentarem mesmo sentimentos parecidos com os dos humanos. Como você analisa esse fenômeno?
Fernanda)Eu acho importantíssimo que a ciência cada vez mais venha a comprovar a sensibliddade e inteligência dos animais, pois, assim, um maior número de pessoas passará a vê-los com outros olhos, olhos de respeito por quem sente e sofre, assim como nós.
Blog IACH) Você acredita que as pessoas estão se tornando mais receptivas no que se refere à causa animal ou ainda há um longo caminho a percorrer no rumo dessa conscientização?
Fernanda)Sem dúvida, as pessoas estão se tornando muito mais conscientes sobre os direitos dos animais. Estamos ainda no começo dessa estrada, mas sei que estamos no caminho certo.
Blog IACH) Você é favorável ao aumento das penas no caso de crimes contra os animais ou acredita que o que falta é a real aplicação das penalidades já existentes?
Fernanda)As duas coisas. Acredito que as penas devem ser cumpridas devidamente, mas, em alguns casos, deveriam ser aumentadas, pois, com leis muito brandas para crimes com extrema crueldade, torna-se clara a disparidade entre o direito e a justiça. Quanto maior a punição e a eficácia da lei, acredito que proporcionalmente diminuirão os crimes.
Blog IACH) Em nosso dia a dia, não é incomum surpreendermos pais dando maus exemplos aos filhos no atinente ao respeito para com os animais. Em seu entendimento, esse tipo de atitude pode ser uma das causas da falta de conscientização de grande parte da sociedade em relação ao assunto? Como quebrar esse círculo vicioso?
Fernanda)Infelizmente, sim. Se os pais estimulassem a alteridade dos filhos, certamente estes se tornariam adultos mais conscientes em relação aos animais.
Blog IACH) Muitos espíritas se escoram no fato de Chico Xavier ter se alimentado de carne para justificarem sua alimentação carnívora, esquecendo - ou fingindo esquecer - que Emmanuel, André Luiz e outros espíritos que se comunicaram através dele criticaram duramente esse hábito. Como você vê essa questão?
Fernanda)Eu acredito que enquanto nos escorarmos nos defeitos dos outros não vamos nos melhorar nunca. Deveríamos nos espelhar nas qualidades e segui-las, e quando notarmos algo que não está muito correto, que mudemos o rumo, pois só assim evoluiremos. Se ficarmos nessa de que se Chico comia carne, logo, eu também vou comer, então, não evoluiremos. Quantos espíritos de moral elevada passaram pela Terra e também tinham alguns defeitos? Se nos escorarmos nesses defeitos de cada espírito que nos deixou boas lições, mas que também eram falhos, continuaremos falhos. Porque não nos atemos ao que é bom, estamos apegados ao que ainda precisa ser mudado, e isso é comodismo. Ah... Só vou mudar quando o outro mudar.. Isso não faz sentido. Somos espíritos independentes, e a nossa evolução será por nosso próprio esforço. Não podemos jogar a responsabilidade de nossas falhas nos outros.
Blog IACH) Algumas casas espíritas promovem eventos nos quais são servidos pratos como feijoadas, arroz-com-galinha e outros, à base de carne, a pretexto de utilizarem a arrecadação em causas nobres. Isso não é um contrassenso?
Fernanda)Demais. É um enorme contrassenso! Como fazer a caridade para alguns sacrificando a vida de outros, que deveriam ter nossa proteção? Acredito que há outras formas, falta vontade, falta coerência. Não acredito nessa bondade de se dar com uma mão e ferir com a outra.
Blog IACH) Qual a sua opinião acerca dos movimentos de defesa dos animais? Estão no caminho certo ou precisam de uma correção de rota?
Fernanda)Acredito que estamos no caminho certo. Primeiramente o esclarecimento. Depois disso torna-se mais fácil a sensibilização. Quando as pessoas se conscientizam de que os animais sentem dor, precisam de ajuda como nós humanos, a sensibilidade aflora para isso.
Blog IACH) É verdade que os animais se suicidam? Por que isso acontece?
Fernanda)Não tenho conhecimento para dar esta resposta com precisão. Mas penso que os animais não se matam conscientemente, pois não sabem que determinada ação os levará à morte. Matam-se inconscientemente, ao tentar fugir de algum lugar e se enforcando, por exemplo. Nesse caso, a responsabilidade recai sobre os tutores, que deveriam prever esse perigo. Em casos em que o animal deixa de se alimentar por ter sido abandonado, ou pelo tutor ter falecido. Entra em um processo de depressão, e cabe também aos novos tutores o devido tratamento médico veterinário e o tratamento eficaz, que é o amor. Sobre esse tema existem pesquisas científicas que ainda não nos esclarecem com exatidão, por isso, há os que acreditam que os animais se suicidam, sim, e outros, que pensam que não. Por enquanto, o meu pensamento é que os animais não se suicidam, eles apenas tentam fugir de alguma situação que os faz sofrer, e talvez essa fuga resulte em sua morte, infelizmente...
Blog IACH) Para finalizar, que mensagem você deixa para os espíritas em relação à causa animal?
Fernanda)Espíritas, acordemos!! Não podemos mais falsear a realidade, fingir que não estamos vendo o que acontece a todo o tempo, por todos os cantos do planeta! Os animais são nossos irmãos, precisam da nossa voz, da nossa atitude! Lembremos de que quanto mais nos é dado, mais nos será cobrado, e nos foi dado o conhecimento. Não adianta tapar os olhos. As consciências gritam e, mais cedo ou mais tarde, precisaremos ajudar os nossos irmãos de jornada. Para isso, é preciso que sejamos o exemplo a ser seguido. Não continuemos com desculpismos, dizendo que precisamos melhorar defeitos mais graves primeiro . Nós podemos melhorar um pouco a cada dia, não precisando excluir um ou outro defeito. Podemos amar os animais, e amar os humanos, uma coisa não exclui a outra. Dizer que não amamos nem aos humanos não é justificativa para jogarmos os animais à margem. Deveria ser um incentivo para nós mesmos, dizendo: Puxa! Preciso aprender a amar mais os humanos e também os animais! Vejam como uma coisa não impede a outra. Os impecilhos somos nós que estamos criando, por desejarmos permanecer
em nossas zonas de conforto. Acordemos! E sigamos com um amor muito maior no coração, um amor que se estende a tudo o que vive!
Fernanda Almada – Bacharel em Direito pela UniAraxá, protetora independente de animais há mais de 20 anos, escritora e divulgadora dos Direitos Animais.
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