segunda-feira, 7 de abril de 2014

O “Tradicional” e o “Moral”



O Rodeio as Touradas o ‘Pão e Circo”



“E ele lhes disse: Qual dentre vós será o homem que, tendo uma só ovelha, se num sábado ela cair numa cova, não há de lançar mão dela, e tirá-la?... Portanto, é lícito fazer o bem nos sábados.” 
Mateus 12:11-12

            Justificar erros pela quantidade de tempo que eles vem sendo repetidos,é o mesmo que nós conformamos com a doença sem procurar a cura....
            No tempo de Jesus o sábado era um dia “sagrado” onde ficava proibido qualquer tipo de ação, era o dia dedicado ao descanso. Tradição de um povo que durante séculos se manteve inalterado, mas que Jesus sabiamente “desrespeita” em favor da coerência, da moral e da caridade. Jesus cura no dia de sábado, pois isso é o que era moralmente certo a se fazer.
            Justificar o rodeio, vaquejadas, touradas e outras formas de tortura animal, pelo tradicionalismo ou por uma questão cultural é o mesmo que justificar a luta de gladiadores ou a própria escravidão pelos mesmos argumentos.
            Tomemos em comparação a escravidão; desde o começo da civilização o mais forte escraviza o mais fraco, foi assim com os egípcios e os hebreus, e com muitos outros povos e civilizações durante toda a historia.
            Seria então a escravidão humana do mais fraco pelo mais forte uma “manifestação” cultural e tradicional genuína, só por que ela vem acontecendo a milhares de anos....
                Vejam vocês; como nem sempre o que é tradicional é o moralmente correto, ou como quase sempre só é aceito como “cultural”, por aquele que se beneficiam da situação. Motivos para se justificar o erro não faltam, uns são diretos e se justificam na força outros se escondem em motivos disfarçados. Os Romanos assim como os Europeus, escravizavam com a justificativa de levar “cultura” aos povos atrasados, mostrando que é fácil se justificar qualquer atrocidade quando se convém ou se tem poder para impor a sua “verdade”. 
            Assim são os rodeios, vaquejadas, touradas e manifestações afim. Nada mais são que as “lutas do coliseu”, em novas roupagem. Modernizadas para que o sofrimento e a derrota se restrinja ao pobre animal, que muito pouco pode fazer para salvaguardar sua vida. Covardemente são submetidos a torturas físicas e psicológicas, para a satisfação de um publico que trocou o “pão e circo”, “pela cerveja e a musica”.
            Alguns justificam que os animais não sofrem, que eles são bem cuidados, mas não era isso que os donos de escravos falavam de suas “posses” quando queriam vender seus escravos a preços melhores. Alguém já viu um boi pular em um pasto como eles fazem no rodeio, como se fosse natural um touro pular e rodopiar sem motivo algum.
            Todos nós que já usamos uma roupa apertada, no mínimo, nós sentimos incomodados. Um cinto apertado na altura dos rins que pelo movimento de fuga se aperta mais, até que atingindo um força enorme se desprende, deve causar “bastante desconforto”. Isso vendo o lado dos organizadores dos rodeios, sem levar em conta o que se “especula”, como o uso de pimenta, apertões nos testículos, ferroadas com objetos pontiagudos, entre outras abominações.
 Considerando as touradas e vaquejadas a coisa é pior ainda, o “pão e circo” fica mais evidente. Volta-se ao tempo em que eram trazidas feras carnívoras para enfrentar homens quase indefesos onde o povo gritava de alegria a ver o sangue espalhado na areia.
Hoje estamos mais modernos; as “feras” não são mais carnívoras, mas são pobres bovinos, herbívoros em sua  essência, e que o único ser vivo que deve teme-los são as suculentas plantas. Em seu instinto não existe a necessidade da agressão nem mesmo para sua alimentação, são animais de índole calma e paciente.
Do outro lado, já não existe um frágil e esfomeado condenado, armado apenas com uma faca. Ali se encontra um treinado “assassino”, armado com poderosa espada e acompanhado por “comparsas” com lanças pontiagudas. Não bastasse a desvantagem aparente, o animal ainda é ferroado impiedosamente, para que a perda do sangue facilite a vitória da covardia.
O pior que o “toureiro” é considerado valente herói, como se o “assassinato” covarde dos mais fracos trouxessem alguma honra. Honra igual a do infanticídio de Herodes matando indefesas crianças, ou a dos nazistas exterminando desarmados prisioneiros. A abominável honra dos mais fortes e covardes!
Como Herodes achou justificativa para assassinar as crianças, e os chefes nazistas convenceram muitas pessoas da necessidade do  extermínio de uma raça, muitos ainda continuam apoiando esses shows abomináveis de “pão e circo”, modernizados e disfarçados.
            Cada um de nós pode escolher o lado que quer estar. Podemos estar do lado da multidão com sua pseudo “tradição” que obrigava que se apedrejasse a mulher adultera, mesmo que na própria lei “mosaica” estivesse escrito: “não matarás”. Ou podemos estar do lado de Jesus, que com suas palavras demonstrou o erro naquilo que era “cultural” e de uso “tradicional”, perdoando e sendo moralmente correto.

            "Os escribas e fariseus trouxeram à sua presença uma mulher surpreendida em adultério, fazendo-a ficar de pé no meio de todos e disseram a Jesus: Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante adultério. E na lei nos mandou Moisés que tais mulheres sejam apedrejadas; tu, pois, que dizes? Mas Jesus, inclinando-se escrevia na terra com o dedo. Como insistissem na pergunta, Jesus se levantou e lhes disse: aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra. E tornando a inclinar-se, continuou a escrever no chão. Mas, ouvindo eles esta resposta e acusados pela própria consciência, foram se retirando um por um, a começar pelos mais velhos até os últimos, ficando só Jesus e a mulher no meio onde estava. Erguendo-se Jesus e não vendo ninguém mais além da mulher, perguntou-lhe: mulher, onde estão teus acusadores? Ninguém te condenou? Respondeu ela, ninguém, Senhor! Então, lhe disse Jesus, nem Eu tampouco te condeno; vá e não peques mais". (João - 8: 3 - 11).

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Ricardo Capuano 






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