Por Fernanda Vieira
No dia 15/06/2013, tive o prazer de conversar um pouco sobre a inteligência, senciência (capacidade de sentir) e consciência dos animais não humanos com os queridos amigos do Grupo Fraternal Francisco de Assis (GFFA).
Não é a
primeira vez que estive lá e mais uma vez pude compartilhar da maravilhosa
energia que a casa possui. Gostaria muito de agradecer principalmente aos
amigos Gilberto e Simone pela oportunidade.
Quando fui a
primeira vez à casa, acompanhando o professor Edson em sua palestra “Alimentaçãoe Evolução Espiritual” (veja o vídeo no YouTube), fiquei encantada com o empenho de toda a equipe
encarnada trabalhando também em prol dos nossos irmãos animais.
No dia 15/06,
nossa conversa foi sobre as informações que a espiritualidade e a ciência
humana vem nos trazendo sobre a relação que estamos mantendo com os outros
animais que habitam a Terra. O objetivo foi refletir sobre nossas atitudes diante
destas informações.
Em julho de
2012, Philip Low, um neurocientista canadense, coordenou um manifesto que
declara que todos os mamíferos e aves têm consciência. Além de alguns seres
como lulas e polvos. A “Declaração de Cambridge sobre a Consciência” foi
apoiada por importantes pesquisadores e teve repercussão internacional.
A base deste estudo se refere aos correlatos neurais
que estes animais compartilham com o homem. “Sabemos que todos os mamíferos, todos os pássaros e
muitas outras criaturas, como o polvo, possuem as estruturas nervosas que produzem a consciência. Isso quer dizer
que esses animais sofrem. É uma verdade inconveniente: sempre foi fácil afirmar
que animais não têm consciência.”, disse Low em entrevista para a revista Veja Online.
Cão se despede de parceiro policial (Fonte: Terra) |
Segundo
Prada
(2010), as funções mentais superiores, aquelas que estão intimamente
ligadas ao
livre-arbítrio, à capacidade de aprendizado, à elaboração de
estratégias, à iniciativa etc, estão intimamente ligadas
ao córtex cerebral (à área
pré-frontal do cérebro).
Apesar da
ciência humana ainda não ter definido o que é consciência, a espiritualidade há
muito tempo nos atenta para este assunto. A consciência nada mais é do que “nós
mesmos”, ou seja, o espírito.
Sabemos que a
inteligência de um animal emana do mesmo princípio que a do homem (apenas com a
diferença de que no homem passou por uma elaboração maior, a qual o animal terá
a oportunidade de vivenciar; Livro dos Espíritos, questão 606 a).
O princípio
inteligente é a base do espírito. Desta forma, podemos afirmar que os animais
são espíritos. Espíritos são consciências, portanto os animais possuem
consciência.
Para quem não viu e viu: Golfinho pedindo ajuda a um mergulhador - uma demonstração de consciência (Vídeo no YouTube) |
Prada (2010)
também observa:
“É
inegável a existência de consciência nos animais, entretanto existe diferença
expressiva entre homens e animais.”
A ciência
humana e a espiritualidade nem sempre concordam, mas é interessante observar
que muitas vezes elas corroboram uma com a outra.
Por exemplo,
Charles Darwin em 1873 em seu livro “A
Expressão das Emoções no Homem e nos Animais”, observou:
“Nos humanos, algumas expressões, como o arrepiar dos
cabelos sob a influência de terror extremo, ou mostrar os dentes quando furioso
ao extremo, dificilmente podem ser compreendidas sem a crença de que o homem
existiu um dia numa forma mais inferior e animalesca.”
Allan Kardec
já em 1857 com a publicação de “O Livro dos Espíritos”, observou (questões 604
e 609, respectivamente):
“Tudo
se encadeia na natureza (…).” “Há sempre aneis que ligam as extremidades da cadeia
dos seres (...).”
Assim,
foi sugerida uma reflexão íntima a cada um que assistia a palestra: “Qual
é a relação que temos mantido com todos os irmãos animais? Daqueles que
cuidamos como filhos até aqueles que nunca vimos e que, ainda e infelizmente,
nos alimentamos deles?”
Imagem de artista polonês Paweł Kuczyński (Fonte: Catraca Livre) |
Certa vez, Jeremy
Bentham (1748-1832) citou:
“A questão não é: Os animais pensam? ou eles falam? A questão é: eles sofrem?”
Há
quanto tempo sabemos disto e nada fazemos? Saber que eles também possuem
consciência mudará a forma com que os tratamos?
Fica
a oportunidade de reflexão e talvez atitude.
Grande
abraço!
Blog: Alma Animal
Fernanda Vieira
Espírita,
vegetariana por filosofia de vida, doutoranda em bem-estar animal;
membro da União dos Atletas Vegetarianos (UNAVEG); estudiosa da
espiritualidade dos animais não-humanos. Coordenadora do blog Animais e o
Espiritismo.
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