quarta-feira, 4 de junho de 2014

Leon Tolstoy e os animais




  Leon Tolstoy




 


Se o homem aspira sinceramente viver uma vida real, sua primeira decisão deve ser abster-se de comer carne e não matar nenhum animal para comer.  

 

Falai aos animais, em lugar de lhes bater. 


O escritor russo Leon Tolstoy tornou-se vegetariano em 1885. Abandonando o esporte da caça; ele defendia o "pacifismo vegetariano" e era contrário a que se matassem mesmo as menores entidades vivas, tais como as formigas.

Ele sentia haver uma progressão natural da violência que conduzia inevitavelmente a sociedade humana à guerra. Em seu ensaio "O Primeiro Passo", Tolstoy escreveu que o consumo de carne é "simplesmente amoral, visto que envolve a execução de um ato contrário à conduta moral: matar". Tolstoy acreditava que, ao matar, " o homem suprime em si mesmo, desnecessariamente, a capacidade espiritual mais elevada - a de compaixão para com os seres vivos como ele - e, ao violar seus próprios sentimentos, torna-se cruel"

Como outros, Tolstói lamenta os que “olham e não vêem; ouvem e não escutam.” “Não existe”, escreve ele, “mau cheiro, som, monstruosidade aos quais o homem não consiga se acostumar a ponto de deixar” de ver, escutar e cheirar a aparência, o som e o odor do mal. 

Tolstói ouvira todas as razões antigas e conhecidas pelas quais matar animais
Boi branco
para comer é aceitável e até natural. Deus o permite. O costume o sanciona.
Seja o que for. Enfiar animais pela nossa goela é bom. Tolstói não pensa assim. 

Tolstói fez uma coisa que poucos de nós fizemos. Como recomenda Marti Kheel, ele foi diretamente à fonte do mal: visitou um matadouro. O cenário é a Rússia, a época, final do século XIX. “A princípio”, escreve ele:

“...senti vergonha (...) Ver com os meus próprios olhos a realidade da pergunta levantada quando se discute o vegetarianismo (...) Assim como todos sempre ficam envergonhados ao espiar um sofrimento que (...) não se pode evitar.” 

Uma vez no matadouro, Tolstói encontra trabalhadores que não gostam do seu serviço. Um açougueiro admite que comer carne não é necessário, Outro fica perturbado, “principalmente quando [os animais] são gado tranquilo, domesticado. Vêm, coitados, confiando em nós. É de dar muita pena.”  

Depois de observar horrorizado os animais maiores encontrarem o seu fim, Tolstói conta então que entrou “no compartimento onde os animais pequenos são abatidos — uma câmara com piso de asfalto e mesas com encosto, nas quais ovelhas e bezerros são mortos. Aqui o trabalho já quase terminou; na longa sala, já impregnada com o cheiro de sangue, só havia dois açougueiros. Um soprava a perna de um carneiro morto e batia no estômago inchado com a mão; o outro, um rapaz de avental emplastrado de sangue, fumava um cigarro torto. Não havia ninguém mais na câmara comprida e escura, cheia de um odor pesado. Depois de mim entrou um homem, aparentemente um ex-soldado, trazendo um jovem carneiro de um ano, preto com uma marca branca no pescoço, de patas amarradas. Este animal ele o pôs sobre uma das mesas, como se numa cama. O soldado velho saudou os açougueiros, que evidentemente conhecia, e começou a perguntar quando o seu patrão lhes permitiria ir embora. O camarada com o cigarro aproximou-se com o facão, afiou-o na borda da mesa e respondeu que estavam de folga nos feriados. O carneiro vivo estava ali deitado tão silencioso quanto o morto e inflado, a não ser por sacudir nervosamente o rabo curto e os lados a se alçarem com mais rapidez que de costume. O soldado baixou gentilmente, sem esforço, a sua cabeça levantada; o açougueiro, sem parar de conversar, agarrou com a mão esquerda a cabeça do carneiro e cortou-lhe a garganta. O animal tremeu e o rabinho endureceu e parou de abanar. O camarada, enquanto esperava o sangue correr, começou a reacender o seu cigarro, que se apagara. O sangue corria e o carneiro começou a agonizar. A conversa continuou sem a mínima interrupção. Era”, conclui Tolstói, “era horrivelmente revoltante.”

Para nós, hoje, seria um alívio descobrir que os matadouros de agora são menos “revoltantes” que aquele que Tolstói descreve. A verdade é bem outra, como documenta Gail Eisnitz em seu livro sobre a indústria americana do abate em geral, e do abate de porcos em particular. 

Suínos
O abate de porcos constitui uma variação do tema principal do setor de embalagem de carne. Os porcos são levados por um corredor estreito onde o “atordoador” lhes dá um choque elétrico que, supostamente, deixa-os inconscientes.  Então são presos a correntes pelas pernas traseiras, pendurados de cabeça para baixo e colocados numa esteira rolante onde encontram o “perfurador”, cujo trabalho é cortar a garganta dos animais. Depois de sangrar até a morte, os porcos são mergulhados num tanque de água fervente e depois eviscerados, sem que nunca recuperem a consciência. Pelo menos é assim que as coisas deveriam funcionar na teoria. Na prática, como Eisnitz descobriu depois de conversar com trabalhadores, o verdadeiro abate de porcos não combina com a teoria. 


Tom Regan - palestra no 1 Congresso Vegetariano Brasileiro e 

LatinoAmericano  

 

 

 

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