Tudo tem o seu lado
bom. Uma das boas coisas de envelhecer é não carregar mais tantas inquietações,
dúvidas como trazíamos anteriormente. São substituídas por divagações (quando durmo
sentado, digo que estou divagando). É muito legal ver onde e o que mudamos, o
que continua da mesma forma. "Lei da termodinâmica ou da entropia: A
tendência da energia de um corpo é degenerar-se e assim a desordem do corpo
aumenta". Quase tudo muda.
Há ideias que nunca nos ocorreram,
quem sabe por nunca termos buscado, por termos nos ocupados com outros
enfoques, outras atrações, oportunidades, etc., que, repentinamente, aparecem
sem mais nem menos. Crer ou dizer que estamos sendo apenados, quando as
circunstâncias que se nos apresentam são propostas de aprendizagem, de
reeducação amorosa do que perdemos por nossa incúria, má vontade e desleixo é
uma profunda ingratidão mesclada de desentendimento. Não compreendemos quando
nos foi exposto, deixamos passar e, assim, não dedicamos o valor que devíamos,
que merecia.
Por exemplo: a eutanásia definida
como: a prática ativa de se interromper a
vida de um paciente com doença em estágio
irreversível e sem possibilidade de melhora, com o
objetivo de cessar sua dor; o dicionário a define como “morte sem sofrimento". Continua o que era, o que significava
ou foi a visão que temos neste instante que tomou outra direção? Sou mais pela
segunda alternativa, pois não há dúvida que não encaro, não a vejo mais como há
algum tempo. Apresentaram-se novas conclusões.
Há pouco mais de um mês lendo o
artigo Reflexões sobre a eutanásia, de Juan Agustín Gómes (Blog Irmãos animais- Consciência humana, da companheira Simone Nardi), fui levado a ponderar sobre
esse tema. Até então não havia pensado, atentado sobre a eutanásia em animais,-nem nos seres humanos embora, de vez em
quando, ela me interessasse; porém nada profundo.
Que eles (animais) têm sentimentos,
emoções estamos cansados de saber e testemunhar. Só não vê quem não quer. Mas,
francamente, nunca havia refletido sobre o que poderiam sentir ao serem
condenados à morte por eutanásia (eles não escolheram). Imaginem o
desapontamento com seu "dono", "amigo humano" que até há
pouco tão carinhoso e amoroso se mostrava? E agora iria lhe tirar a vida! Que
inconstância! Como conviver com esses seres (inconsequentes?) que agem dessa
maneira? Tanta fidelidade dedicada a eles! E o retorno do animal ao mundo
espiritual?
Porém, e se isso acontecer, de
pensarem, de possuírem, estarem inclusos naquele princípio psicológico
mencionado/discutido (até em vegetais - vide Alquimia da mente de Hermínio
Miranda)? Será que ficarão tristes, magoados? Será que se decepcionarão? E
quanto aos nossos irmãos humanos desta caminhada? Entenderão, aceitarão se a
decisão da aplicação desta prática não partir deles mesmos, como ocorre com os
animais? É tão diferente? São
tão diferentes os conceitos de existência entre animais e humanos? Não vamos nem
entrar no julgamento dos motivos, interesses, pois este é um terreno, para mim,
escorregadio em demasia.
Sou contra a eutanásia. Estou pronto
a declarar, confirmar meu inconformismo
com ela em seres humanos ou animais. Contudo, será que estaria tão bem
preparado psicologicamente, emocionalmente, caso as circunstâncias se apresentassem
diversas, se algum ente querido, amado viesse a se encontrar em condições
dolorosas, sem possibilidades de melhora pela medicina nossa? Como será que
reagiria? Creio que não adotaria outro caminho, mas precisaria muita força para
suportar os momentos amargos e difíceis que, certamente, advirão.
Os obstáculos aparentemente
intransponíveis que pontificam em nossas existências, assim como as
dificuldades com que nos deparamos diariamente (doenças, problemas financeiros,
desilusões, etc.), não expressam, especificamente, um castigo, um pagamento por
erros cometidos em vidas transatas.
“Entretanto, não seria preciso crer que todo sofrimento neste mundo
seja, necessariamente, o indício de uma falta determinada; são frequentemente,
simples provas escolhidas pelo espírito para acabar sua depuração e apressar
seu adiantamento.” diz o Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. V, item 9.
Já paramos para colocar essas
questões nas balanças de nossas vidas? Eu não tinha parado ainda, e então
comecei a refletir. E porque? Porque só agora, após a leitura, após a
oportunidade de relembrar esse ponto ao qual poderemos estar sujeitos, após a
"divagação", me obriguei a lembrar das intempéries, da
transitoriedade em nossas existências. Só agora tentei me colocar no lugar das
pessoas que enfrentaram, enfrentam esses acontecimentos, uma boa parte pega de
surpresa. Sinto que seria melhor ter algo mais em que me basear do que
raciocínios, deduções, conclusões de improviso. Conhecer, entrar em contato, me
envolver nem que fosse um pouco, me daria mais segurança, mais conforto, mais
consolo se, num futuro, tivesse que me defrontar com um impasse dessa
proporção.
Na Antiguidade, era comum a crença no destino, um destino traçado pelos deuses que intervinham diretamente na vida humana. O destino inexorável contra o qual nada se poderia fazer. Cumpri-lo era a tarefa humana. Alguns heróis desafiavam-no, mas dificilmente conseguiam fugir dele. Com o advento da filosofia, o ser humano passa a ser responsável por conduzir sua existência, num primeiro momento, de acordo com princípios e fundamentos universais.
Conhecer princípios e fundamentos do
universo é necessário para dar o sentido correto à existência. Como o percurso
solitário no caminho do conhecimento pode ser enganoso, o diálogo investigativo
faz-se preciso para a descoberta de sentidos adequados à humanidade. Nossa responsabilidade passa a ser, não
apenas sobre nós mesmos, mas sobre a humanidade e o universo.
Não há mais determinação, há
deliberação. Assim, as escolhas humanas propiciam o sentido da existência.
Dizem nossos irmãos espirituais que a
consciência é o farol que ilumina a estrada a seguir, e forças é o que
almejamos caso venhamos a nos arrepender de inconveniências praticadas. Com a consciência
pacificada mais tranquilo e iluminado o caminho. Tratando-se de animais ou seres
humanos, não há diferenças quanto a VIDA.
Obrigado.
Durvalino Barreto, DB. Amigo e colaborador do Blog
Para saber mais leia:
Eutanásia nos animais
Osteosarcoma e homeopatia, o que é e como cuidar
Osteosarcoma X Homeopatia X Eutanásia
Eutanásia
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