Artigo do colaborador
Murillo Francisco Cason
A questão da
defesa dos animais e a natureza de modo geral, assim como as mudanças de
hábitos alimentares e comportamentais que vem ocorrendo de maneira crescente
nos dias atuais, nos faz refletirmos sobre essas questões de importância
fundamental para o espiritismo, considerando esse como sendo o cristianismo
redivivo e seus adeptos os novos cristãos.
Tendo em
vista esse quadro, percebemos que é praticamente nulo o debate entre os adeptos
da doutrina sobre a questão dos animais, a alimentação e demais comportamentos
e práticas onde esses nossos irmãos perante Deus são utilizados em nossa
sociedade.
Focarei o
ponto central desse texto apenas no aspecto referente ao nosso costume de nos
alimentarmos desses nossos irmãos, pois seria extensivo demais abordar todas as
questões que envolvem a exploração.
O
pouquíssimo estudo que é dedicado pelos espíritas sobre as realidades
espirituais e físicas desses nossos irmãos, reflete a falta de interesses dos
mesmos, fazendo com que gigantescas oportunidades de se praticar a caridade
sejam desperdiçadas.
Em minha
opinião, ocorre grave erro de interpretação não somente pelos espiritas, mas
por todos os demais cristãos a respeito da orientação do mestre Jesus sobre
amar ao próximo como a si mesmo.
Infelizmente,
o próximo, ainda tem ficado restrito somente a humanidade.
Com a
palavra irmão se dá o mesmo erro, assim como tudo aquilo que se refere a
caridade ao próximo, ficando essa circunscrita somente a humanidade.
Como
espíritas, sabemos que o espiritismo é uma doutrina que nunca se impôs e nunca irá
se impor sobre aspecto algum a seus adeptos pois é uma doutrina de razão e
raciocínios livres, tendo por missão demonstrar ao homem o melhor caminho a
seguir.
Assim sendo,
acredito que caiba ao espiritismo estudar com maior carinho e caridade a
questão do consumo de cadáveres de nossos irmãos.
O termo
cadáver desmistifica o termo carne que é utilizado para designar os pedaços de
irmãos menores que colocamos em nosso pratos.
O termo
carne tem por objetivo nos iludir e principalmente nos afastar do tão famoso
raciocínio que nós espiritas devemos aplicar sobre infinitas questões do
comportamento humano.
A palavra
carne, utilizada para designar alimento, afasta totalmente a ligação que existe
entre o pedaço de carne no prato, do ser vivo pensante, senciente, com
sentimentos e percepções muito próximas das nossas tais como, amor, ternura,
compaixão pelos semelhantes, medo, anseio de liberdade, convívio social, dor,
dentre dezenas de outros pontos de conexão entre nós e os animais que devoramos
avidamente.
Já o termo
cadáver nos traz à realidade do verdadeiro significado daquele pedaço de
matéria em nosso prato.
Meu objetivo
como disse anteriormente, não é impor e nem provar nada, pois acredito que pela
lógica de raciocínio fica muito fácil enxergarmos a realidade, não citando
assim extensivas pesquisas cientificas que cada vez mais vem apontando para
dois aspectos importantíssimos e que são ainda infelizmente ignorados por
muitas pessoas que são:
1º - Bois,
galinhas e porcos, sendo esses os 3 principais grupos dos quais o ser humano se
alimenta, possuem alta capacidade cognitiva sendo provado em diversas pesquisas
as habilidades perceptivas e sentimentais que citei acima como: medo, dor,
compaixão e total noção do mal que está sendo cometido com o indivíduo.
2º- Várias
pesquisas tem demonstrado os males que o consumo de carne traz para o ser
humano e os benefícios de uma dieta vegetariana, ou de preferência vegana.
Somente por
esses dois aspectos que a ciência humana nos tem demonstrado, temos motivos
mais que suficientes para dedicarmos maior atenção a questão dos animais e
nossa alimentação.
Como se não
bastasse os fatos incontestáveis que a ciência terrena nos vem demonstrando, a
literatura espirita contém diversas páginas de benfeitores espirituais a esse
respeito, dentre eles nosso querido Emmanuel pelas mãos abençoadas de Chico
Xavier.
Cito abaixo
um trecho de uma dessas comunicações encontrada na questão 129 da obra O Consolador:
É um erro
alimentar-se o homem com a carne dos irracionais?
R: “A
ingestão de vísceras dos animais é um erro de enormes consequências do qual
deriva numerosos vícios da nutrição humana. É de lastimar semelhante situação,
mesmo porque, se o estado de materialidade da criatura exige a cooperação de
determinadas vitaminas, esses valores nutritivos podem ser encontrados nos
produtos de origem vegetal, sem a necessidade absoluta dos matadouros e
frigoríficos”.
Também temos
no livro Cartas e Crônicas ditado pelo irmão X a seguinte recomendação:
“Comece a
renovação de seus costumes pelo prato de cada dia. Diminua gradativamente a
volúpia de comer a carne dos animais. O cemitério na barriga é um tormento,
depois da grande transição. O lombo de porco ou o bife de vitela, temperados
com sal e pimenta, não nos situam muito longe dos nossos antepassados, os
tamoios e os caiapós, que se devoravam uns aos outros.”
Acredito que
as palavras de Emmanuel e irmão X sejam bem claras a respeito do mal que
causamos a nós mesmos com a ingestão de cadáveres e também fica claro o fato de
não haver nenhuma necessidade para nós da carne, pois tudo o que nosso corpo
físico necessita encontramos nas vastas classes de vegetais.
Todos esses
aspectos tem por objetivo despertar as pessoas a utilizarem o raciocínio para
um assunto do qual a esmagadora maioria permanece adormecida, principalmente
nós espiritas que possuímos a benção dos espiritismo em nossas vidas e que
juntamente com todo o conhecimento que a doutrina nos traz, vem uma enorme
responsabilidade diante de todo esse conhecimento. Responsabilidade perante nós
mesmos e nosso próximo seja ele humano ou não humano.
Muitos
espiritas contestam a abstenção de carne citando as palavras de Jesus onde ele
diz que não é o que entra pela boca do homem que o torna impuro, mas o que sai
dela. Pois bem, são nossas ações, palavras e pensamentos que nos torna impuro.
Seguindo essa linha de raciocínio, o ato de assinarmos uma procuração para que
outra pessoa mate um ser vivo consciente de si mesmo para nos alimentarmos de
seu cadáver é um ato que nos torna impuros.
Somos culpados
pelo humano que executa a nossa “procuração” e pelo animal que é morto, pois já
vimos que não precisamos de absolutamente nada de origem animal para nos
mantermos. Aliás, a proporção é essa: Quanto maior for o consumo de produtos de
origem animal, maiores serão as chances de causarmos males físicos ao nosso
organismo.
E por sua
vez, quanto menor for essa quantidade consumida, mais saudáveis seremos
fisicamente, logo, também somos culpados pelas doenças que geramos em nosso
próprio corpo pelo descaso que cometemos ao ingerirmos produtos provenientes
desses nossos irmãos, principalmente seu cadáver.
Outro
aspecto muito importante que demonstra a gritante falta de caridade que é
consumir nossos irmãos é o fato de que ao fazermos isso, não contribuímos somente
para que esses semelhantes tenham uma existência de escravidão, sofrimento e
morte, mas também contribuímos para perpetuar a fome de outros seres humanos no
mundo todo.
Consumir o
cadáver de animais é o meio mais elitista, especista e menos inteligente e sustentável
de se alimentar, pois a quantidade de pessoas que podem ser alimentadas com os
mais diversos vegetais, se esses fossem destinados a alimentar pessoas e não os
animais nas fazendas, seria enormemente superior.
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Quadro Agropecuária e a destruição do Planeta Terra |
Cerca de 45%
da área terrestre mundial está ocupada pela criação de animais.
Para se
produzir 1 hambúrguer são necessários 2.500L de água, o equivalente a 2 meses
de banhos.
Podemos
utilizar 1,5 acres de terra para produzir 18.650 kg de alimentos vegetais, ou
podemos utilizar o mesmo 1,5 acres de terra para produzir apenas 170 kg de
carne.
Para
alimentar uma pessoa com uma dieta vegana (sem nenhum produto de origem animal)
por 1 ano é necessário 1/6 de acre de terra.
Já para
alimentar uma pessoa com uma dieta carnívora se faz necessário utilizar uma
área de terra 18 vezes maior.
Portanto, o
espirita que pratica a caridade doando alimento aos mais necessitados, ao
chegar em casa e comer o seu “inocente” bifinho, retirou alimento da boca de 18
pessoas.
Não se conclui
com isso que a caridade praticada por uma pessoa com uma dieta carnívora seja invalida,
pois o que vale é a intenção.
Acreditamos
que o ponto central de toda essa questão se resume à seguinte frase: “Conhecereis
a verdade e a verdade vos libertará.”
Atualmente
somos pouco mais de 7 bilhões de seres humanos encarnados no planeta.
Assim sendo,
para satisfazer a volúpia por carne que domina a maioria da população mundial,
assassinamos todos os anos o número inacreditável de 56 bilhões de animais
terrestres.
Os seres
aquáticos não são contabilizados devido a esse número ser muito superior e de
difícil contagem.
Cinquenta e
seis bilhões anuais. Esse é o número do maior e mais oculto genocídio do
planeta. Número esse ignorado pela maioria da população mundial.
Tomando por
base esse número, podemos compreender melhor um dos fatores que tem
impulsionado os seres humanos a matar uns aos outros em números cada vez
maiores.
Derramamento
de sangue, gera derramamento de sangue.
Morte gera
morte.
Seria duvidar da bondade de Deus a todos os seus filhos que o clamor
desses bilhões de irmãozinhos não tenha chegado até o Criador.
Os animais
olham para o homem esperando encontrar anjos que os auxiliem, dando carinho e
amor, entretanto, ao invés de anjos, eles tem encontrado demônios.
Esperam
encontrar mãos que tragam auxilio, carinho e direcionamento, entretanto,
encontram mãos empunhando o cutelo a rasgar suas gargantas, lâminas em brasa a
cortarem seus bicos e armas de choque a guia-los para morte.
Como podemos
esperar que as mulheres não cometam o infanticídio do aborto, se consumimos os
ovos das galinhas e trituramos vivos diariamente milhões de pintinhos machos,
simplesmente porque não são úteis à indústria dos ovos.
Como esperar
que homens não estuprem mulheres, se diariamente estupramos milhares de vacas
inseminando-as artificialmente para que engravidem, produzam leite e ao darem a
luz a seus filhos esses sejam retirados de seus cuidados e trancados em baias
minúsculas para que não se movimentem e não criem músculos, e então, dentro de
alguns meses sejam assassinados para termos em nossos pratos o baby bife, a
famosa carne de vitela.
Assuntos
“polêmicos” como a ingestão de carne são evitados pelos palestrantes e estudiosos
do meio espírita.
Porém, não
podemos continuar em nossas zonas de conforto porque os tempos são chegados.
Nós
espiritas devemos sim, começarmos a nos preocupar com essas questões e darmos a
elas e aos nossos irmãos animais o devido respeito e importância que merecem.
Se os
espíritas, através do exemplo, não levantarem a bandeira da defesa dos direitos
dos animais, da abolição de sua escravidão, quem o fará? Qual instituição
religiosa?
Se os
espíritas, através do exemplo, não levantarem a bandeira de uma alimentação
mais compassiva, neutra de crueldade, rica em compaixão e igualdade, com são as
dietas vegetariana e vegana, quem o fará?
Se nós que
pregamos a caridade como único meio de salvação não tivermos caridade para com
os seres inferiores da criação, colocados por Deus ao nosso lado para que os
auxiliemos a progredir e não para explorarmos e devorarmos, quem a terá?
Se nós que
possuímos vasto depósito da leis de Deus em nossas mãos não conseguirmos
enxergar essa gravíssima realidade que afeta massivamente humanos e não
humanos, quem enxergará?
Corremos o
risco de cairmos no mesmo erro em que os antigos Hebreus caíram, nos fechando
no exclusivismo.
Exclusivismo
esse não mais de povo, ou de raça, mas de espécie.
Os adeptos
do espiritismo, sendo essa uma doutrina progressista, tem por obrigação
acompanhar não somente o progresso cientifico, mas também o progresso moral e
social.
O
vegetarianismo, deveria ser pratica natural dentre os espíritas pois o
vegetarianismo e principalmente o veganismo, nada mais são do que a pratica do
amor ao próximo. Próximo humano e não humano.
Sendo assim,
a pratica do vegetarianismo não consistiria em estar agregando uma pratica
alheia ao espiritismo, estando esse, implícito dentro dos postulados da
doutrina.
Que outro
ensinamento estamos aguardando que os espíritos superiores nos tragam para
finalmente derrubarmos as barreiras de uma caridade especista, e praticarmos a
caridade completa, universal e divina, estendendo a todos os seres da criação o
nosso amor e auxilio, lavando nossos olhos na piscina de Siloé, onde deixaremos
que a lama material que encobre nossos olhos seja retirada, não mais enxergando
esses nossos irmãos pelos olhos da matéria onde tão avidamente desejamos
devorar seus corpos de carne com a desculpa em nossos lábios de que
necessitamos deles para nos nutrirmos, sendo que na verdade egoisticamente
buscamos somente satisfazer nosso paladar.
Que nesses
tempos de transição, renovemos nosso conceito sobre quem é nosso próximo e passemos
a enxergar a verdadeira caridade que não distingue o irmão de humanidade do
irmão que momentaneamente se encontra em estágios evolutivos anteriores,
caminhando para o mesmo destino que nós.
Despertemos
a consciência adormecida do homem, para que os animais possam finalmente
dormirem em paz.
Murillo Francisco
Cason
Referências:
Documentário:
Cowspiracy – A conspiração da vaca.
Livros:
O
Consolador – Chico Xavier pelo espírito Emmanuel - Ano
– 1941 / Editora – FEB
Cartas
e Crônicas - Chico Xavier pelo espírito
Humberto de Campos Ano 1966/ Editora FEB
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