segunda-feira, 14 de julho de 2014

Educação brasileira: uma visão filosófica


   Uma verdadeira transformação na educação praticada no país não deve ignorar um dos atos mais sublimes da humanidade: o pensamento livre e responsável


Por Simone de Nardi Grama*





Ler e escrever não são suficientes para perfilar a plenitude da cidadania.
Paulo Freire

Paulo Freire
O pedagogo e filósofo da educação pernambucano Paulo Reglus Neves Freire (1921-1997) é, possivelmente, o educador brasileiro mais citado no mundo. Seus livros Pedagogia da autonomia e Pedagogia da esperança condensam em suas páginas os pressupostos de seu método Pedagogia do Oprimido, de inspiração marxista, porém admirado até mesmo por pensadores de outras vertentes por ser um método eficaz de alfabetização de populações carentes. Filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT), foi secretário de Educação na gestão da prefeita de São Paulo Luiza Erundina. Saiba mais no site www.paulofreire.org
Os problemas da educação no Brasil são vários: um País gigante, marcado por enormes diferenças socioculturais, sobretudo pela pobreza e pelo desinteresse dos governos no que tange a educação de seus tutelados. Não é fácil resolver um problema assim, nem o desejamos ou temos competência para tal, porém alguns problemas podem ser resolvidos com o incentivo e a permissão da liberdade de se realizar um dos atos mais simples que nos é permitido: o ato de pensar. O pensamento livre gera, queiramos ou não, uma ação, e Sartre deixa claro que a única coisa que não podemos fazer é não escolher, pois não escolher já é em si mesmo uma escolha.

Hoje a educação tem conseguido chegar aos lugares mais distantes por meio da internet, mas a verdadeira educação não é apenas a transmissão de conhecimentos acadêmicos para esses alunos, e esses alunos igualmente não precisam se abastecer dessa enorme quantidade de conhecimentos apenas para retransmiti-las aos seus futuros alunos, em um círculo vicioso que pode chamar-se de tudo, menos de um "processo educacional".

O existencialismo nos diz que estamos todos realmente condenados a "liberdade", pois "escolhemos" nosso destino e com isso, o destino de todos aqueles que nos cercam, por isso nossa angustia, de sabermo-nos responsáveis não somente por nós mesmos, mas por todo o planeta. Mas essa nossa resignação, esse nosso conformismo com a situação na qual toda a sociedade está mergulhada e que a nosso ver parece-nos algo totalmente "natural nos permitiria ver que não somos realmente livres, independente de nossas escolhas e de nossas vontades? Essa é a importância de se discernir o que é e como deve ser a educação: será que estamos mesmos libertos?

EXISTENCIALISMO E EDUCAÇÃO


Jean Paul Sartre, em sua filosofia existencialista dizia que a existência precede a essência, ou seja, que o ser humano primeiro vai existir para somente depois disso se definir, escolher e agir conforme lhe aprouver, e não ao contrário como diziam os cristãos - que o ser humano já vinha com uma essência para ser bom ou ruim pré-definida por Deus - para Sartre, é o ser humano, e não Deus, que irá construir sua essência a partir de sua existência. Sendo assim, o ser humano pode escolher entre o bem e o mal, o que não lhe será possível é não escolher, pois mesmo não escolhendo já está agindo e nesse ato, acaba levando consigo a responsabilidade dessa ação, pois a condição humana é a de estar no mundo, de existir, de escolher ou não, de se acomodar ou de se redefinir dentro de seu projeto de vida, já que é o ser humano que se define e se torna aquilo que escolher ser: o ser humano é aquilo que é por sua própria decisão. E para construir sua essência, tudo que ele fizer dependerá única e exclusivamente de suas decisões, optando por tornar-se livre ou autêntico, ou simplesmente acomodar-se, permanecendo inautêntico, perdendo sua identidade em meio ao rebanho social, tornando-se o que Sartre vai chamar de homem de má fé, pois culpará a Deus e aos demais, pelo que sua essência se tornou, e sua covardia não lhe permitiu assumir o risco da liberdade. "Assim, o primeiro esforço do existencialismo é o de pôr todo homem no domínio do que ele é e de lhe atribuir a total responsabilidade por sua existência." (Sartre, pg. 6).

Se, por outro lado, o ser humano quiser assumir tal risco, enfrentará a possibilidade da morte, a finitude do ser, o nada, que o levará a angústia diante do fato de reconhecer que tanto sua vida quanto seus projetos terão um fim e por saber-se responsável, diante de suas escolhas, não apenas por si mesmo, mas por todos os outros seres que o cercam, porém reconhecendo nessa angústia o caminho que o levará a tornar-se um ser autêntico, construidor de sua própria essência: "[...] o homem ligado por um compromisso e que se dá conta que não é apenas aquele que escolhe ser, mas de que é também um legislador pronto a escolher, ao mesmo tempo que a si próprio, a humanidade inteira, não poderia escapar ao sentimento da sua total e profunda responsabilidade". (Sartre, pg.7)

Diferente do imperativo categórico de Kant, que diz : "Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal", conforme é descrito no artigo de a Mauro Celso Destácio, Sartre não universaliza a escolha do agir dessa ou daquela maneira, mas coloca que esse ou aquele modo de vida pode ou não ser possível, mas é cada um que deve escolher seu caminho, escolha o bem ou o mal estará sozinho nessa decisão que envolverá os demais seres, se for bom para ele, pode não ser bom para os demais, mesmo assim será uma escolha dele, sendo que pode não ser bom nem aos demais e posteriormente nem mesmo à ele, porém mais uma vez ele será o único responsável por isso, já que for exercida sua própria liberdade no exato momento desse decidir, desse agir em meio a sociedade, o que o levará a consequência dessa ação e a novas escolhas e assim até autoconstruir-se.

Mauro Celso Destácio

Formado em Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP), o professor, jornalista, revisor de textos e divulgador científico Mauro Celso Destácio leciona na Legulus Cursos de Difusão Cultural.
Por isso o existencialismo de Sartre nos diz que educar é possibilitar a construção dessa essência humana por meio da liberdade, transformando o ser humano de um ser inautêntico para um ser autêntico, desde que ele escolha isso, tirando- o da massa social cheia de determinismos e dogmatismos, fazendo-o correr o risco de tornar- se diferente dos demais e de ser muitas vezes punido por isso, de angustiar-se diante disso, mas possibilitando-o de construir a si mesmo.

Se, por outro lado, a educação for mera reprodutora, for dogmática e impositora de antigos conceitos sem respeitar a liberdade dos seres, tal educação não serviria para Sartre, pois manteria os seres humanos nessa massa social submissa da qual a escolha pela liberdade poderia arrancá-los.

Para o existencialismo a educação deve ser aquela que irá libertar os seres humanos dessa moral de aceitação e submissão onde a sociedade se encontra presa, permitindo que cada ser humano se construa a si mesmo, pois optando pela liberdade tal ser humano já demonstra coragem, atitude e mais do que isso, responsabilidade não apenas por si mesmo. E deve ser, para o existencialismo, a educação que deverá mostrar esse caminho de escolhas e decisões, que deverá mostrar que a liberdade de cada um dos indivíduos está vinculada a responsabilidade pelos outros, já que para o existencialismo o ser humano, como ser individual, ao escolher não é responsável apenas por si mesmo, mas responsável frente suas escolhas por toda a humanidade, o que só pode ocorrer dentro de uma educação libertadora, que incentive o pensar e a reflexão, que ouça e que troque com outros seres, novos saberes, novas verdades, possibilitando que os seres humanos possam escolher, agir e construir cada um, sua própria essência.



FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO



Educação não doutrinária
Somos todos doutrinados socialmente, para vivermos como a sociedade assim o deseja, cada qual dentro do seu papel, mas será que isso é o correto? Temos oportunidade de saber qual o papel de cada um ou isso já vem da antiguidade? O certo é que temos, desde que assim queiramos, a opção de mudarmos e com isso, transformar igualmente a sociedade.

Como podemos compreender a Filosofia da Educação? Primeiro devemos nos lembrar de pensar separadamente o que significa uma e outra, reconhecendo que a resposta será diferente dependendo da variação da resposta que as questões "O que é Educação" e "O que é Filosofia?", nos trouxer, mas podemos de certa forma, afirmar que filosofia é questionamento, reflexão e análise crítica das coisas, um pensamento que pensa sobre si mesmo, um novo discurso analítico sobre o discurso. É do ato, da ação da Filosofia, o refletir. Educação não é apenas a repetição de saberes, mas a informação que visa despertar o interesse pela reflexão. Sendo assim, podemos de certa forma também compreender Filosofia da Educação como aquela que incentiva a liberdade da reflexão, a investigação dessa disciplina de educação, clarificando os conceitos do que possa ser a educação, palavra que todos falam, mas poucos sabem o que é.


O que é então Educação? Repetição de saberes, formação de profissionais, formação de seres humanos, desenvolvimento de habilidades, domesticação, manutenção de pessoas pré-moldadas pela sociedade ou uma forma de libertar para refletir e agir? A educação está dentro de todas essas questões e de muitas outras mais, porque ela envolve relações humanas de respeito, tradições culturais, mudança de valores, capacitação e formação moral e ética para proporcionar uma convivência social no campo do ensino e da aprendizagem. E aqui é preciso frisar que nem sempre o ensino está atrelado à aprendizagem, pois o ato de ensinar pode não preencher as lacunas do aprendizado, sendo o ensino, apenas a repetição de normas, saberes, verdades paradigmáticas que não correspondem com a situação acadêmica, seja consciencial, individual e social dos alunos. Eles podem ouvir o professor falar durante duas horas, porém isso não significa que o entendam e mais que isso, que aprendam algo a respeito do que o educador fala.


Normalmente pode-se entender ensino como a necessidade de repassar para os alunos, valores que são considerados pela sociedade, de grande importância, porém os valores da sociedade, e nós somos a sociedade, mudam constantemente. Como então repassar permanentemente esses valores aos alunos? Podemos exemplificar alguns casos da mudança de valores que as escolas ainda rejeitam trocar com seus alunos: hoje o veganismo é um valor crescente dentro do âmbito mundial, a cada dia seu número aumenta provando que é possível ao ser humano sobreviver sem alimentos de origem animal, porém dentro do ensino educacional, muitos professores ainda repetem aos seus alunos a pirâmide alimentar onde a carne, segundo a visão secular e dogmatista, ainda é necessária ao organismo e que sem ela a alimentação se tornaria deficiente. Não há o acompanhamento da realidade do dia a dia que nega tal fato e o educador, aprisionado pela retransmissão de valores que a sociedade exige e da qual igualmente foi vítima, acaba por aprisionar mais alunos nessa mesma visão, evitando a troca de saberes entre ambos, evitando o olhar para a concretude cotidiana que lhe mostraria a transformação que está ocorrendo no mundo fora das paredes institucionais.Temos, então, apenas a retransmissão de um ensino que foi "ensinado" e não "aprendido", um ensino fechado sem possibilidade de troca de saberes e experiências, que não leva a reflexão e portanto, não leva a um novo saber, a uma nova descoberta.


Isso nos mostra que a educação deve ser constante troca de saberes entre teorias e realidades, um olhar constante para a sociedade e para as transformações que nela ocorrem, o que impediria que a educação fosse considerada apenas ensino e permitindo então que se transforme em aprendizagem, para libertar e incentivar o pensamento de cada um, para propiciar a busca por mais respostas e finalmente chegar-se a escolha, a ação que irá definir cada indivíduo e a sociedade na qual ele vive.

EDUCAÇÃO COMO LIBERTADORA


E o que é esse pensável do qual Heidegger nos fala? A educação é o pensável, pois está em tudo desde o berço; educar é conscientizar para transformar - transformação é ação vinda da reflexão. Podemos olhar a educação como uma ferramenta que pode organizar, impulsionar as pessoas a buscarem uma liberdade e uma educação não doutrinária, que pode fazê-las ir contra as injustiças e dar a todos uma vida mais digna, o que implica em escolher entre libertar-se ou deixar-se levar pela enorme massa social, o rebanho nitzscheriano, onde pode-se perder a identidade, tornando a todos seres inautênticos com vidas inautênticas ou assumir a responsabilidade de tornar-se livre e realmente autêntico o que, segundo Sartre, colocará o ser diante da angústia, diante do nada e da possibilidade da morte, o que o desafiará a se construir como um ser humano autêntico. Utopia? Segundo a Profa. Dra. Roseli Fischmann, é a utopia que nos impulsiona a caminhar, a descobrir e a construir. O que precisamos descobrir é se isso nos é permitido.

Roseli Fischma
Mestre, doutora e livredocente em Educação pela Universidade de São Paulo (USP) e titular na Universidade Metodista de São Paulo (Umesp. Foi Visiting Scholar na University Harvard e consultora do Ministério das Relações Exteriores, do Ministério da Educação e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento no Brasil.
Educar não é apenas repetir, folhear livros e decorar, educar é instruir no caminho humanístico da moral e da ética crítica, é olhar o outro com os olhos dele também, e não apenas com o nosso olhar. Dentro da educação, podemos ver que não são apenas os conteúdos transmitidos aos alunos que são de suma importância, ainda mais hoje em dia com a crescente ideia de "globalização", "crescimento", "ganhos financeiros", onde se formam engenheiros, médicos, dentistas, filósofos, ao invés de se formarem verdadeiros seres humanos formados nessas disciplinas, por isso a relação indivíduo-sujeito, professor-aluno deve ser vista como algo de grande importância, deixando a formação dos seres apenas para o "ter" e passando a formação dos seres para o "ser", desde que nosso sistema educacional também nos permita isso. O conhecimento dentro do campo da educação deve ser socializado, visando-se a troca de experiência, de saberes entre alunos e professores, tendo como meta transformar o ser inautêntico em um ser autêntico, tirando-o do rebanho social onde a sociedade o coloca, de forma a igualmente transformar essa sociedade que domina e explora. O esforço educacional deve ser aquele voltado a construir o bem, pois parando para analisar essa relação, professor-aluno, podemos notar a responsabilidade que será transmitida por meio do ensino, pois pode, ela, ser um instrumento que servirá apenas como doutrinação ou domesticação desses novos "profissionais" ou instrumento social de libertação, de escolha de decisões desses novos seres humanos, sendo assim, qualquer outro tipo de educação que promova a reprodução de saberes, que seja normativa, não cabe dentro da visão existencialista, pois deste modo, não permitiria as pessoas de se libertarem da grande massa inautêntica, submissa e escrava que a cerca. A educação, livre também desses grilhões, poderá permitir que as pessoas se construam, lutem e assumam a responsabilidade que a liberdade lhes traz.

DE QUE FORMA A EDUCAÇÃO FARÁ ISSO?


Segundo o existencialismo de Sartre, permitindo que todos possam enxergar os caminhos que levem à liberdade, da liberdade à responsabilidade e da responsabilidade ao desafio da morte e da angústia, pois estando livre e sendo responsável, cada um saberá que sua responsabilidade não se aplica somente a elas, mas a todos que a cercam, construindo assim, como já foi dito, uma sociedade mais digna.

Essa tomada de consciência, através da educação, permite também que as pessoas mudem a realidade a sua volta, essa temporalidade permite ao homem angustiar-se e assim reconstruir-se, ao se transformar ele igualmente pode transformar a sociedade, tornando-se mais participante dentro dela seja em termos culturais, políticos ou econômicos.Pink Floyd
  Criada em Cambrige, Reino Unido, em 1965, a banda Pink Floyd é o principal grupo de rock progressivo e psicodélico da história. Sua formação original contava com Roger Waters, Nick Manson, Richard Wright e Sid Barret (1946-2006). David Gilmour entrou logo em seguida. Pink Floyd é responsável por pelo menos três álbuns clássicos da história do rock: The Piper at the Gates of Dawn (1967) The Dark Side of the Moon (1973) e The Wall (1978).

Pink Floyd
Criada em Cambrige, Reino Unido, em 1965, a banda Pink Floyd é o principal grupo de rock progressivo e psicodélico da história. Sua formação original contava com Roger Waters, Nick Manson, Richard Wright e Sid Barret (1946-2006). David Gilmour entrou logo em seguida. Pink Floyd é responsável por pelo menos três álbuns clássicos da história do rock: The Piper at the Gates of Dawn (1967) The Dark Side of the Moon (1973) e The Wall (1978)
O que podemos concluir ao relacionar o existencialismo com a nossa realidade, é que atualmente a educação não educa, apenas repassa antigos conhecimentos porque não se aproxima dos educandos como deveria, a educação não os vê, não os enxerga como seres distintos com possibilidade de se tornarem autênticos, mas apenas como uma massa a ser preparada para a sociedade, cada um ocupando o lugar que lhe é devido. A educação deixa de ser libertadora para se tornar uma opressora aos que realmente se encontram libertos, cumprindo assim o papel de sistematizadora e mantenedora da dominação.

Mas, se a educação liberta como nos dizem vários autores, o que faremos se o aluno não quiser se libertar? Esse é dos muitos problemas no campo educacional, definir não só a liberdade, mas o desejo dela por parte dos alunos, porque já sabemos que a liberdade de agir, de pensar, de decidir, nos traz com ela a responsabilidade pelo outro, e que junto a isso vem também a angústia, e não são todos os alunos ou até mesmo os professores que, estejam preparados ou não, desejam encarar esse desafio. Como encarar isso, como falha, ou como respeito ao desejo de cada um, ou como mais uma manobra do sistema educacional para manter a sociedade resignada?

Esse um dos grandes problemas da educação brasileira.

"Os alunos não são apenas outro tijolo no muro", cantou a banda Pink Floyd em sua canção "The Wall". Se os alunos não são apenas outro tijolo no muro, como encarar cada aluno? Como libertar aqueles que não querem ser libertos, ainda mais dentro de suas culturas e tradições? Como encarar esse sistema educacional que forma profissionais e não seres humanos? Que mantém a sociedade estática, com cada classe obedientemente resignada para aquilo que já é, no lugar onde já está?

É um grande desafio da educação brasileira, marcada por grandes diferenças sociais, onde alguns são privilegiados e não se importam e os que se importam não alcançam, muitas vezes, uma educação de nível mais qualificado (um ensino que realmente liberte), ou seja, tal questão está muito além do próprio ensino educacional, mas vem de longe, de gerações de famílias que ou não tiveram acesso a educação ou tiveram um acesso precário e de baixa qualidade, em um sistema que igualmente, na maioria das vezes, não lhes traz a oportunidade de se desenvolverem plenamente. Dentro de uma educação muitas vezes baseada na repetição do saber eurocêntrico e que não serve para resolver os problemas da realidade brasileira. Seria preciso, assumir a cultura brasileira, não apenas a construção dos valores e saberes brasileiros, mas a valorização do pensamento topológico por meio da não referência.


E esbarramos em nossa primeira dificuldade: como respeitar os costumes e tradições de cada região, e isso em relação aos alunos e suas escolhas? A educação deve basear-se não apenas nas teorias, mas também na realidade sociocultural. Pensando assim podemos dizer que seria certo levar a cultura regional para a sala de aula a fim de incluí-la no aprendizado, porém, deve-se ter em mente que muitas culturas e tradições deveriam ter sido abolidas há muitos anos. É dever de um educador respeitar seus alunos, porém é seu dever informar. Vamos pensar globalmente nesse momento e pegar uma visão violenta que embora não ocorra em nosso País, vale como uma troca de saber para pesarmos a responsabilidade que envolve o respeito, embora um relato estrangeiro, servirá para fortalecer e construir a nossa própria visão: em muitas culturas, ainda persiste a subjugação violenta das mulheres, em alguns casos com a mutilação genital feminina, sabemos que esse pensamento violento para nós, é algo natural para aquela cultura, porém envolve a morte de mais de 600 mil meninas por ano devido às intensas hemorragias. O que fazer então? Respeitar a cultura ou informar? Essa é uma questão e um problema no campo educacional que obviamente não ocorre no Brasil, mas que sabemos que como qualquer outra cultura de violência, só pode desaparecer através da mudança de mentalidade dos envolvidos e isso depende de como o educador vai abordar o fato ligado as raízes culturais daquela região. Isso poderia acontecer em casos mais simples e aqui mesmo em nosso País, como na cultura enraizada da farra do boi ou das vaquejadas, na cultura dos rodeios e circos, porém em todos esses casos é preciso antes de tudo libertar-se, para somente depois "informar para libertar".

Outra questão que nos chama a atenção, é que algumas escolas/universidades, em alguns casos, não estão preparadas para os alunos, para essa troca de conhecimento, esquecendo das diferenças e interesses de cada ser humano ali presente, e acabam usando o mesmo método para todos, preparando a massa de forma uniforme, baseadas apenas em conhecimentos técnicos, não propiciando assim uma abordagem mais concreta da sociedade, não permitindo ao educador buscar novos saberes que poderão ser problematizados dentro das salas de aula e assim incentivar os alunos a buscarem por novas respostas: "É claro, portanto, que a ideia de um método estático ou de uma teoria estática de racionalidade funda-se em uma concepção demasiado ingênua do homem e de sua circunstância social. Os que tomam do rico material da história, sem a preocupação de empobrecê-lo para agradar a seus baixos instintos, a seu anseio de segurança intelectual (que se manifesta como desejo de clareza, precisão, 'objetividade', 'verdade')" (Feyerabend, p. 54).

Mutilação genital
A oblação genital é realizada em cerca de três milhões de meninas por ano em regiões da África, Ásia e Oriente Médio, segundo dados de organizações como o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef, em inglês United Nations Children's Fund).
Tendo o educador a função de educar e não apenas de transmitir conhecimentos, e respeitando ainda o interesse de cada aluno e valendo-se da não referência, ele não falha ao trocar saberes com seus alunos, mesmo aqueles que não desejam ouvi-lo, pois o papel da educação é informar, é conscientizar para que cada um possa fazer sua escolha, consciente daquilo que está fazendo. A educação pode desmitificar inúmeras verdades que hoje não mais se sustentam, demonstrar novos caminhos, novas possibilidades de vida, de forma a que cada um passe a enxergar o todo, e não apenas aquilo que a sociedade modela, a escolha no entanto continua sendo de cada um. Porém esbarramos em outra questão: como libertar o oprimido estando também agrilhoado aos antigos pensamentos e sistemas educacionais?

Althusser
Louis Althusser (1918- 1990) foi um filósofo franco-argelino que frequentou a École Normale Superieure, na qual se tornaria professor, após servir na II Guerra Mundial e ser feito prisioneiro em um campo de concentração após a invasão do exército nazista à França. Filiado ao Partido Comunista Francês. Sua mescla de marxismo e estruturalismo fez muito sucesso nos anos 1950 e 1960, mas foi recebendo críticas fortes ao longo dos anos.

SOMENTE O LIBERTO PODE LIBERTAR!


Dentre os muitos problemas educacionais há também o fato de muitos professores não estarem, eles mesmos, libertos do dogmatismo educacional, da visão determinista que ainda rege pais, alunos e professores. O que queremos dizer? Podemos dar outro exemplo simples voltado a Ética Biocêntrica e aos Direitos dos não humanos, ambos os assuntos já no cenário filosófico já há alguns anos, mas que até então não tiveram, na maioria das escolas ou universidades, sua inclusão de forma plena no campo educacional repassada aos alunos, salvo alguns poucos professores que tentam incentivar a reflexão nesse campo e que esbarram com inúmeros problemas, entre eles pais e outros professores. Leon Denis, professor de Filosofia do ensino médio da rede estadual de São Paulo, pioneiro do ensino de Direito Animal em escolas públicas do Brasil, que tem enfrentado problemas para passar aos alunos mais do que o sistema educacional lhes impõe. Educar, desde sempre, deveria ser educar para uma vida harmoniosamente plena, de modo que cada aluno, ciente de suas escolhas e de suas responsabilidades para com os outros, pudesse então repensar suas escolhas em relação a como elas iriam influir em termos gerais, o que nos leva também a pensar em termos humanísticos, pois o aquecimento global, a desertificação de algumas regiões, a poluição das águas e dos lençóis freáticos, bem como a morte de bilhões de animais não humanos todos os anos, não é um problema distante dos seres humanos, ao contrário, é um problema gritante entre todos, e que o sistema educacional ignora grande parte das vezes. Esse antropocentrismo exagerado no campo educacional, não ajuda a diminuir esses problemas, não melhora as nossas relações sociais, nem liberta o oprimido, ao mesmo tempo em que não incentiva os alunos a uma reflexão sobre isso, esquecendo- se que tal pensamento, paradigmático e determinista, é o que também ajuda a aumentar a diferença entre ricos e pobres, entre abastados e famintos, e alimenta o sistema social que mantém tais diferenças. E ainda assim o antropocentrismo impera na educação.

Acima vimos um exemplo simples de formação humana e planetária, e podemos exemplificar ainda outro tipo de formação de corpos, que também ocorre dentro da educação regida por um sistema que não permite, muitas vezes nem mesmo aos professores, perceberem que fazem parte de uma grande engrenagem de dominação. A formação do ser para o que é, isto é, seremos aquilo que somos sempre, se o sistema educacional não puder ser mudado. Para compreendermos mais essa questão é preciso voltarmos a Sartre e seu pensamento existencialista que nos diz que cada um faz a sua escolha, seu projeto de vida, que o ensino poderia então mudar os alunos e transformar a sociedade, também foi dito que a Filosofia da Educação, além de investigar o conceito educação, incentiva ou deveria, incentivar os alunos a pensarem por si mesmos, mas vamos ver o pensamento de Sartre em comparação ao pensamento de Althusser, e que parece nos mostrar o real estado da educação no Brasil e dos "prisioneiros" que se acreditam libertos: "Peço desculpas aos professores [...] São uma espécie de heróis [...] a maioria não tem nem um princípio de suspeita do 'trabalho' que o sistema os obriga a fazer [...] Eles questionam tão pouco que contribuem, pelo seu devotamento mesmo, para manter e alimentar esta representação ideológica da escola, que faz da escola hoje algo tão natural e indispensável e benfazeja a nossos contemporâneos como a Igreja era natural, indispensável e generosa para nossos ancestrais de alguns séculos atrás" (Althusser, 1985).

Se a filosofia é questionadora, como podemos esbarrar nessa questão? Porque não estamos, alunos e professores, realmente libertos, esse sim o maior problema da educação, fazer com que continuemos acreditando que estamos livres, quando permanecemos em servidão. No atual sistema educacional podemos ver que as universidades públicas, ao contrário do que se imagina, não foram feitas para os humildes e oprimidos, estes irão continuar oprimidos porque o sistema atual assim quer que eles permaneçam, essa talvez seja uma contradição do mito da liberdade e da igualdade por meio da educação, porque quem se capacita melhor é na grande maioria das vezes, quem tem uma vida melhor que lhe propicie melhores condições de alcançar novos conhecimentos. E na visão existencialista de Sartre, isso não é educação, pois é uma educação normativa, reprodutora de saberes que não permite aos seres humanos se libertarem dela, pois seguimos todos, alunos e professores, uma educação impositora e desprovida do que seja realmente o conceito de liberdade. Como escreveu o filósofo e professor César Mangolin "[...] quem educa os educadores? Somos formados, na verdade, para perceber a escola e a certificação como algo fundamental. [...] Somos, produtos do meio, nascemos em um mundo organizado de uma determinada forma e em um lugar social específico, nossas representações desse mundo e também as possibilidades que temos nesse mundo são determinadas por suas estruturas e não pela nossa vontade. O leque de opções que pode haver para a escolha de um de nós é totalmente determinado por essas circunstâncias específicas. [...] Não há essa suposta liberdade de escolha e de fazer o que quiser com a vida, pelo menos para a quase totalidade da população".

Esse é um problema de difícil resolução no campo educacional e social, ainda mais quando acreditamos, depois de formados, que podemos ser "agentes da libertação" (Mangolin), sem realmente nos projetarmos para fora dessa falsa realidade na qual nos prenderam. Dizer que estamos sendo "mal educados", que os professores são "mal educados", seria uma forma simples de demonstrar a capacidade de ensino atual, sendo que esse "mal educado" estaria ligado não ao sentido dos professores serem desrespeitosos para com seus alunos, mas ao sentido daquilo pelo que "escolheram", pelo que foram obrigados a escolher enquanto pensavam agir de forma livre, está ligado ao sentido de seu agir em relação aos alunos, em um círculo vicioso que massifica e acaba por não instruir ou libertar ninguém. A educação de hoje não educa, transforma as pessoas em "mal educadas", tirando delas a bagagem que carregam consigo mesmas e atirando-lhes valores que são importantes para manter a separação de classes dentro do âmbito social, "instrumento privilegiado da sociodiceia burguesa que confere aos privilegiados o privilégio supremo de não aparecer como privilegiados, ela consegue tanto mais facilmente convencer os deserdados que eles devem seu destino escolar e social à sua ausência de dons ou de méritos, quanto em matéria de cultura a absoluta privação de posse exclui a consciência da privação de posse" (Mangolin).

Qual a liberdade que resta tanto para alunos quanto para professores se a educação formata a todos do mesmo modo? Não resta liberdade quando não se pode enxergar as opções de escolha, e estamos todos vendados. "A educação muda os alunos: tira deles a criatividade, formata seus cérebros de acordo com a distribuição necessária dos grupos determinados na divisão social do trabalho, torna-os dóceis à exploração capitalista e a ideologia do mérito torna justificáveis quaisquer misérias sociais" (Mangolin).


É preciso, portanto, ou deveria, se educar para outros modos de ser, outros modos de agir, criando um paradigma planetário que abarcasse a todos os seres e que libertasse a todos desse sistema opressor de manter-se como está. Como? Refletindo sobre esses problemas, observando que o antigo paradigma não encontra mais sustentação, permitindo-se e permitindo aos alunos essa troca de informação, essa troca de saberes. Mais importante do que libertar os alunos, é o educador libertar a si mesmo desse sistema doutrinário, do contrário não conseguirá fazer com que os alunos reflitam sobre o que lhes é informado. Um educador antropocêntrico, não passará aos alunos a senciência animal, pois sua visão não contempla tal coisa, ele pode falar sobre o assunto, mas caímos novamente na questão ensino e aprendizagem. Um educador que se mantenha preso ao sistema de "classe", jamais poderá mostrar aos alunos que estão, cada um deles, presos a suas próprias classes sociais e assim em diante. Mas o educador não pode se libertar desse sistema sozinho, é preciso que a sociedade passe a enxergar, passe a refletir e finalmente passe a agir para se transformar.

Esses pequenos exemplos demonstram que um dos muitos problemas que ocorrem dentro do campo educacional brasileiro, além das dificuldades materiais citadas por inúmeros governos, é o enorme cabedal acadêmico, muitas vezes paradigmático e condescendente ao sistema opressor, esquecendo-se que dentro da educação esse incentivo a reflexão, essa vontade de transformar a sociedade com ações políticas de igualdade e de real liberdade, é que deveriam realmente ser a meta a ser atingida por todos e, no entanto, servem apenas para manter cada um em seu devido lugar. Nossa liberdade de pensar, de escolher e agir assumindo uma posição esbarra diretamente no outro: "Assim, a nossa responsabilidade é muito maior do que poderíamos supor, porque ela envolve toda a humanidade.", definiu Sartre no livro O existencialismo é um humanismo. E as questões da humanidade hoje não se resumem apenas a homens e mulheres, como muitos educadores ainda insistem, e nossa liberdade parece ainda mais distante do que jamais poderíamos supor. Transformação igualmente é uma liberdade de escolha, o que nos mostra que hoje, ao contrário do que compreendemos em Sartre, o que somos não é culpa de cada indivíduo e de suas escolhas, mas de um sistema que mantém alunos e professores em perpétua servidão, sem que consigam notá-la, libertar-se desse sistema seria realmente uma escolha, não apenas individual, mas de todos os verdadeiramente oprimidos, oprimidos pela educação e pelo ensino de resignação.

Vamos supor que estamos livres, então como libertar para transformar, depois de libertos, aquele que não deseja se libertar?

Sartre nos diz que o covarde é responsável por sua covardia, não somos nós ou a humanidade, não é Deus, mas ele mesmo. Será que as pessoas desejam mesmo se libertar, ainda mais os jovens, ofuscados por uma sociedade consumista e massificadora, que se deixam levar pelos meios de comunicação igualmente formados por uma educação determinista, que tornam a todos seres sem face, inautênticos e distantes uns dos outros? Tendo em mente que o destino não apenas dele, mas de todo o planeta está em cada decisão individual, como novamente Sartre nos diz "não há esperança senão na sua ação", pois a única coisa que permitiria a nossa existência seriam nossos atos conscientes, mas como termos certeza de que estamos ou não conscientes deles, mesmo seguindo-se uma linha que nos diga que nossos atos não devem causar o mal, se isso é uma questão de escolha, de decisão individual de cada um e se o atual sistema não nos permite essa liberdade, mas tendo em mente que nossa ação, se bem direcionada, pode transformar. "Quando falamos em transformação o que vem a minha mente é a transformação de nossas relações sociais de produção e de toda formação social, ou seja, a revolução. Para isso, insisto, a escola não pode contribuir porque é o contrário, exatamente o contrário, da sua tarefa" (Mangolin).

E é sempre nesse problema que vamos esbarrar a cada novo desafio que nos surge, como transformar em um sistema que insiste em perpetuar os seres?
Talvez nosso maior problema seja o de conseguir vencer esse sistema educacional que oprimi em invés de libertar, que impõe em invés de discutir e incentivar a reflexão, pois esse seria o verdadeiro trabalho da educação informar e transformar, sobretudo na obra elegida para esse trabalho que é o existencialismo de Sartre. Pensar nos problemas da educação sem atacar sua raiz, o sistema social que não permite a libertação, é como tornar-se Sísifo, rolando a pedra sem uma perspectiva de vê-la finalmente onde deve ficar. "Incrível coisa é ver o povo, uma vez subjugado, cair em tão profundo esquecimento da liberdade que não desperta nem a recupera; antes começa a servir com tanta prontidão e boa vontade que parece ter perdido não a liberdade, mas a servidão. [...] os homens nascem sob o jugo, são criados na servidão, sem olharem para lá dela, limitam-se a viver tal como nasceram, nunca pensam ter outro direito nem outro bem senão o que encontraram ao nascer, aceitam como natural o estado que acharam à nascença" (La Boétie, pg. 10).

A educação pode contribuir para muitas transformações sociais, desde que seja realmente encarada como desenvolvimento individual, desde que consiga se envolver com os conteúdos a serem informados, com a prática deles na vida real e vice-versa, desde que a instituição esteja realmente envolvida com a aprendizagem e não com a formação de corpos dóceis. De nada adiantarão as novas tecnologias educacionais, como o ensino à distância, se a informação, a aprendizagem e a liberdade foram esquecidas, até porque, pudemos ver que a educação pode ser uma ferramenta de transformação social e não apenas de transmissão cultural como foi durante séculos, uma educação ditatorial onde prevalece o interesse de alguns em detrimento de outros, é preciso que os alunos sintam essa necessidade de aprender não apenas por aprender, mas sabendo que podem se transformar e transformar a sociedade, é preciso que os alunos e professores sintam a necessidade de construir e se reconstruir, de pensar a realidade social e de ser verem envolvidos nela, dentro de suas capacidades de escolherem e mais do que isso, de agirem. Sartre dizia que o ser humano é liberdade, então a educação deve ser liberdade, se for utopia ou não, somente saberemos daqui a alguns anos, já que pensar o novo sempre nos parece incerto no presente, pois temos, muitas vezes, medo de reinventar nosso futuro; temos medo do novo, por isso nos apegamos àquilo que já sabemos e que dominamos.

Os alunos não são apenas outro tijolo no muro, os professores igualmente não devem ser apenas outro tijolo no muro. Os alunos não são páginas brancas de um livro terminado, cada um traz sua bagagem, sua parcela de conhecimento, somos projetos de vida diferentes, seres inacabados que necessitam de uma boa educação para sua formação como sujeitos. Precisamos compreender que não existe uma única verdade, não existe um único caminho que todos irão percorrer da mesma forma, e essas relações, professor-aluno, liberdade-escolha, podem derrubar antigos preconceitos e reconstruir uma nova visão de mundo, de sociedade onde todos os indivíduos passarão a se ver inseridos.

Toda mudança passa por um processo de transformação, professores, educação, alunos, em todo processo de transformação pode se fazer uma escolha, tornar a educação uma mola que impulsione os alunos ou um grilhão que os mantenha presos. É também uma escolha de cada educador, bem como uma escolha de cada educando. É preciso olhar para esse novo horizonte que surge a cada dia, é preciso renovar, problematizar e reconstruir pensamentos, derrubar paradigmas e dogmatismos, há uma infinitude de novos saberes que os todos precisam conhecer.

A educação não vai formar cidadãos mais éticos, mas deve permitir que cada um, dentro de sua própria "liberdade", seja capaz de pesar cada uma de suas ações em relação a si mesmo e aos demais.


Chegamos à conclusão que um único problema se divide em inúmeros outros.

A escola forma para o que é, e não para a possibilidade do "vir a ser".

No caso da classe inferior, ela se formará para permanecer nesse nível, e não para galgar outros níveis, ela é o que é, e segundo o sistema educacional atual, nada mais poderá vir a ser. Só nos resta uma questão: teriam os professores, sobretudo os de filosofia (da educação) desistido de questionar?

O que remete nosso pensamento a uma palestra conferida na Universidade Metodista pela Prof. Dra. Sônia Felipe, na qual ela foi efusiva e só restou um certo "silêncio aterrador" depois que ela calou-se: "E o filósofo não questiona!"

Porque em alguns casos, se questionar, o sistema acaba questionando os educadores o motivo pelos quais "seus alunos estão pensando". Logo, daria para se imaginar nas turmas, sobretudo de Filosofia, uma placa com a inscrição: "É proibido pensar".

REFERÊNCIAS
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FELIPE, Sônia T. "O estatuto dos animais na comunidade moral humana". Palestra realizada em 24 set. 2008. Auditório Iota - Campus Rudge Ramos - Universidade Metodista de São Paulo.
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MARX, Karl - Manuscritos EconômicoFilosóficos /Agosto de 1844. Disponível em <http://www.marxists.org/portugues/marx/1844/manuscritos/index.htm>. Acesso em 06/03/2008.
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NUNES, Benedito. "Heidegger & Ser e Tempo". Rio de Janeiro: Zahar.
PANSARELLI, Daniel. "Filosofia, educação e estética: elementos para o ensino e a pesquisa". Umesp.
SARTRE, J. P. - "O existencialismo é um humanismo". São Paulo: Abril Cultural, 1978. (Os pensadores.)
SOUZA, Ana Inês. "Um novo jeito de fazer a educação". Disponível em: <www.ihuonline.unisinos.br/uploads>. Acesso em: 1º jan. 2010.


Simone de Nardi Grama é graduada e licenciada em Filosofia pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), especialista em Filosofia Contemporânea e História pela mesma instituição . Escreve  para a revista Conhecimento Prático Filosofia.



 Fonte:Filosofia:Conhecimento Prático

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