Na qualidade de Protetora de Animais, Espírita e Vegana, sempre
questiono o fato de Protetores Ambientais enfatizarem o discurso quanto à
realidade dos animais em extinção e dos danos (às vezes irreversíveis) causados
à Mãe Natureza com a poluição das águas e da atmosfera, enfim destruindo o
próprio lar de todos nós chamado – Terra.
Enquanto isso, porém, vão sendo extintos, nos matadouros, os animais
considerados “não importantes para
viver”. Assassinados de forma impiedosa e estarrecedora, abatidos e
afogados no mar do próprio sangue animais puros, inocentes e doces são
exterminados sem perdão para que humanos possam usufruir de fontes protéicas, plena e satisfatòriamente substituíveis
por outras fontes quiçá mais nutritivas, saborosas e saudáveis.
Bebês de 4 patas são arrancados, aos berros, de suas mães
enlouquecidas, para que não falte ao bicho-homem o precioso leite e a carne
tenra do pequenino retalhado para consumo de humanos, solenemente indiferentes
a este drama. Prática milenar, arbitrária e anti-cristã é esta, a de
desconsiderarmos o direito de existência de seres mais fracos sob o descabido
pretexto de mascaradas convicções nutricionais.O importante mandamento “não matarás”, certamente não os
excluiu, quando decretado pelo Criador dos seres e das coisas. Particularmente,
com referencia aos seguidores de nossa Amada Doutrina Espírita, meu DEUS,
quantos equívocos! Entidades Beneficentes centenárias convocam para um rodízio
de churrasco em benefício das criancinhas asiladas sob seu teto.
Na tribuna espírita, o palestrante emociona e leva às lágrimas os
seus ouvintes com exortações à caridade, ao amor e à compaixão mas, logo após,
locupleta-se em seu almoço caseiro com os despojos fumegantes e sangrentos de
pedaços de seres que precisaríamos proteger, orientar e sobretudo amar, concorde estivéssemos com as
convicções que nos caracterizam: criados à imagem e semelhança de nosso Pai para respeitar todas as
vidas, todas!
Há bem poucos anos (cerca de 125), sob o beneplácito da legislação
humana, submetíamos homens de pele negra ao martírio da escravidão, às mais
abjetas condições de confinamento, tortura, selvageria e exploração do trabalho
sob o pretexto de serem inferiores
(!?). Bebês, único tesouro de suas mães escravas, eram arrancados violentamente
de seus braços entre urros de lamentação e pranto, à vista de seus companheiros
manietados, subjugados de horror e medo. Mulheres negras, jovens e bonitas eram
violentadas por patrões sem escrúpulos porque consideradas propriedade,
enquanto na casa Grande, o pároco benzia com água benta e sob o símbolo sagrado
da Cruz, sua família tranquila e feliz.
Hoje escravizamos animais porque são animais. Achamos natural e lógico (porque sempre foi assim) a prática de desconsiderarmos a dor de um animal
no matadouro, seu extremo pavor ante o cutelo e sua luta improfícua para salvar
a própria vida, porque precisamos
continuar o vício milenar de enterrar despojos na sepultura do próprio estomago, a despeito de existirem opções
alimentares, nutritivas e saudáveis.
Principalmente nós, Espíritas Cristãos, já deveríamos ter
despertado desta hipnose que nos remete aos primórdios da civilização, no
tocante as primevas condições humanas, ou então, não discursássemos tão
veementemente em favor da Vida, contra a Eutanásia, o Aborto e a Pena de Morte.
Um minuto de silencio para a necessária e urgente despoluição
mental e posterior coerência de atitudes e propósitos, é imperioso, porque na dor somos todos iguais; e no medo e
no amor, na sede, no frio e na fome – também!
Mães dos animais sentem o mesmo carinho por seus filhos que nossas mães
sentiram por nós, seus bebês. Roubamos o leite, o mel, a carne, a lã, as
barbatanas, o marfim dos animais mas lá está, para ser vivido o “Não furtarás!” Esse território
inviolável deveria ser sagrado, mais do que florestas, oceanos, lagos, rios e
atmosfera – mas não o é. Seremos irracionais sempre que, sob qualquer pretexto,
excluamos da vida seres que a ela tem direito – como nós. Seremos incoerentes
quando enfatizamos a necessidade de sermos fraternos e bons, compactuando com o
cutelo que nos propiciou as garfadas de restos que, um dia foram um ser, pleno
de vida que lutou, até o fim, para respirar o mesmo ar, poluído ainda pelas
misérias humanas, do Planeta Terra.
Mais difícil do que despoluir ambientes contaminados é higienizar
mentes arraigadas aos hábitos arcaicos e prejudiciais. Desintoxicar estômagos
empaturrados do que não deveria estar
ali é mais trabalhoso do que apagar
incêndios florestais ou descontaminar afluentes de rios. Enquanto o lixo
estiver em nós, estará fora de nós também. A natureza é o reflexo do que temos
sido ou não e, enquanto não soubermos administrar respeito e proteção à vida de
todos, o caos em nós será o caos do
planeta.
Muita Paz.
Sandra.
Demais links/continuação
Cartas/Emails que foram enviados aos oradores
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