"O sinal mais característico da imperfeição do homem é o seu interesse pessoal".
Allan Kardec
Polêmica. Nem sei quantas vezes já ouvi essa palavra saindo da boca de
muitos companheiros espíritas. Polêmica é algo que provoca disputas e
controvérsias (que não se compreenda aqui como discórdias ou rusgas) em
campos discursivos. Polêmica é quando você coloca seu ideal sobre
determinado assunto à mostra ou refuta alguma tese já elaborada e, em
geral, seu companheiro não está pronto para aceitar ou compreender,
então ele se vira para você e diz que você está "gerando polêmica" com
aquelas idéias que colocou. Mais uma vez, vemos o campo espírita repleto
de polêmicas das mais diversas.Mas o que os companheiros de Doutrina se
esquecem é que a polêmica é necessária para o avanço de muitos de
nossos conhecimentos.Ela gera o debate e o debate traz o conhecimento e o
conhecimento eleva a moral e consequentemente, a alma.
A polêmica, esse debate oral controverso, embora alguns não aceitem,
muitas vezes é o lado mais correto de um pensamento e gera essa
controvérsia por vir exatamente "desacomodar" as pessoas de seu estado
letárgico, vem sacudir mentes que muitas vezes não desejam ser
"sacudidas", vem para trazer verdades que não desejam ser ouvidas.Um
verdadeiro dogma não é?
E mais uma vez nos debatemos com o temível "fantasma" do fanatismo
religioso, que dispensa a filosofia lógica do espiritismo e a ciência se
prendendo apenas a religião.E Nietzsche explica bem isso quando diz:
"Fé significa não querer saber o que é verdade".Quando Kardec nos pede
fé, pede a fé raciocinada, que questiona, que admite mudanças, que está
aberta ao novo, que necessita conhecer a verdade.
Será que é correto hoje esconder a verdade para que as pessoas sigam
nossa religião, ou semear a verdade e correr o risco de afastá-las da
nossa religião? "Toda idéia nova encontra forçosamente oposição, e não
houve uma única que se implantasse sem lutas".(A.Kardec).Escondendo a
verdade, em que seremos melhores que aqueles que se fanatizam e
dogmatizam sua fé? Kardec escondeu a verdade dos homens quando falou a
todos sobre o mundo dos espíritos e sobre reencarnação?
O espiritismo deseja "lutar" ou apenas "aceitar" o que já existe? Se
deseja apenas aceitar, nada de novo poderá surgir diante dele e seremos
cegos em nossa fé, por outro lado, se desejarmos mudar, investidos de
nossa fé inabalável, não temeremos procurar por um solo/coração fértil
onde poderemos depositar nossas sementes e vê-las germinar, trazendo
frutos que elevarão a nossa alma e a Fé deixará de ser cega para se
tornar bela e verdadeira.
Aceitar que o problema existe é o primeiro passo para se eliminá-lo.
"O Espiritismo não admite a confiança cega; quer ser claro em tudo; quer
que lhe compreendam tudo e que se dêem conta de tudo. Então, quando
recomendamos estudo e meditação, pedimos o concurso do raciocínio, o que
prova que a Ciência Espírita não teme o exame, desde que antes de crer
sentimos a necessidade de compreender". Allan Kardec
Falamos de dogmas, falamos de polêmicas e de fanatização pela fé, e
sabemos que hoje, muitas mazelas que a religião carrega consigo provêm
de interpretações errôneas dos Evangelhos e concluímos noutro artigo,
que tal como qualquer religião, o espiritismo não é imune a isso.Depois
de estudarmos juntos o que é dogma e o que é polêmica, precisamos ver
onde encontrar, dentro do espiritismo, alguma evidência sobre essas duas
correntes de pensamento(imposição, controvérsia).
O que é dogma para alguns espíritas, posto que não é o Espiritismo em
sua essência que é dogmático ou adverso à polêmica!? Dogma dentro da
religião aparece como uma verdade divina, fundamental e indiscutível e
não citarei aqui dogmas de outras religiões, mas apenas o que consigo
ver como verdadeiros "muros" para o avanço do conhecimento espírita. O
que significa polêmica dentro do espiritismo, o que causa tanto temor
que alguns se negam a falar, discutir ou comentar dentro das casas
espíritas com medo da reação das pessoas?
Eu descobri alguns dogmas e algumas polêmicas dentro do espiritismo
desde que resolvi levar em consideração a frase, dita por tantos
espíritos; "Os animais são nossos irmãos". Eis, caros amigos, um dogma
que gera uma grande polêmica dentro de algumas casas espíritas.
Recebi e-mails, conversei com pessoas e a grande maioria ainda se
mostrou assustada, para não dizer apavorada, com esse assunto; porque ao
encararmos os animais como irmãos, passamos a ter em nossa consciência o
peso de todo mal que podemos vir a lhes causar. E isso realmente nos
assusta, não é verdade? Talvez esse seja no momento, o maior dogma e a
maior polêmica do espiritismo nos dias atuais.Mas já vimos também que
polêmica não é algo ruim desde que se esteja disposto a dialogar. Por
ser um debate passível da dialética espírita, a polêmica deixa de ser um
mal para o espiritismo, pois se verdadeiro, trará luz a Doutrina, se
falso, perecerá no esquecimento vazio das inverdades. E como debater se
não falarmos sobre determinados assuntos? Como deixarmos de semear solos
férteis, porque alguns poucos têm medo de avançar?Por que colocarmos um
ponto final na frase " a carne nutre a carne" e não se discute mais
isso?
Ou dizemos que a carne nutre a carne e não aceitamos os animais como
nossos irmãos possuidores de alma, ou aceitamos o que eles são e
passamos a dialogar sobre o assunto.As duas frases não são aceitáveis ao
mesmo tempo sem que se converse a respeito de qual verdade devemos
seguir, a da nossa consciência ou do nosso desejo pessoal; e o tempo de
se temer essa discussão já ficou no passado, é preciso evoluir, ou
desejamos, mesmo sabendo que precisamos caminhar, ficarmos estáticos?Se
admitirmos que a carne nutre a carne e ponto final, é porque,
utilizando-nos da infinita misericórdia de Deus para com nossas
fraquezas, desejamos ficar em estado letárgico, esperando que o Mundo
passe por nós e não nós por ele. Do contrário, é hora de semearmos as
mentes mais jovens, esclarecendo-as que, embora a carne nutra a carne,
os animais, todos eles, são nossos irmãos e que Jesus proibiu o
sacrifício de animais no Templo porque não era esse o desejo de Deus e,
falar sobre os animais naquela época, foi uma grande demonstração da
bondade Divina para com seus filhos pequeninos.
Semear ou esconder? Caminhar ou ficar na letargia? Kardec teve coragem
para escolher semear e caminhar e encontrou ambas as coisas, pedras e
solos férteis, e é graças a seus esforços que hoje estamos tendo essa
conversa.
Pense nisso.
Referências Bibliográficas
NIETZSCHE, F. – Os Pensadores
KARDEC,Allan - Livro dos Espíritos –FEB
KARDEC,Allan – Evangelho Segundo o Espiritismo -FEB
MASSON, Jeffrey Moussaieff: MCCARTHY, Susan – Quando os Elefantes Choram
KARDEC,Allan - Livro dos Espíritos –FEB
KARDEC,Allan – Evangelho Segundo o Espiritismo –FEB
BOZZANO, Ernesto – A Alma nos Animais – Golden books
BOZZANO, Ernesto – Os Animais Têm Alma ? – Lachâtre
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