"Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da humanidade". (Allan Kardec)
Dogma do grego δόγμα, plural δόγματα significa uma
crença/doutrina, imposta e que não admite contestação, é uma verdade
divina revelada e que deve ser acatada pelos fiéis. O Espiritismo, por
ter bases filosóficas, e, até por isso, racionais, não deveria ter
dogmas, porém, o que vemos, é que houve um certo afastamento da
filosofia e da ciência, deixando um espaço grandioso apenas para a
religião, e, já discutimos em outros artigos, que o fanatismo religioso é
um mal que assombra e faz adoecer todas as religiões, principalmente
aquelas que se esquecem do raciocínio lógico, passando a aceitar
qualquer imposição como verdadeira, ou seja, criando dogmas.Sabemos que
não é um erro da religião Espírita em si, mas, sim, daqueles que a
conduzem como bem o desejam e que são levados somente por seus dogmas
pessoais, e entenda-se aqui, que não há generalização por parte de todos
os dirigentes.
Como dissemos acima, os dogmas são verdades absolutas que não permitem a
discussão. Não discutir algo é não descobrir sobre esse algo, é viver a
sua sombra sem saber se trata-se de uma verdade ou uma mentira. E como
podemos viver assim hoje, se Kardec nos ensinou a dialética?
Quase que diariamente ouço amigos espíritas dizerem que dentro do
espiritismo não há dogmas; quase que diariamente os vejo fugindo de
assuntos que, segundo eles, não podem ser tratados dentro das casas
Espíritas por medo que os fiéis se afastem de lá e partam em busca de
outras casas ou, pasmem, de outras religiões.
Resolvi tratar do dogma aqui porque, para muitos espíritas, falar sobre
dogma já um dogma, e acredito que somos crescidos o suficiente,
estudados o suficiente e com fé mais do que suficiente, para encaramos a
verdade face a face na época em que nos encontramos hoje.Ou será que
não?
Por que esse dogma a respeito do dogma? Medo? Vergonha? Do que na
verdade? De sabermos que dispomos de uma grandiosa gama de ensino e
mesmo assim nos acobertamos daquilo que não compreendemos ou não
conseguimos aceitar?
A doutrina Espírita não deveria ter qualquer dogma se seguíssemos, como
muitos dizem fazer, os ensinamentos de Kardec com mais consciência,
porém acabaram-se criando dogmas afim de não "afastar das casas", seus
fiéis. Será que Kardec temia afastar alguém quando se propôs a codificar
o Espiritismo? Será que temeu criar inimigos para si mesmo? E sabendo
que isso viria a acontecer ele calou-se e resolveu não dizer mais nada,
ou foi em frente e prossegui no trabalho de codificação?
Estamos vendo como se criam os dogmas.Calar-se, impor-se, não deixar
espaço para discussão, amedrontar-se com medo de que os fiéis saibam a
verdade, temer essa reação deles diante da descoberta. Para muitas
outras religiões o que se diz é verdade e não se discute.Reencarnação
não se discute e ponto final. Espíritos não existem e não se fala mais
nisso. Você errou, irá pagar no inferno e pronto, essa é a lei de Deus.E
Kardec, em sua louca dialética questiona: O que é Deus? O que é
Espírito? Existe o inferno? Derrubando dogmas e mais dogmas para nos
mostrar algumas verdades.
Sim, é difícil, nós temos que admitir que o espiritismo possui
dogmas.Dogmas criados, sobretudo, por pessoas que não desejam mudar e
por isso não libertam as novas gerações de seus próprios "fantasmas".
E eu me pergunto ao ouvir "espíritas", dizendo que não falarão sobre
determinados assuntos dentro da casa Espírita com medo de afastar os
fiéis; Onde foi parar aquela fé inabalável, capaz de encarar face a face
a razão em qualquer época da humanidade?
Se não desejamos espalhar a verdade por medo, caímos no erro de tornar o
espiritismo dogmatizado: só lhe é permitido saber até aí e nada mais.
Por que temer a verdade quando Jesus morreu por ela? Quando Kardec
enfrentou inimigos ferrenhos por ela? Não somos mais crianças para
sermos poupados da verdade, por mais que ela nos doa e nos magoe. Se nos
acreditamos Espíritas, devemos lançar nossas sementes como Jesus o fez,
algumas com certeza cairão nas pedras enquanto outras atingirão solo
fértil.Nos abstendo de falar a todos, não saberemos jamais quem seria
esse solo fértil.
O Espiritismo não excomunga, portanto não devemos ter medo de lutar contra os dogmas que criamos para ele.
Falar sobre dogma virou polêmica? Ou será que polêmica é que virou dogma dentro do Espiritismo? Veremos.
Um grande abraço.
Referências Bibliográficas
PIRES, J. Herculano - Agonia das Religiões. Ed. Paidéia Ltda, São Paulo
KARDEC, Allan - Livro dos Espíritos -FEB
Simone Nardi
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