segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Talvez o que falte não seja amor, seja atitude


“Espíritas! amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo."
O Espírito de Verdade,Paris, 1860



Jesus



A busca pelo conhecimento é sem dúvida o primeiro passo para a transformação dos seres, pois segundo o Livro dos Espíritos (780a) o progresso moral de cada um depende do progresso intelectual. É a partir desse desvelamento das coisas que os seres humanos passam a possuir em suas mãos a capacidade de se lançar adiante em sua evolução ou de se manterem atrelados a sua inatividade, tanto intelectual quanto moral.

É o conhecimento que vai permitir sua mudança, desde que ele assim a deseje e quando falamos em conhecimento não falamos apenas do conhecimento recebido pela Doutrina Espírita, mas de todo o conhecimento que possa vir a enriquecer o Espírito, sobretudo no campo da moralidade e da ética.

De posse desse conhecimento não podemos mais utilizar a caridade como moeda de troca para com a Divindade, fazendo o pouco e esperando muito.

O problema surge quando este conhecimento não é bem vindo ao nosso ser, por nos obrigar a sair de nossa zona de conforto.

O que normalmente ocorre nesse momento é a auto indulgência, não pela incapacidade de mudar, pois que Deus forneceu a todos, e fornece diariamente, a mesma capacidade e a mesma força vinda do Fluído Cósmico Universal, mas a auto indulgência surge pela negativa de cada individuo em não desejar se transformar, em não desejar ver, ouvir ou falar sobre aquilo que para ele, passa a ser um tormento.

É quando a partir daí nascem acusações , melindres e discórdias.Talvez por isso que Emmanuel tenha afirmado um dia que “o maior inimigo do espiritismo são os próprios espíritas”.

Talvez pela extrema auto indulgência da qual se utilizam quando desejam permanecer inativos diante de algo novo. Neste caso em especial falamos da relação entre o espiritismo e os animais. A todo momento surgem livros e revistas que esclarecem que os animais são nossos irmãos, que eles evoluem e que um dia nós passamos pelo reino no qual eles estagiam agora. No entanto a busca pelo conhecimento estaciona exatamente aí, na alma animal.

Muitos não desejam conhecer a matéria física dos animais, nem os motivos que levaram ao desprendimento do espírito animal de seu corpo material. Talvez pela falta de compreensão da palavra que muitos usam, mais por costume do que propriamente por conhecimento: irmãos animais,repetem mas não conceituam seu significado a realidade. Falam, mas não atuam.Ouvem, mas não compreendem. Sua caridade é ainda voltada apenas de ser humano para ser humano, ignorando assim tudo o que leu e estudou no Pentateuco Espírita,porque muito do que é dito ali ofende seu desejo de permanecer no simples e no que ele considera como “natural”. Sua “caridade”, a moeda de troca que usa para conseguir um espaço na espiritualidade possui apenas um lado, apenas uma face,para estes apenas a face humana, os demais reinos pouco lhe interessam.

Cãozinho
Infelizmente,esse é um alerta a todas as Casas Espíritas que tem se lançado nessa empreitada que busca o auxilio espiritual dos irmãos animais. Eles não necessitam apenas do auxilio espiritual, mas da caridade moral e ética enquanto estão encarnados.Eles precisam ser vistos como seres completos, com alma e matéria, a alma que reencarna e que se liberta da matéria muitas vezes através de um ato humano extremamente violento.

É preciso que estas Casas se mantenham esclarecidas a respeito da vida destes animais, é preciso que percebam que o termo irmãos animais se dirige a todos, até mesmo aqueles que muitas vezes são usados em almoços beneficentes para o tal “bem maior”. É preciso que , a partir do momento que escolheram abrir suas portas para os animais, abram também seus corações,e que toda a Casa perceba, não somente aqueles poucos trabalhadores ousados e corajosos que aceitaram este desafio, mas toda a Casa perceba que o surgimento deste trabalho em seu seio modificou e modificará suas vidas para sempre, pois qualquer atitude agora deverá ser repensada, ser estudada , ser comedida. Seu mundo não é mais como era antes, esta é a verdade que surge neste momento.

Não há mais bem maior que seja realizado através da vida destes irmãos; Não há indulgência que permita a morte destes irmãos. Não há mais amor feito de meias palavra se escolhas individuais, vocês optaram por um caminho onde finalmente caridade não é mais moeda de troca, ou se faz o bem por amor ou se escolhe viver longe dele.

Parabéns aquelas Casas que conseguiram compreender o que significa trabalhar com os irmãos animais; as outras, aquelas onde os trabalhadores se dividem e se recusam a seguir o caminho do bem entre todos os irmãos, estas precisam refletir sobre as palavras de Emmanuel o maior inimigo do espiritismo são os próprios espíritas.

E reler novamente o Livro dos espíritos sobretudo no que motivou a escolha deste artigo, a auto indulgência, a única capaz de deter o  progresso humano:

781 - O homem pode deter a marcha do progresso?
– Não;mas pode impedi-lo algumas vezes

781a - O que pensar dos homens que tentam deter essa marcha e fazer retroceder a humanidade?

– Pobres seres que serão punidos por suas próprias ações. Serão arrastados pela torrente que querem deter.

Lembrando-se ainda que muito será cobrado daquele que muito sabe, hoje vocês tiraram a vendados olhos e talvez o que falte não seja amor, mas Atitude.



Simone Nardi



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2 comentários:

  1. Texto maravilhoso como sempre.
    Essa é uma questão grave e que tem se tornado cada vez mais grave no meio espírita. A Luta que muitos travam para excluir esses nossos irmãos dos cuidados e profundas responsabilidades que devemos ter com eles.
    A questão 781 nos traz um grande consolo, mas também nos mostra claramente o nosso momento atual. Se os homens não podem deter o progresso, eles podem retarda-lo.E é isso o que está ocorrendo. Não é possível impedir a libertação animal, mas é possível retarda-la. E tristemente, boa parte do movimento espírita se esforça para que essa libertação não ocorra... Não por uma maldade intencional, mas justamente pelo fato exposto no texto; a permanecia na zona de conforto. O Não querer fazer um esforço contra seus desejos, mesmo que isso signifique a escravidão e morte de outros irmãos.

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  2. Mais dificil é aceitar que uma religião tão completa de informações trave uma luta intensa para ignorar os fatos tão claros que expomos:
    Os animais tem alma
    os animais são sencientes
    Os animais sofrem
    Seria possivel falar ou pregar a caridade diante de tanto silencio em relação aos animais?
    Grande abraço
    Murilo
    Simone

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