quarta-feira, 8 de março de 2017

ANIMAIS E SOFRIMENTO -Emmanuel


Homem numa moto carregando um engradado de suinos

Emmanuel
Francisco Cândido Xavier



Se os animais estão isentos da lei de causa e efeito, em suas motivações profundas, já que não têm culpas a expiar, de que maneira se lhes justificar os sacrifícios e aflições?

Assunto aparentemente relacionado com injustiça, mas a lógica nos deve orientar os passos na solução do problema.


Imperioso interpretar a dor por mais altos padrões de entendimento.


Ninguém sofre, de um modo ou de outro, tão somente para resgatar o preço de alguma coisa. Sofre-se também angariando os recursos precisos para obtê-la.


Assim é que o animal atravessa longas eras de prova a fim de domesticar-se, tanto quanto o homem atravessa outras tantas longas eras para instruir-se.


Que mal terá praticado o aprendiz a fim de submeter-se aos constrangimentos da escola?


E acaso conseguirá ele diplomar-se em conhecimento superior se foge às penas edificantes da disciplina?



Espírito algum obtém elevação ou cultura por osmose, mas sim através de trabalho paciente e intransferível.


O animal igualmente para atingir a auréola da razão deve conhecer benemérita e comprida fieira de experiências que terminarão por integrá-la na posse definitiva do raciocínio.


Compreendamos, desse modo, que o sofrimento é ingrediente inalienável no prato do progresso.


Todo ser criado simples e ignorante é compelido a lutar pela conquista da razão, e atingindo a razão, entre os homens, é compelido igualmente a lutar a fim de burilar-se devidamente.


O animal se esforça para obter as próprias percepções e estabelecê-las.


O homem se esforça avançando da inteligência para a sublimação.


Dor física no animal é passaporte para mais amplos recursos nos domínios da evolução.


Dor física, acrescida de dor moral no homem, é fixação de responsabilidade em trânsito para a Vida Maior.


Certifiquemo-nos, porém, de que toda criatura caminha para o reino da angelitude, e que, investindo-se na posição de espírito sublime, não mais conhece a dor, porquanto o amor ser-lhe-á sol no coração dissipando todas as sombras da vida ao toque de sua própria luz.



("Aulas da Vida", Emmanuel)








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