sábado, 27 de maio de 2006

Mortos pela Ciência






Reportagem completa pode ser lida no site da Revista Época

Mortos pela ciência


Documentário analisa se é justo ou não matar cerca de 100 milhões de animais todos os anos para estudos e propõe alternativas

POR CRISTIANE SENNA 


A utilização de animais na ciência é muito antiga, data de quando o homem queria entender a mecânica do corpo humano. Graças aos avanços tecnológicos e científicos, essa prática ficou ultrapassada, mas ainda é tida como padrão por instituições de ensino. Médicos, biólogos e demais profissionais da saúde devem, para a sua formação, passar pela vivissecção, ato de dissecar animais vivos. A partir do século 19, essa técnica foi intensificada e virou uma indústria.
Animais saudáveis criados em biotérios, lugares reservados nas instituições para criação de cobaias, ou mesmo pegos pelo Controle de Zoonozes de suas cidades, são submetidos - vivos - a técnicas de sutura, injeção de substâncias, queimaduras, indução de fome e estresse para que seus organismos sejam estudados.


Pensando no respeito e na compaixão para com esses animais, o Instituto Nina Rosa trabalhou durante um ano para produzir o documentário Não Matarás - Os Homens e os Animais nos Bastidores da Ciência. Nele, médicos, veterinários, biólogos, filósofos e especialistas no assunto debatem sobre o não uso de animais para fins educativos e científicos. 'Queremos informar e sensibilizar a sociedade para as crueldades embutidas na maioria dos bens de consumo e oferecer liberdade de escolha para consumidores que não querem patrocinar empresas que utilizam tais métodos', afirma a ativista e presidente do instituto, Nina Rosa Jacob.



No Ensino

O documentário narra as experiências às quais os animais são submetidos durante o processo de aprendizagem do aluno. Um claro exemplo do abuso praticado no curso de veterinária é a injeção de estricnina em ratos. Há séculos sabe-se que essa substância é um poderoso veneno, mas a experiência é repetida para que todos os alunos, a partir do segundo ano, vejam o efeito: convulsão e morte. Segundo ativistas, aulas como essas são consideradas rituais.


Thales Tréz, biólogo e professor da Universidade Federal de Alfenas, é representante da Interniche Brasil, organização que se ocupa da implementação de recursos substitutivos no cenário educativo, para formação de profissionais da saúde e biológicas. Tréz afirma que na educação existem vários recursos capazes de ilustrar os processos realizados em aulas práticas com animais. Tais processos podem ser classificados em vídeos, modelos e manequins, simulação em computador, utilização ética de cadáveres e tecidos animais, clínica médica com pacientes animais e voluntários, auto-experimentação do estudante, práticas laboratoriais in vitro e estudos de campo. Cada uma dessas categorias possui diversas aplicações e vantagens e, quando combinadas, oferecem mais abrangência e clareza do que o uso tradicional de animais, o qual por vez não dá certo e ocupa muito tempo da aula prática.

Um exemplo de sucesso na substituição de animais por meios alternativos de aprendizagem é a disciplina de Técnicas Cirúrgicas e Ortopedia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zoologia de São Paulo. Os animais utilizados são obtidos através do hospital veterinário da instituição. Neles, é injetada uma solução chamada Larssen, que preserva os cadáveres. Esses animais serão utilizados de 4 a 10 vezes durante um semestre, poupando a vida de, em média, 300 cães e coelhos por ano.


Em outras áreas

Em todos os produtos comercializados, sejam cosméticos ou remédios, há um rigoroso padrão de testes para evitar qualquer efeito colateral, intoxicação ou alergia. O que muitas pessoas não sabem é que a maioria deles é feita em olhos, pele e até no estômago de animais. Não Matarás se aprofunda no tema e aponta uma deficiência nessas experiências: elas não são totalmente seguras.


Seres humanos e animais são fisiologicamente distintos - inclusive os primatas. Certas espécies têm diferentes reações às mesmas substâncias. Exemplos que confirmam a afirmativa são mostrados no documentário. Em uma pesquisa, cachorros foram submetidos a inalar fumaça de cigarro durante meses, mas como reproduzir os efeitos cancerígenos em animais era muito difícil, pensou-se por muito tempo que o câncer não estava relacionado ao fumo.

Apesar de exaustivamente testada em animais sem nenhum efeito colateral relevante, a Talidomida, um sedativo receitado para mulheres que enjoavam na gravidez, provocou deformidade em mais de 15 mil fetos no final dos anos 50. 'Testes e experimentos baseados em animais podem ser resumidos da seguinte forma: os animais são sacrificados primeiro e, depois, são os seres humanos, devido aos erros induzidos pelos testes feitos nas cobaias', diz o vereador carioca do PFL Cláudio Cavalcanti. Ele foi criador de diversos projetos de lei promulgados no estado do Rio de Janeiro, como a criação de pronto-socorros veterinários 24h, proibição de circos que tenham animais como atração e a introdução da disciplina do Bem-Estar Animal nas escolas municipais. Seu mais recente projeto de lei - que proibia a vivissecção no estado - foi vetado pelo prefeito César Maia depois da reação da comunidade científica. Pesquisadores garantem que esses testes ainda são necessários e que suas cobaias são tratadas com o devido respeito, pois as pesquisas têm acompanhamento de comissões éticas.

Para finalizar, o documentário enfatiza que não é contra o avanço da ciência, mas da substituição de técnicas invasivas por métodos alternativos já existentes, como estudos in-vitro em culturas de células e tecidos, técnicas modernas de tomografia não-invasivas, estudos clínicos e epidemiológicos, uso de placentas para testes de toxicidade, estudo pós morte, entre outros.

Segundo Nina Rosa, a troca de recursos animais por alternativos ainda não se fez totalmente devido a dois fatores: o especismo, que é a discriminação baseada na espécie, ou seja, que supõe que membros de sua raça são superiores às outras, e o comércio da vivissecção, que envolve mais dinheiro do que se imagina

Para ver as imagens, saber sobre o documentário e ter acesso a todo conteúdo, acesse o site da revista:


Gostaria de parabenizar a colunista  Cristiane Senna e a Revista Época,pela coragem de mostrar a verdadeira realidade do que acontece com os animais dentro dos laboratórios.
Simone Nardi



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