Adoro cinema, adoro filmes e vez ou outra ouço alguém dizer que esse ou
aquele filme é perda de tempo. Sou da geração mais antiga e fiquei na
fila, perdendo meu tempo, como assim disse um colega, para conseguir
comprar uma entrada para Star Wars. Eu sei, você deve ter torcido o
nariz nesse exato momento, mas eu na fila exercitava uma coisa que não
tenho. Paciência. Trabalhava ainda que pouco minha reforma íntima. Viu
como um cineminha também ajuda a nos reformarmos!
Lá dentro, aguardando o inicio do filme , eu ouvia aquela frase sobre
perda de tempo, afinal para alguns, os filmes não ensinavam nada.
Comecei a relembrar os primeiros episódios da saga e notei que aquilo
não era uma obra de ficção mas sim, nossa mais pura, dura e terrível
realidade.
Ele mexe com aquelas duas palavras que nós espíritas tememos tanto. A
reforma íntima, amenizando um pouco o : Vigiai e Orai. Ele retrata todas
as nossas mazelas como o orgulho, a vaidade, a indisciplina, a ganância
e aqueles defeitinhos que só gostamos de ver nos outros e que muitas
vezes nos arrastam para aqueles terríveis casos de obsessão, no caso do
filme, para o lado negro.
A mais pura fragilidade humana.
Nele é retratada a luta íntima de um homem que se deixa levar pelo
orgulho e pela ambição. No início ele é um garoto puro, que dá o melhor
de si em prol do próximo sem nada esperar em troca, no mais belo ato de
caridade de um ser humano para com o semelhante. Seu coração bom faz
tudo isso por amor, como nos ensina o espiritismo e outras religiões.
Dar sem nada esperar receber.
Nós também crescemos e nosso garoto se torna rapaz e seus poderes,
seria uma mera coincidência com alguns médiuns, fazem aflorar o orgulho
naquele coração antes tão gentil, corrompendo-o aos poucos. Quantas
vezes já não nos deixamos levar pelo orgulho? Com quantos amigos não
vimos isso acontecer?
Vulnerável e tomado pelo desejo de poder, o garoto deixa de vigiar ,
permitindo a aproximação daquele que o corromperia de vez, mostrando-lhe
as vantagens que teria ao cruzar a fronteira entre o bem e o mal. Para
nós, o obsessor, que se aproxima quando baixamos a vibração e nos intui
ao mal, pois eles desconhecem o amor, enquanto que nós, que achamos que
sabíamos o que era amar, nos esquecemos dele e chafurdamos nas
vicissitudes terrenas.
Por anos vagamos cegos ao amor e as verdades que Jesus deixou, até que
um dia nos damos conta do que realmente estávamos fazendo, queremos
parar, queremos voltar, pedimos ajuda.E a ajuda vem. Na forma de um
amigo. De um estranho e até mesmo de um filho, que faz renascer em nosso
coração aquele amor que havíamos encarcerado.
Chega a hora da redenção, é a lei, o homem deve progredir até chegar a
Deus.É preciso trilharmos mais uma vez o caminho certo, de onde jamais
deveríamos ter nos afastado.
O caminho da luz. Da força que vem de Jesus.
Voltamos a si. Mudamos nossa vibração e afastamos de nós, com ajuda
claro de nossos benfeitores, aqueles obsessores que nos cegavam.
Recuperando a consciência passamos a enxergar nossos erros. Somos
perdoados e com o tempo também conseguimos nos perdoar.
É a lei de ação e reação. A lei do progresso que nos impele a caminhar
até o Pai. Às vezes paramos.Às vezes erramos. Mas Ele, como Pai dedicado
sempre nos auxilia a prosseguir.E prosseguimos.
Não há ficção que não traga uma boa dose de realidade, nós é que muitas
vezes estamos tão cegos que não queremos nos enxergar ali, admitindo
erroneamente que jamais nos deixaríamos corromper.
Assim é nossa vida. Misturando-se com a magia do cinema onde até o
diretor nos mostra: "É preciso voltarmos para a luz, por mais difícil
que seja, é preciso buscarmos a Deus."
Deus está em tudo e de um modo ou de outro sempre arruma um jeito de nos
alertar. Agora diga, você vai conseguir assistir algum filme de hoje em
diante sem tentar encontrar nele um recado de Deus?
Simone Nardi – criadora deste blog e do antigo Consciência Humana, colunista do site Espírita da Feal (Fundação Espírita André Luiz) ; é fundadora do Grupo de Discussão Espírita Clara Luz que discute a alma dos animais e o respeito a eles.Graduada em Filosofia e Pós-graduada em Filosofia Contemporânea e História pela UMESP.
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