"Nós vos pedimos com insistência:
Nunca digam - Isso é natural!
Diante dos acontecimentos de cada dia.
Numa época em que reina a confusão,
Em que corre o sangue,
Em que o arbitrário tem força de lei,
Em que a humanidade se desumaniza...
Não digam nunca: Isso é natural!
A fim de que nada passe por ser imutável."
Nunca digam - Isso é natural!
Diante dos acontecimentos de cada dia.
Numa época em que reina a confusão,
Em que corre o sangue,
Em que o arbitrário tem força de lei,
Em que a humanidade se desumaniza...
Não digam nunca: Isso é natural!
A fim de que nada passe por ser imutável."
Bertolt Brecht
O processo de individuação e o antropocentrismo
Estamos todos habituados, infelizmente, ao jargão antropocêntrico que
afirma a superioridade humana sobre os outros membros da natureza. Tal
antropocentrismo, compreensível até certo ponto por estarmos imersos em
nossa própria humanidade - se bem que nem sempre justificável - perde-se
no tempo e faz-se presente em todas as culturas, com algumas poucas
exceções episódicas louváveis. As razões para isso são diversas, dentre
as quais a mais fundamental talvez seja a já mencionada auto-referência
pré-reflexiva de nossa natureza a ela mesma, com a conseqüente extensão
indevida que fazemos do que é humanamente nosso - e apenas nosso - a
esferas não humanas, em relação às quais somos, inevitavelmente,
biológica e existencialmente míopes. Esse voltar-se sobre si mesmo não é
o louvável moto socrático do conhece-te a ti mesmo, justamente
por ser pré-reflexivo e pré-discursivo e, por isso mesmo, adialógico e
adialético. É também imediato, pois não há distância ou mediação entre
nós e nós mesmos. Temos aqui a medida primeira de nossa humana
animalidade, o que de mais instintivo, primitivo e não elaborado pode
haver na determinação de nossa identidade.
Esse estado primitivo de manifestação de nosso ser vem a ser
paulatinamente confrontado e elaborado por vivências posteriores,
mediadoras da opacidade do mundo, no dizer existencialista; mundo
obstante que, em descontinuidade conosco, opera surgimento de fronteira,
limite, membrana, pele entre nós e nosso entorno. Confronto de que
resulta, a um só tempo, identidade e alteridade, construção e
consciência de si e do outro, outro vivido como o não-eu. Nessa
diferenciação progressiva, que envolve movimento dialético de saída e
retorno a si mesmo, de transcendência de si e retomada da própria
imanência, funda-se identidade - tanto biológica quanto psicológica,
cultural e existencial - em contínuo movimento e transformação à medida
que se afasta daquele estado primeiro. Essa identidade, não mais
limitada a autismo autocentrante, menos narcísica, constrói-se na
abertura para o mundo e em diálogo com ele, define-se por contraste ou
apropriação seletiva de elementos daquilo que, complementarmente, se
apresenta como outro.
A partir disso, por intermédio da elaboração das alteridades,
torna-se possível a construção de identidade que ultrapassa o indivíduo.
Tomamos consciência de outros indivíduos, menos ou mais semelhantes a
nós, com os quais estabelecemos relações e confrontos que permitem
agrupamento ou discriminação. Por simpatia ou antipatia, atração ou
repulsa, incluímo-nos ou não entre os (des)semelhantes. Esse processo,
por demais complexo para ser tratado com profundidade em espaço tão
limitado, opera passagem de identidade particular a coletiva. De
coacervados a Dasein1 e, deste, a Mitsein, o arrazoado não é incompatível com Heidegger, tampouco com Hegel ou mesmo com Darwin2, Piaget3 ou Freud.4
Cabe indagar, a essa altura, como o processo de individuação e
construção de identidade coletiva brevemente descrito acima - processo
que parece apontar envolvimento profundo entre o ser que se individua e
seu entorno - pode resultar em cisma tão marcante entre homem (enquanto
identidade coletiva, gênero) e natureza, característico disso que
chamamos de antropocentrismo.
Ritualização de valores culturais e antropocentrismo
Para tratar da questão, consideremos que, nessa maturação incessante
da identidade, vivências envolvem e cultivam valores de diversas ordens,
seja metafísica, religiosa, política, cultural. Para o cultivo de
valores, a cultura se encarrega de institucionalizar rituais que os
rememoram e comemoram: fazei isto para celebrar a minha memória. São
vários os rituais dessa natureza de que não nos damos conta, o papel
ritualístico das instituições passando despercebido. A moça que se casa
de branco, por exemplo, não se dá conta de que comemora valores
burgueses. O rapaz que se diverte (triste diversão) no rodeio de uma
festa de boiadeiro não se apercebe da ritualização de uma ordem cultural
hierárquica antropocêntrica. Faz lembrar as festas no antigo Coliseu
romano, onde se deixava claro que o cristão está abaixo do leão, que é
subjugado pelo romano, verdadeiro rei dos animais e, como deus, único
digno de louvor. Este eclipse, esta não-visão corresponde a manifestação
de ideologia, que tem no velar-se algo de sua constituição. A
instituição científica desempenha, nesse sentido, papel da mais alta
relevância. Vejamos.
É inegável a autoridade de que está imbuída a instituição científica
em nossa sociedade ocidental contemporânea. A fé inabalável na ciência e
na tecnologia constitui, como ideologia, o que se convencionou chamar,
respectivamente, de cientificismo e tecnicismo. O
poder paralisante dessa fé, geradora do que Adorno e Horkheimer (1991)
chamaram de eclipse da razão, é notório no silêncio aquiescente
resultante da declaração de que algo teria sido "demonstrado
cientificamente". Toma-se, geralmente, tal pretensa demonstração como
palavra final acerca de um assunto qualquer e fim de discussão. Esse
despotismo do discurso iluminado, antiiluminista e antiesclarecedor
expõe e impõe cisão entre discurso competente e discurso leigo e, no que
se refere especificamente à relação homem-natureza, cria condições de
definir, sem objeção possível, quem mata e quem morre. O discurso
científico adquire dimensão política na medida que autoriza e legitima
certas relações de poder, além de comemorar e reiterar uma certa ordem
cultural. Nesse sentido, é autoritário e pode fazê-lo por ser tido como auctoritas5 e por ser capaz de operar a confusão entre ordem cultural e ordem natural.
A instituição científica está em posição privilegiada para operar tal
confusão justamente por estar socialmente autorizada a falar do
natural, por ser tida como legítima via de acesso à Natureza, que acaba
sendo utilizada para justificar a apropriação de seus próprios espaços. A
ciência ou, melhor dizendo, o modo de conhecimento científico é
considerado, ao menos no mundo contemporâneo ocidental, o melhor - senão
único - modo de conhecer a natureza e, conseqüentemente, aquele que é
legitimamente autorizado a falar e dar a última palavra sobre ela.
Assim, sendo a instituição científica produção da cultura e gozando de
tal status privilegiado em relação à natureza, está aberto o
caminho para o uso político-ideológico que dela se pode fazer por
intermédio da confusão entre norma cultural e lei natural. Essa
instituição é, muita vez, usada como instrumento para apresentar valores
culturais disfarçados de natureza, ou seja, fazer passar por natural - e
portanto inquestionável - aquilo que não é outra coisa senão constructo
cultural. É assim que, por exemplo, um discurso racista pode, com
conivência científica (ou pseudocientífica), passar por legítima
manifestação da natureza, como se vê no uso político do livro The Bell Curve (MURRAY;
HERNNSTEIN, 1994), no qual se tenta demonstrar, mais uma vez, a
inferioridade negra com base em estudos "científicos" girando em torno
do Q.I. de brancos e negros. Discurso racista disfarçado de ciência;
cultura disfarçada de natureza; lobisomem em falsa pele de cordeiro. A
afirmação da superioridade humana sobre as outras formas de vida não
passa, muita vez, de variante dos exemplos acima. Apenas posição
política, que a instituição científica ajuda a sustentar.
A ideologia dominante, em nome de determinada ordem cultural, pode
usar, portanto, a instituição científica como instrumento de
auto-afirmação e legitimação na medida que essa ordem cultural é
associada, confundida ou mesmo identificada com a ordem natural. Esta
instituição representa, portanto, não empresa imparcial e neutra, mas
poderoso instrumento político, ponte entre o sócio-cultural e o natural,
compromissada com os dois lados e por cuja ligação esta mesma ordem
cultural se cristaliza.
Sobre o uso, de caráter político, do natural como justificativa para a
ordem cultural, cito, de início, dois exemplos particularmente
importantes (RODMAN, 1979, p.3-21) : o primeiro, por ter um caráter
marcante na história da relação do homem com a natureza (especialmente
com os animais), é da maior relevância à problemática do
antropocentrismo. Trata-se do momento em que os animais (juntamente com
os demais seres vivos não humanos) deixaram de fazer parte do âmbito ao
qual se aplicavam as leis e a justiça humanas, o que acontecia até o
século XVII, quando a jus naturae incluía todos os seres vivos.
A justificativa para tal tratamento diferenciado baseava-se em um dado
inconsistente numa época de guerras, a saber, de que os animais, sendo
de natureza selvagem, eram dotados de uma agressividade incomum à
espécie humana, o que, aliado ao fato de não terem condições de requerer
seus direitos, os fazia indignos de desfrutar destes. Segundo este
argumento, as bestas selvagens apresentavam um comportamento que não
admitia qualquer tipo de associação com a natureza humana. A partir de
então, a justiça se tornaria completamente antropocêntrica. O caráter
político deste tipo de justificativa fica claro no segundo exemplo.
Passemos a ele.
Em De Jure Belli e em De Jure Praedae, Grotius,
para justificar a empresa da guerra à qual a humanidade sempre recorreu
nas mais diversas fases de sua história, dizia que não via nada de
estranho ou antinatural em tal empresa, já que era do conhecimento de
todos que a Natureza, muito sábia, havia dotado os próprios animais de
uma certa agressividade para ser usada em prol de sua autodefesa.
Portanto, nada mais natural, segundo Grotius, do que o homem, senhor da
natureza, também se servir desta agressividade, sempre que necessário.
Ou seja, quando se trata de expulsar os animais da esfera da justiça à
qual pertencem os homens, argumenta-se que não se pode comparar o
comportamento e natureza de uma besta ao de seres humanos. Por outro
lado, para justificar a guerra, ressalta-se o aspecto "natural" da
agressividade. Fica, então, patente o aspecto indiscriminado e
inconsistente do uso do natural como justificativa para o
político-cultural.
Cultura científica e antiiluminismo
The passion for philosophy, like that for religion, seems liable
to this inconvenience, that, though it aims at the correction of our
manners and extirpation of our vices, it may only serve, by imprudent
management, to foster a predominant inclination, and push the mind, with
more determined resolution, towards that side which already draws too much, by the bias and propensity of the natural temper.
David Hume
A instituição científica, enquanto ressonância da ideologia
dominante, muitas vezes, ao invés de esclarecer, exerce papel semelhante
ao da indústria cultural e reforça sua atuação como reiteradora da
ordem cultural determinada por essa ideologia. Contribui, assim, com o
antiiluminismo, assumindo importante papel político.
Aliada à ideologia capitalista, a indústria cultural contribui de
maneira eficaz para a falsificação das relações entre os homens, bem
como destes com a natureza, de tal modo que o resultado final constitui
uma espécie de antiiluminismo, de não esclarecimento, criando novos
mitos e fantasmas, como, por exemplo, a associação entre progresso e
tecnologia, inseparável de postura antropocêntrica ligada à lógica da
dominação. Esse antiiluminismo é projeção da tirania iluminada, uma
forma de despotismo esclarecido, ou despotismo do discurso iluminado.
Diz Adorno (1962):
Considerando-se que o iluminismo tem como finalidade libertar os
homens do medo, tornando-os senhores e libertando o mundo da magia e do
mito, e admitindo-se que essa finalidade pode ser atingida por meio da
ciência e da tecnologia, tudo levaria a crer que o iluminismo
instauraria o poder do homem sobre a ciência e sobre a técnica. Mas, ao
invés disso, liberto do medo mágico, o homem tornou-se vítima de um novo
engodo: o progresso da dominação técnica.
Podemos, assim, pensar o trinômio cultura-técnica-ambiente proposto por Habermas (1968). A ideologia dominante, essencialmente capitalista, é dominadora da natureza - ou do sagrado6,
no sentido conferido por René Girard (1972, p.51) - e dos homens. Boa
parte desse domínio dá-se por intermédio da ciência e da técnica.
Dominar e controlar as forças naturais (sagrado) são parte importante do
processo segundo o qual o homem se diferencia e se afasta da natureza,
tida como o não-humano. Essa diferenciação envolve a construção e
afirmação de uma ordem cultural hierárquica, justificadora da dominação.
A afirmação inercial da velha ordem na escola e no lazer
A confusão entre natureza e cultura, um dos modos de manifestação de ideologias, dá-se também no transformar o natural da realidade,
ou seja, aquilo que é banalizado com a prática constante imposta por
determinado paradigma sócio-cultural (modelador, por sua vez, de
paradigmas científicos), em realidade natural, quer dizer, em uma verdade inquestionável, por ser tida como natural.
O que chamo de natural da realidade vem com a repetição contínua e
acrítica de padrões culturais por grande número de pessoas e por um
longo período de tempo, o que desempenha importante papel na formação de
hábitos7 (GARGANI, 1982, p.63) ou costumes,
em referência aos quais as ações futuras se orientam e, com o tempo, se
cristalizam, definindo uma espécie de conservadorismo ou inércia
sócio-cultural. Nesse contexto, seria pertinente à nossa problemática
considerar o papel que desempenham instituições como zoológicos e circos
que incluem animais em seus números na introdução e confirmação de
valores e padrões culturais antropocêntricos. Instituições desse tipo,
que também representam e refletem uma determinada ordem cultural de
caráter essencialmente dominador, têm a peculiaridade de apresentá-la a
seu público mais fiel, as crianças, em contexto que elimina qualquer
possibilidade de questionamento: essas crianças são levadas a esses
lugares, na maioria das vezes, por seus pais ou por parentes e amigos e a
experiência, geralmente agradável, como que pede, por si mesma, para
ser repetida. Dessa forma dissimulada e tranqüila, e com o auxílio
inadvertido de pessoas dignas de respeito e nunca de desconfiança (os
pais, tios ou amigos queridos), a idéia ilusória do domínio do homem
sobre o restante da natureza vai sendo, desde cedo, introduzida e
sedimentada. Dessa forma aprofunda-se a insensibilidade antropocêntrica
com relação às vitrines de animais e institucionaliza-se uma forma de
lazer abominável. É motivo de preocupação ser capaz de divertir-se às
custas da privação de liberdade de animais, que sempre sofrem o estresse
imposto pelo cativeiro e pelas condições de acomodação que, quando
muito, imitam mal o ambiente natural. Estamos dentro daquilo que Hannah
Arendt (1987) chamou, referindo-se às torturas e execuções de judeus
pelos nazistas, de banalidade do mal. Esse tipo de propaganda
ideológica desempenha papel importante na determinação das atitudes e
opiniões das pessoas às voltas com animais. Contribuem para esse tipo de
propaganda ideológica as instituições familiar, escolar, religiosa e
científica.
No caso da instituição escolar, a preocupação em ensinar ciências de
forma mais sólida, de maneira que o aluno tenha um contato mais
abrangente com todo o processo científico, não levando em conta apenas
seu aspecto técnico, mas também o humano e cultural, parece não existir,
ao menos em cursos de caráter tecnicista, como é o caso da medicina e
da biologia, onde se aprende como realizar determinadas tarefas, mas não
se vai a fundo no porquê ou a respeito de como tenha surgido tal
prática. Nas aulas práticas em que se utilizam animais, por exemplo, são
constantes simples confirmações de dados e conteúdos que já se
encontram seguramente estabelecidos nos manuais. A aula prática assume
um caráter excessivamente teórico e as manipulações experimentais que
nela se realizam se resumem a demonstrações e ilustração da teoria, como
diapositivos em um audiovisual. O caráter ético desse tipo de uso de
animais é, portanto, discutível, bem como a utilidade desse tipo de
aula, uma vez que existam boas bibliotecas e fontes de consulta.
Trata-se, portanto, de ritual de confirmação do que já se conhece, do
que já está estabelecido. Não há, tanto quanto deveria, uma discussão
sobre fenômenos, a respeito dos quais hipóteses seriam levantadas para
que pudessem, pelo processo experimental, ser testadas ou eventualmente
reformuladas. Ou seja, não há uma vivência do método científico, para
que tanto seus dissabores e problemas quanto sucessos e vantagens possam
ser descobertos. Há, isto sim, um flagrante caráter propagandístico
desse método, na medida que predomina a transmissão apenas dos
resultados positivos8 de sua aplicação. É
como esquecer dos bastidores de uma peça de teatro. Pode-se dizer que
não se ensina ciência, faz-se propaganda dela. Estamos diante,
novamente, da ritualização e comemoração de valores e não de sua
crítica. Thomas Kuhn (1994, p.19-20), na introdução de A Estrutura das Revoluções Científicas, diz:
Se a História fosse vista como um repositório para algo mais do
que anedotas ou cronologias, poderia produzir uma transformação decisiva
na imagem de ciência que atualmente nos domina. Mesmo os próprios
cientistas têm haurido essa imagem principalmente no estudo das
realizações científicas acabadas, tal como estão registradas nos
clássicos e, mais recentemente, nos manuais que cada nova geração
utiliza para aprender seu ofício. Contudo, o objetivo de tais livros é
inevitavelmente persuasivo e pedagógico; um conceito de ciência deles
haurido terá tantas probabilidades de assemelhar-se ao empreendimento
que os produziu como a imagem de uma cultura nacional obtida através de
um folheto turístico ou um manual de línguas.
Um pouco mais adiante, já no primeiro capítulo:
Tais livros (manuais científicos elementares e avançados) expõem o
corpo da teoria aceita, ilustram muitas (ou todas) as suas aplicações
bem sucedidas e comparam essas aplicações com observações e experiências
exemplares. (Kuhn, 1994, p.19-20).
Por conta dessa superficialidade e caráter propagandístico do
processo educacional em relação ao método científico e devido à imagem
de autoridade que tem o professor (autoridade esta que também lhe é
conferida pela maneira acima descrita de transmitir os conteúdos, além
do próprio status que lhe confere a instituição escolar), passa-se ao
aluno a idéia de que a informação por ele recebida representa, em grande
medida, verdades prontas, evidentes, acabadas e, muitas vezes,
indiscutíveis. É curioso notar que aqui temos um ciclo vicioso, pois o
professor ganha autoridade por ser o "dono da verdade", representante
legítimo de determinada área do conhecimento, ponte de ligação com o
sagrado (no sentido de Girard) e as informações por ele transmitidas se
cristalizam como definitivas ou verdadeiras na medida que são feitas por
uma autoridade. Em todo caso, tanto a referida autoridade do professor
quanto o status de verdade absoluta das informações passadas
por ele se reportam a algo que não se conhece muito bem, ao menos a algo
a que o aluno que está para ingressar na universidade não tem acesso
claro (se é que alguém o tem). Estou me referindo, numa ordem que vai do
geral ao particular, a tudo o que há na natureza capaz de dominar,
fascinar e ameaçar o homem (o sagrado) e sobre o que este mesmo homem se
esforça por exercer seu domínio e, principalmente, à natureza do
conhecimento de tudo isso e de sua aquisição, bem como, mais
especificamente, à natureza do processo científico e da instituição que o
legitima, enquanto produção sócio-cultural. Na medida que servem de
ponte para o sagrado (no âmbito em que este termo foi anteriormente
definido), as instituições religiosa e científica encontram um ponto
comum.
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