quarta-feira, 11 de outubro de 2017

HISTÓRIA DE DOIS AMORES (A Bela e o Malhado)

por...
Anderson Santos Andrade Silva




De repente ela chegou com suas dores...
Justo no Palácio da Cultura,
Lugar onde o verbo solto flutua.
Poetas, teatrólogos, coreógrafos, pesquisadores.
Literatos (coisas que o saber semeou).
Ela não só chegou; simplesmente por ali ficou.

Cultura? Ela nada sabia disso;
Simplesmente ali se achegou.
Corriam os dias e ela num canto se isolou.
Das coisas da cultura não tinha compromisso.
No começo ela era medrosa e arredia
Quando a ajuda aquele alguém lhe trazia.

O instinto em prevenção, do convívio a afastara.
Mas com aquela nova afeição foi se acostumando,
E lhe contentavam as migalhas que iam chegando.
Quantas ameaças perambulando levara?
Por isso da maioria ela se escondia.
Apenas mãos caridosas ela atendia (como será que a isto compreendia?).

E no desenrolar de cada dia, o povo, como sempre, ia e vinha,
Enquanto no Palácio ouviam-se clamores.
Eram os poetas falando de esplendores.
E os que passavam não viam a Bela, num canto... sozinha.
Os palcos com seus artistas se agitavam,
E as magias das artes a todos encantavam.

Mas a magia da vida também se fazia,
E a Bela assim sua vida vivia.
Não eram as salas do Palácio que ela habitava.
Nos belos e imensos jardins ela morava,
Como se a Sabedoria algo lhe dissesse:
“É justo aqui que serás bem tratada...”,
(Pois sem guarida a vida padece).

Mas não basta pão e circo, sabemos...
E que guarida seria essa então?
Quem no Palácio iria se preocupar com um cão?
Será mesmo que somente pão e circo é o que queremos?...
E de solidão a Bela se consumia,
Assim como a alma indiferente (vazia).

Até que um dia surge, assustado.
O jovem e belo cão Malhado.
Medroso que dava dó...
A Bela não estava mais só!

E no Palácio (que já não era só da cultura) foi ficando.
E a Bela sempre o acompanhando.
Seriam namorados, ou apenas estavam a ficar?
O fato é que era mais uma fome para saciar.

Mas, o que digo!? Mais uma, apenas!?
Ora, Malhado não perdeu tempo,
E Bela teve seis belos rebentos.
E o povo (de outros olhares de ver), levou a turma pequena!

Novos lares, novos clamores.
Agora de outros esplendores,
Pois os rebentos da Bela,
Por certo contentam crianças,
Que levarão na lembrança,
Os Rex, os Bóris e as Belas (de uma linda primavera).

E no final da história,
Mãos caridosas em glória,
Agradeciam ao Pai,
A oportunidade de servir,
A gratidão do sorrir,
A compreensão do “Amai”.


Anderson Santos Andrade Silva 





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