Marcelo
escutou o ruído do portão do lado de fora da casa. Passava um pouco da meia
noite. Ergueu-se assustado da cama e correu para a janela. Alguém forçava o
portão. Seu coração disparou.
Seria
um ladrão? E se fosse? O que ele faria?
Fez meia volta e correu na direção da cozinha. Gigi, a gata
siamesa ressonava. Ao seu lado Napoleão, o pastor Alemão que adotara, fazia o
mesmo. Era filhote e ainda por cima aleijado. Tinha que lembrar de dizer a
esposa para parar de adotar cães de rua, precisavam mesmo era de um cão de
guarda de verdade.
Correu até o interruptor e lembrou-se de ter ouvido alguém
dizer um dia:
“ Os cães enxergam melhor que os homens, não precisa acender
a luz, senão o bandido também verá o cão”
Parou, só então lembrou-se que não havia mais um cão do lado
de fora. Vanila, a cocker sarnenta que Aida tirara da rua havia morrido há
alguns dias depois de anos de alegria.
Apesar da raça, Vanila sempre se mostrara superprotetora,
era uma pena que não estava ali nesse momento.
Marcelo ouviu passos que seguiam pelo corredor. Correu para
o telefone afim de discar o número da polícia. Sair e enfrentar o bandido, isso
jamais, não com a esposa grávida, a espera de seu primeiro filho. Ele apanhou o
fone e ouviu Gigi miar assustada. Um miado que ele já conhecia, que há dias não
ouvia mais.
Virou-se olhando para Gigi e Napoleão que despertara com os
miados da companheira.
Tudo aconteceu então de forma muito rápida.
Marcelo olhou para porta. Alguém mexia na maçaneta. A
policia não chegaria a tempo de socorrer o casal.
Gigi miava feito louca e Napoleão abanava a cauda tentando
se equilibrar nas três pernas. De repente ele ouviu latidos. Latidos
conhecidos. O ladrão deu um grito e o som de mordidas e rosnados tomou conta do
ar. Houve uma tremenda correria lá fora que despertou até mesmo a esposa de Marcelo,
Aida. O som do portão balançando indicava que o ladrão saíra correndo. Marcelo
não teve dúvidas, abriu a porta e saiu.
Seus olhos e o de sua esposa orvalharam. Pelo longo corredor
agora iluminado, Vanila, a cocker que havia morrido há alguns, dias subia toda
imponente. A cauda abanava festiva como sempre acontecia quando via os donos
que a haviam tirado da rua.
Quando faltavam poucos metros para que ela chegasse até
eles, o corpo fluídico de Vanila se iluminou
transformando-se numa bola de luz que subiu aos céus num raio de
claridade.
Ao lado deles, Gigi e Napoleão também seguiam a luz. Gigi
parara de miar, coisa que só fazia quando Vanila se aproximava dela para lhe
puxar o rabo.
Marcelo abraçou a esposa e sorriu. O miado insistente de
Gigi, era esse miado que ela dava quando Vanila se aproximava dela para
brincar, e a alegria de Napoleão, ambos também a haviam visto. Sim, pensava
Marcelo emocionado, Vanila voltara para protegê-los, esse era seu agradecimento
por eles terem recolhido a cocker da rua e cuidado de suas feridas, esse era
seu jeito de retribuir seu amor.
Um amor que continuava muito além da vida.
Simone Nardi
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