segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Protetores Eternos (Conto)


Marcelo escutou o ruído do portão do lado de fora da casa. Passava um pouco da meia noite. Ergueu-se assustado da cama e correu para a janela. Alguém forçava o portão. Seu coração disparou.
Seria um ladrão? E se fosse? O que ele faria?
Fez meia volta e correu na direção da cozinha. Gigi, a gata siamesa ressonava. Ao seu lado Napoleão, o pastor Alemão que adotara, fazia o mesmo. Era filhote e ainda por cima aleijado. Tinha que lembrar de dizer a esposa para parar de adotar cães de rua, precisavam mesmo era de um cão de guarda de verdade.
Correu até o interruptor e lembrou-se de ter ouvido alguém dizer um dia:
“ Os cães enxergam melhor que os homens, não precisa acender a luz, senão o bandido também verá o cão”
Parou, só então lembrou-se que não havia mais um cão do lado de fora. Vanila, a cocker sarnenta que Aida tirara da rua havia morrido há alguns dias depois de anos de alegria.
Apesar da raça, Vanila sempre se mostrara superprotetora, era uma pena que não estava ali nesse momento.
Marcelo ouviu passos que seguiam pelo corredor. Correu para o telefone afim de discar o número da polícia. Sair e enfrentar o bandido, isso jamais, não com a esposa grávida, a espera de seu primeiro filho. Ele apanhou o fone e ouviu Gigi miar assustada. Um miado que ele já conhecia, que há dias não ouvia mais.
Virou-se olhando para Gigi e Napoleão que despertara com os miados da companheira.
Tudo aconteceu então de forma muito rápida.
Marcelo olhou para porta. Alguém mexia na maçaneta. A policia não chegaria a tempo de socorrer o casal.
Gigi miava feito louca e Napoleão abanava a cauda tentando se equilibrar nas três pernas. De repente ele ouviu latidos. Latidos conhecidos. O ladrão deu um grito e o som de mordidas e rosnados tomou conta do ar. Houve uma tremenda correria lá fora que despertou até mesmo a esposa de Marcelo, Aida. O som do portão balançando indicava que o ladrão saíra correndo. Marcelo não teve dúvidas, abriu a porta e saiu.
Seus olhos e o de sua esposa orvalharam. Pelo longo corredor agora iluminado, Vanila, a cocker que havia morrido há alguns, dias subia toda imponente. A cauda abanava festiva como sempre acontecia quando via os donos que a haviam tirado da rua.
Quando faltavam poucos metros para que ela chegasse até eles, o corpo fluídico de Vanila se iluminou  transformando-se numa bola de luz que subiu aos céus num raio de claridade.
Ao lado deles, Gigi e Napoleão também seguiam a luz. Gigi parara de miar, coisa que só fazia quando Vanila se aproximava dela para lhe puxar o rabo.
Marcelo abraçou a esposa e sorriu. O miado insistente de Gigi, era esse miado que ela dava quando Vanila se aproximava dela para brincar, e a alegria de Napoleão, ambos também a haviam visto. Sim, pensava Marcelo emocionado, Vanila voltara para protegê-los, esse era seu agradecimento por eles terem recolhido a cocker da rua e cuidado de suas feridas, esse era seu jeito de retribuir seu amor.
Um amor que continuava muito além da vida.

Simone Nardi



Gostou deste artigo?
Mande um recado pelo
Nos Ajude a divulgar 





©Copyright Blog Irmãos Animais-Consciência Humana - Simone Nardi -2013 
 Todos os direitos reservados 
RESPEITE OS DIREITOS AUTORAIS - CÓPIA E REPRODUÇÃO  LIBERADAS DESDE QUE CITADA A FONTE - 2013

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente; Sugira; Critique; Trabalhamos a cada dia para melhorar o Blog Irmãos Animais - Consciência Humana