‘Olhar para os
animais e as plantas me enchia de alegria.
Eu queria
cuidar deles como quem cuida de algo frágil e precioso. Aí o mandamento cristão
do amor me parecia pouco exigente. Pedia apenas amor ao próximo. Os cristãos
entenderam que esse ‘próximo’ se referia apenas às pessoas. Eu, ao contrário,
penso que todas as coisas que vivem são minhas irmãs. Elas possuem uma
alma.(...) Amarás à mais insignificante das criaturas como a ti mesmo. Quem não
fizer isso jamais verá a Deus face a face.(...) Agora digam: acham que eu
poderia me alimentar da carne de um animal que foi morto e sentiu a dor
lancinante da faca, para que eu vivesse? Que alegria poderia eu ter em tamanha
crueldade? A natureza foi generosa o bastante, dando-nos frutas, verduras,
legumes, cereais. Por mais que tentem me convencer de que as maneiras ocidentais
são as melhores para a saúde, sempre as encarei com horror. Antes morrer que
matar. Em nenhuma hipótese causar medo ou dor a coisa alguma.(...) Nosso
destino espiritual passa por nossos hábitos alimentares. Estou convencido de
que a saúde depende de uma condição interior de harmonia com tudo o que nos
cerca. Comer demais é uma transgressão dessa harmonia.(...) Quando nos abstemos
estamos silenciosamente dizendo às coisas vivas: ‘Podem ficar tranqüilas. Não
as farei sofrer desnecessariamente. Só tomarei para mim o mínimo necessário
para que meu corpo viva bem. Foi o que fiz. Vivi frugalmente. Fiz jejuns
enormes. E minha saúde foi sempre boa.(...) Toda vida é sagrada, porque tudo o
que vive participa de Deus. E se até mesmo o mais insignificante grilo, no seu
cricri rítmico, é um pulsar da divindade, não teríamos nós, com muito mais
razão, de ter respeito igual pelos nossos inimigos?(...) Sempre acreditei que
no fundo dos homens existe algo de bom. Como poderia eu odiar qualquer pessoa,
mesmo os que me tinham por inimigo? Dirão que não é assim. Há crueldade, o
ódio, a morte... Será que algumas gotas de água suja serão capazes de poluir o
oceano inteiro? Que força do mal poderá apagar o divino que mora em nós?(... )
Parece que os ocidentais não acreditam que os homens sejam naturalmente bons e
belos. É por isso que se tornaram especialistas em meios de coerção e sabem
usar o dinheiro e os fuzis como ninguém mais... É por isso que estão sempre
tentando melhorar os homens por meio de adições: a comida em excesso, a roupa
desnecessária, a velocidade da máquina, a complicação da vida...
‘Eu nunca quis
entender de política. Só quis entender da bondade e dos seus caminhos. A
política foi uma conseqüência e não a inspiração... Eu teria feito as mesmas
coisas, ainda que não houvesse conseqüência alguma.(...) Os políticos,
acostumados a usar o poder da força, desconhecem o poder das sementes...(...)
Não haverá parto se a semente não for plantada, muito tempo antes... Não haverá
borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses...’
(A
magia dos gestos poéticos, Ed. Olho D’Água)
Andava na direção contrária. Pensava o que ninguém
pensava. Fazia o que ninguém estava fazendo. É compreensível que tenha sido
assassinado. (Folha de S. Paulo, Tendências e Debates, 31/01/2001.)
Redação do blog Irmão Animais- Consciência Humana
OBS: Imagem encontrada na internet, se a imagem for sua entre em contato conosco para colocarmos os créditos.
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