ATÉ QUANDO |
Em que pese nossa condição humana ainda imperfeita, própria de um Mundo
de Expiação e Provas, sempre achei não seria difícil para espiritualistas,
assimilarem aqueles conceitos básicos de piedade e comiseração aos seres de
todas as espécies, respeitando o seu direito à vida e ao seu tempo de aprender,
amar e ser feliz, como gostamos de ser.
Isso porque o “Não Matarás” da Divindade Suprema não excluiria de sua
formulação, justamente os seres mais fracos da Criação (ainda que de grande
porte), os mais ingênuos, infantis e primitivos, que a mão humana sempre
deveria proteger e conduzir, jamais aniquilar.
Espíritas Cristãos, sempre reconheci não serem humanos perfeitos, porém
aquinhoados com informações que já os deveria orientar no rumo desse tão
sonhado Mundo de Regeneração que, logicamente, possui um gabarito mais
aprimorado e ético quanto à avaliação do mérito de cada qual.
E é aí que o bicho pega. E pega feio, porque infelizmente fui levada a
reconhecer que a teoria na prática é muito outra, quando se trata de abrir mão
da churrascada domingueira festiva ou não, ou daquela “feijoada tradicional que
a vovó sabe fazer como ninguém”, cujo nome verdadeiro não é tão bonito de se
falar porque são pedaços de bichos mortos mergulhados em um caldo preto, pés,
orelha, rabo e linguiça de um porco que fazemos questão de esquecer nessa hora que
foi nosso irmão, porque gostamos
muito dele assim, fumegando no prato, com direito a repeteco.
Quando preconizam que “a vida é
valor absoluto” sem incluir nesse conceito as outras espécies sencientes,
isto é que amam, sofrem e se desesperam diante do cutelo, porque são vidas,
exatamente respirando igual aos nossos filhos, pais e animais de estimação,
pecam pela grotesca incoerência de pregar o que não praticam, não por má fé,
mas por preguiça, desmotivação e desinteresse, quando já poderiam libertar da
escravatura do seu prato, pelo menos, os seres que deveriam amar e defender em
nome de Deus.
Quando se posicionam contrários à Pena de Morte, ao Aborto, à Eutanásia
e ao Suicídio, porque reconhecem a dádiva da vida em qualquer situação, se
contradizem diante do absurdo de ignorar o desespero dos animais que morrem
para serem comidos e de tapar os ouvidos quando berram de desespero na matança
de cada dia, em cada segundo, embora muito longe dos nossos olhos e também do
coração.
“Já não é mais possível dizer que
não sabíamos” (Philip Low) que animais sofrem quando são mortos, transferindo,
inconscientemente, à própria carne a energia negativa da morte que
experimentaram e que iremos consumir, na insensatez da gula, com o nome de
alimento saudável, nutritivo e protéico.
Estômagos empaturrados das vísceras de um ser que precisava viver para
evoluir, assim como nós, impressionam pelo paradoxo de pertencerem a humanos
que se autodenominam cristãos, mas não estão fazendo direitinho sua lição de
casa ensinada (mas não praticada) no Centro Espírita, onde pedaços de
irmãozinhos recheiam os pães da Cantina e são meros itens no Cardápio dos
Almoços Fraternos, não tão fraternos assim para quem mais precisava de acolhimento,
proteção e amor.
Espíritas Cristãos quando respiram, não se lembram, claro, que animais
estão sendo sufocados, a cada segundo, para que seu bebê humano consuma o leite
roubado de um bebê animal, separado de sua mãe, logo ao nascer, enquanto
tiravam o leite dela para você degustar seu iogurte predileto e sua mozarela
derretendo na pizza irresistível. Enquanto o bezerrinho passava pela faca, você
saboreava a sua carne de vitela, o nome bonitinho de baby-beef, porque
convenhamos, não é nada comercial anunciar a carne de um bebê morto nos
anúncios das ofertas de Super Mercado da TV.
Substituímos o termo cadáver de animal pelo nome mais bonito de
proteína, o “indispensável” componente nutricional de nossa constituição
física, como se não houvessem opções éticas semelhantes ou melhores para se ter
saúde, racionalmente nos abstendo da conivência com os matadores assalariados
que, “coitados”, são pagos para fazer o trabalho sujo que não precisamos nem
gostaríamos de executar, matando inocentes que não querem morrer.
Sempre achei que ESPÍRITAS CRISTÃOS não tivessem dificuldade alguma em
reconhecer isso, pelo contrário, fossem os primeiros a divulgar que alimentação
saudável não precisa incluir o animal em pedaços que bárbaros assavam inteiro
ao redor das fogueiras, exatamente porque eram primitivos e bárbaros,
civilizados já não deveriam ser.
Sempre achei que esse segmento humano que se debruça sobre livros
sagrados para adquirir conhecimento, já houvesse encontrado sabedoria neles,
ainda que nas entrelinhas, a fim de dispensar IRMÃOS das garfadas e dos
espetos, porque até mesmo alguns materialistas que não reconhecem nenhum valor
na Codificação Kardequiana, ou sequer ouviram falar dela, deduzem que animais
sentem dor e precisam impedir que sintam, que animais não querem morrer e é seu
dever impedir que morram, porque lugar de IRMÃOS é no coração da gente, não no
prato.
Alguns privilegiados até mesmo já conseguiram descobrir, sem mesmo serem
alfabetizados, a importância da compaixão para todas as espécies, bom para eles
que não queimaram as pestanas tentando decifrar enigmas nos versículos e
parágrafos, tirando errôneas conclusões na interpretação e traduções, às vezes.
Algumas crianças de tenra idade, sem jamais terem sido ensinadas sobre o
assunto, estão argüindo pais atônitos sobre a prática cruel de despedaçar
animais queridos que fazem parte do seu dia a dia nos desenhos animados ou ao
vivo no quintal da casa onde nasceram. Não entendem porque não encontram a
cabeça do frango no lugar onde deveria estar ou a cabeça do peixe que nasceu
junto com ele e se recusam, chorando, a comer os seus amigos, após tentar em
vão ressuscita-los.
Deveríamos nos compadecer também, à semelhança destes pequeninos, porque
iremos precisar, se ainda não precisamos, que se compadeçam de nós quando
estivermos mais desamparados do que estamos, mais sozinhos e mais fracos do que
somos, mas principalmente iremos carecer que nos olhem como irmãos, neste
“corredor desconhecido” ou que “esquecemos como era” chamado MORTE, onde pediremos
que se apiedem de nossa condição inferior, grotesca e primitiva, que não nos
machuquem mas sejam misericordiosos e nos auxiliem, sem nos matar de novo.
Sandra Leoni, colaboradora do IACH
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