quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Amor Incondicional





Renno

(Baseado numa história real)



Renno era o  único filhote que ficara de uma ninhada de 12 cãezinhos. Desde cedo já se podia notar seu talento especial para proteger e o carinho que mantinha pelos tutores. Aos dois meses ficara com parvovirose e a doença fora tão forte que durante um mês Renno lutara pela vida. Passada a doença, descobriu-se que Renno não desenvolvera todo seu potencial, ficara um Rotweiller pequeno, vistoso e muito carinhoso.
Quando completou seis meses chegou Tayler, outro filhote de Rotweiller . Com apenas dois meses as pessoas achavam que tinha 4, com certeza ultrapassaria Renno em tamanho e força, foi quando surgiu a dúvida.
Como acostumar dois machos de Rotweiller juntos, quando tantas pessoas diziam que era impossível. Enquanto se pensava, Tayler dormia num quarto e Renno no outro. Juntar ou não juntar? Os dias passavam.
Vamos juntar e ver no que dá.
Dia de sol. Renno no quintal. Mostra o filhotão. Cheira daqui, cheira de lá. Rosnados por parte de Renno. Não vai dar.
Insiste. Põe o filhote no chão. Cheira, cheira. Cutuca com o focinho. Tayler rosna. Renno rosna. Silêncio. Tayler provoca Renno, mordisca a canela, a pata. Renno se vira, olha feio mas aceita a brincadeira. Quinze minutos depois ninguém mais diz que eram estranhos.
Os meses passam. Tayler cresce. Renno não. As brincadeiras continuam, e os rosnados também. Logo se vê que um não vive sem o outro. Renno vai para a casinha. Tayler deita na porta.
Renno vai para o portão. Tayler segue atrás.
Dividem a casa. Dividem o quintal.
Tayler é simplesmente o dobro do tamanho de Renno, mas há respeito e carinho entre eles, se Renno rosna, Tayler abaixa a cabeça respeitoso. Nunca haveria briga.
Os anos passam e a alegria continua. Renno é sempre mais sério, com a idade não aceita mais brincadeiras, já Tayler quer brincar, quer morder, mesmo assim respeita o companheiro. A seriedade deixa os dois um pouco mais afastados. Renno tenta se afastar, mas o companheiro não permite, está sempre ao seu lado, sempre o seguindo, sempre disposto a brincar, nem imagina a força que tem, mas sempre se dobra aos desejos do amigo.

Tayler

Vem a doença. Babesia. Tayler fica irritadiço. A perna traseira incha. Dói. Separar ou não os dois amigos. É melhor não. Rosna daqui, se estranha de lá. A briga nunca acontece, ficam de mau por alguns minutos e logo estão juntos de novo.
Tayler piora. Dizem que não há mais cura. Renno não rosna mais. Desconfia que há algo errado.
Mas como? É apenas um cão!
Não se sabe.
Hemorragia. As vistas de Tayler dilatam. Ele não consegue enxergar. Ninguém percebe a princípio até ouvir os latidos de Renno.
Saímos.
Tayler com a cabeça baixa não consegue voltar para a casinha. Renno ao seu lado tem expressão preocupada. Com o focinho força o amigo a levantar a cabeça. Late! Empurra o companheiro na direção correta. As pessoas, sem entender o que está acontecendo, tentam afastá-lo, dão bronca, não compreendem sua preocupação. Mas ele insiste, volta e os empurra até chegar novamente ao amigo. Late  e mais uma vez tenta fazer com que Tayler levante a cabeça.
Renno é preso, mesmo assim não se acalma, sabe que o outro precisa de sua ajuda.
Veterinário, injeções, anemia profunda. Tayler está se despedindo. Separamos os dois afinal, Tayler está com dor, irritado, não queremos briga. 
Não compreendemos bem os animais.
Tristeza ao amanhecer. Tayler partiu. E agora  o que fazer além de chorar?
Alguém acha que Renno deve se despedir. O portão é aberto. Tayler está deitado, coberto. 
Não entendemos os animais.
Renno assim que o vê começa a ganir. Se aproxima e cheira o companheiro. Com a pata, retira o cobertor que cobre o outro. Late. Arranha o amigo como que pedindo que ele se levante. Finge que quer brincar. Choramos. Tentamos afastá-lo do amigo mas ele se recusa a sair. Insiste com a pata para que o amigo venha brincar com ele. Continua a latir e a se curvar diante do outro.
Finalmente começamos a entender os animais.
Renno sofre. Quer o amigo de volta. Quer as brincadeiras, os rosnados. Aquele é o seu jeito de chorar, o seu jeito de dizer adeus. Voltamos no tempo, ele focinhando o amigo na direção da casinha. Atrapalhamos seu auxílio. Os separamos quando devíamos tê-los deixados juntos. Eram como irmãos. Agora Renno estava sozinho e sentimos nele a falta que Tayler igualmente nos faz.
Hoje nós compreendemos os animais, pena que tenha sido de uma forma tão triste.


Simone Nardi



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